"Não me apetece viver histórias medíocres,
paixões não correspondidas e pessoas água com açúcar.
Só quero na minha vida gente que
transpire adrenalina de alguma forma."
(Gabriel García Marquez)
Talvez fiques surpreso com estas linhas seguintes, pois este
não é um simples texto, mas, uma carta de amor diferente. Sem Remetente e sem destinatário, apenas, uma carta de amor.
Naquela tarde de inverno, aquele era o último
sorriso sincero em meses, talvez em muito tempo... Ali parada olhando para você
a espera de um caminho a seguir, os ouvidos tentando escutar o que aquelas
palavras traduziam em meu coração. Sem mais barulhos, sem multidões, sem chuva,
sem sol, sem distâncias, sem férias. Somente nós e a música... Como diriam os
franceses enfáticos e gestualmente falando "La
musique c'est très fantastique!!!" a música tem esse poder mágico de
transpor a barreira das palavras que precisam ser ditas. Treme, disfarça, nega,
se entrega e não se entrega. Eu ainda não acredito, digo que não é verdade e
tento disfarçar, ando e desando negando o que minha alma tenta dizer...
- Como posso ter me rendido
assim?
Há muito mais sentimentos embutidos do que simplesmente
declarações. Muita gente diz que o tempo é inimigo do amor, que as relações se
desgastam com o passar dos meses e anos. Mas seria insano argumentar que esse
tipo de pensamento pode cair por terra quando reciprocamente alimentamos nossos
sentimentos com a lenha certa para que o fogo continue a queimar?
Pois é caro estranho...
Nem todos pensam assim e por não
semearmos tão bem nossos sentimentos é que o mundo carece de tanto amor e hoje me
encontro exatamente na bifurcação da dúvida. Dúvida de quais caminhos seguir.
Caminhos?
Destino?
Ah Estranho, há dias em que tudo é tão nebuloso, sombrio que
chego a pensar que o amor comeu até os dias ainda não anunciados nas
folhinhas. Comeu os minutos de
adiantamento do meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam.
Comeu a futura grande dançarina, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra,
as futuras estantes em volta da sala. O amor comeu minha paz e minha guerra.
Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor
de cabeça, meu medo da morte. Sei que tenho culpa Estranho, me acovardei várias
vezes, esperei aquela luz tão pequena se ampliar na minha frente, mas tive medo
de ir adiante então retornei ao caminho mais fácil, mesmo sabendo que não era
feliz por inteiro, ainda faltava o essencial...
Ah estranho! Sabe o quanto foi difícil pra mim muitas vezes
desejar por fim em tudo e saber que é totalmente alucinante e sem saída? Veja
só, eu ainda estou viva e veja só como eu estou… Parece fácil estar
transcrevendo em mal traçadas linhas estranho, mas não é. A cada emoção sentida
uma lágrima rola do meu rosto.
Mas parece que hoje vejo uma pequena chama, linda e coberta
por algo tão vistoso de sentimentos, é mesmo para mim? É assim que me encontro,
desacreditada e perdida. Engraçado, mas, será que ele perceberá Caro Estranho,
que quando me acorda, tem a dose exata para me despertar para o dia, e mesmo
sem dormir ao meu lado, tem a dose certa para trazer meu sono em doses
pequenas, exatas, incessantes, que de longe não pensa em futuro, mas é a dose
certa para fazer bonito meu presente?
Será que é certo acreditar ou devo mais uma vez recolher-me
a apatia e a covardia de seguir uma vida traçada ou desejada por outros? Que
sinais devem ter para seguir adiante? Estranho, sentir-se triste é pecado? É feio? Ter certeza e
me calar é Crime?
Hoje se eu pudesse diria tantas coisas, mas só queria que
ele sentisse que é a melhor de todas as sensações que eu já experimentei na
vida. Independente de que ele fique ou se vá para bem longe... Não consigo mais escrever Caro Estranho, cada mal traçada
linha e cada palavra que brota vêm com esperanças desconfiadas e incertezas. Espero que entenda tudo que tenho a dizer, você me pergunta se eu tenho esperança ainda que mínima? Se olhar em meus olhos agora o que você diria?
Adeus.