domingo, 15 de março de 2015

O desafio do (re)começo


Na minha humilde opinião, o mais difícil não é começar, e sim o recomeçar. A sensação de criar algo novo, a partir do que já existe (ou sobrou de) assusta e apavora, contudo não intimida. É preciso um desprendimento sobrenatural para refazer, balizar, avaliar as tais perdas e danos, e pensar se é mais proveitoso desfazer-se e buscar algo novo ou recuperar o que ainda persiste.
Se o "velho" não tivesse importância, não existiriam restauradores que, meticulosamente, detêm-se ao menor detalhe de uma obra de arte ou peça histórica. E o que seria da Memória? Certamente não existiria.
Se o que é imaterial (sentimentos, paixões, pensamentos e tudo que é produzido pela mente) não tivesse valor, os poetas, compositores, que tanto se alimentam e fazem de tudo isto matéria-prima, viveriam no ostracismo e relegados à loucura de uma existência volúvel, num mundo eminentemente material.
E assim vamos pela vida. Seguindo nesta missão ora conferida pela Vida: apagar o ponto final, aplicar uma pausa e dar o primeiro passo. Como diria Chico Science : "Um passo à frente e você não está mais no mesmo lugar". Ou como diz o Poeta cantador Siba : "Toda vez que eu dou um passo, o mundo sai do lugar".
E desce mais uma.