sábado, 6 de junho de 2015

E-mail...



E-mails não são como cartas. Não posso simplesmente largá-lo ali a mesa para pensar se abro ou não, enquanto tomo uma xícara de café ou de veneno. Muito menos guardá-lo numa caixinha para ler numa madrugada em que o cheiro de saudade invade o quarto e me lembre estou só. Não posso pegar um e-mail e guardar no bolso para ler na beira da praia aonde vou todos os dias, antes para caminhar; hoje para pensar.

Não vou ler! Vou excluir. E viver a vida inteira imaginando o que ela escreveu. E nunca mais vou pensar nela, mas para o resto da vida vou me lembrar do maldito e-mail. Então, é melhor ler! Melhor pensar nela que no e-mail.

Se fosse uma carta, eu guardaria e quando estivesse bem velhinha eu leria com olhos cheios de lágrimas de saudade, lágrimas de despedida da vida, dela e da carta. Mas é um maldito e-mail. Tenho que abrir ou guarda-lo em alguma pasta e ler um dia de uma maneira não tão romântica, não em um lugar particularmente nosso...

E-mails são frios. Não tem a letra, o toque, o cheiro, a energia de uma carta. Ela podia ter escrito uma carta... Maldita tecnologia.
(Waleska Zibetti)