Exupéry nos traz uma lição que volta e meia compartilhamos: "aqueles que passam não passam sozinhos: deixam um pouco de si e levam um pouco de nós". Esta premissa persegue minha "primeira pessoa" desde a gênese.
Com a família, aprendi que as diferenças podem amar-se e conviver harmonicamente, desde que entendamos que o outro existe tem autonomia.
E nós também.
Na escola, espaço de treinamento para a vida social, compreendi que os amigos são irmãos que moram em casas diferentes, e esta irmandade é construída entre uma implicância, uma borracha emprestada ou um lanche partilhado.
Crescemos, construímos uma identidade a partir de um "mosaico", formado por coisas que gostamos, experiências vivenciadas, e pessoas que passam por nosso caminho. Na adolescência, encontrei campo para a expansão da minha rebeldia.
Skate, hip-hop, amigos, goles de filosofia e poesia pareciam dizer tudo que meu coração sentia e não encontrava tradução. Veio a idade adulta e a menina rebelde não desgruda do corpo voluptuoso. Textos, reuniões, conversas e mais imersões.
Dessa maneira nunca estaremos completos, e é bom que seja assim. Caso contrário, perdemos a vontade de conviver, continuar a caminhar, e a beleza de ver o outro "enfeitado" com nossos trejeitos, palavras do nosso vocabulário, menções e lembranças depois de ver / ler /ouvir algo que faça lembrar de gente.
É gostoso e quando isso acontece, espontaneamente é claro, percebemos que deixamos no outro um pouquinho de nós.