sexta-feira, 14 de março de 2014

Resposta a todos as postagens anteriores

Há um certo prazer na espera. Depois de tudo alcançado, percebemos como era bom deliciarmo-nos naquele sentimento de busca e esperança. É isso que move muitas pessoas. Um ciclo de esperança, conquista, busca e sucesso. Portanto, sem mais demagogia, eis a minha primeira postagem no Clube de Leitura Virtual.

Gabriella postou um trecho do livro descrevendo a insatisfação e melancolia da personagem após o primeiro ano de casamento. Inicialmente, é interessante entendermos o que é casamento.

A palavra casamento é derivada de "casa", enquanto que matrimonio tem origem no radical mater ("mãe") seguindo o mesmo modelo lexical de "patrimônio". Também pode ser do latim medieval "casamentu": Ato solene de união entre duas pessoas, capazes e habilitadas, com legitimação religiosa e/ou civil. - Fonte: Wikipedia.

No Egito Antigo, o casamento "era um ato do foro privado, a concretização do desejo de viver em conjunto, sem qualquer tipo de enquadramento jurídico e sem necessidade de sanção religiosa." Na Grécia Antiga, "era geralmente monogâmico, constituindo um assunto do foro privado, sem intervenção da pólis." "casamento na Roma Antiga era uma das principais instituições da sociedade romana e tinha como principal objetivo gerar filhos legítimos, que herdariam a propriedade e o estatuto dos pais. Entre as classes mais prestigiadas, servia também para selar alianças de natureza política ou econômica."

Cada um escolhe a sua doutrina.

Julie se casou e fez várias outras escolhas precipitadamente. Agiu de forma emocional. Criou expectativas em demasia, frustrou-se e tornou-se infeliz. Em outras palavras, ela não foi diferente de nenhuma outra mulher dos dias atuais, ela foi jovem e inocente, encantou-se pelo coronel, bem descrito pelo pai de Julie aqui: 

"(...)sua alegria é sem espírito, alegria de caserna, não tem talento e é perdulário. É um desses homens que o céu criou para comer e digerir quatro refeições por dia, dormir, amar a primeira que lhe aparece e bater-se. Não compreende a vida."

E, por que será que ela quis se casar com ele? 
A mulher de trinta, não vislumbra somente as elegâncias e cortejos meramente aparentes no seu "objeto de desejo". Ela quer além. Ela sabe o que quer. "Sabe rir das situações embaraçosas, não cede, escolhe. Experiente, dá mais do que ela mesma. A jovem desonra-se sozinha, enquanto a mulher de trinta nunca perde a honra."

Mas, todas essas qualidades e prodígios da mulher de trinta vêm num estalar de dedos? Apertamos um botão e a independência surge junto com a determinação em ser feliz?

Fatos sobre uma mulher de trinta (e poucos)
Essa mulher de trinta (e poucos) que vos escreve, casou-se aos vinte e poucos, deslumbrada pela oportunidade de sair da casa dos pais e ter sua vida banhada de escolhas próprias e pelo entusiasmo de ser ela mesma, de ser feliz. Pois assim, ele a fazia acreditar. E ela acreditou, por que não?
E, um tempo depois, assim como a personagem de Balzac, ela estava desiludida, frustrada, infeliz e completamente sem perspectivas.
Sim, todas nós idealizamos a imagem do casamento e toda sua glória. A vida perfeita que teremos em seguida, o amor e compreensão do cônjuge, principalmente sua cooperação (grandes expectativas). Então, um belo dia, ela também apaixonou-se por outra pessoa, descobriu que o amor era possível e que poderia ser feliz fazendo o que tinha vontade, seguindo seu coração.

A maneira como abdicamos das vontades de nosso espírito para realizar corretamente nossas obrigações perante a sociedade e assim, "manter as aparências", me fez reviver essa história em minha mente, agora que tenho mais de trinta.
Como eu poderia saber de tudo o que sei hoje, se não tivesse experimentado o casamento, a desilusão, a traição, o arrependimento, a dor e por fim, o verdadeiro amor?
A mulher de trinta é moldada pelas intemperanças em suas precipitações quando ainda é tenra sua idade.
Como ela pode ser tudo o que Balzac descreve se não há o experimento por trás disso?

Ela então, experimentou o período de solitude. Mergulhou fundo na autodescoberta e assumiu a posição de uma mulher de trinta. (Mais detalhes virão, certamente, nas próximas postagens.)

Para muitos, o casamento é uma instituição. O que é uma grande besteira. Casamento é uma invenção humana. Uma expectativa para muitas mulheres que sonham desde muito novas e entendem isso como o caminho social mais aceitável para elas mesmas. Essa ideia é enastrada no inconsciente de todas nós através de mídia, família e etc.
O grande problema é que essas mesmas mulheres esquecem de se perguntar o que elas querem, o que é importante para elas, sem interferência da sociedade ignorante e inevitavelmente cega.
Por isso, descobri que ser feliz é possível com ou sem alguém. Foi então, que me apaixonei mais uma vez e vivemos um "casamento" feliz. 
Mas, no meu dicionário casamento tem outro significado: é estar com quem cuida de você e você cuida de volta. É difícil, mas é extremamente simples.
O truque é abrir os olhos,  olhar para o lado oposto quando todos dizem para olhar para lado deles. Não criar expectativas, tudo o que vier é lucro, inclusive o que "não for tão bom assim". Acredite, você aprende bastante assim.
E, depois de toda essa experiência, baseado em tudo o que viu, sentiu e ouviu, você consiga tomar as próprias decisões e construir um caminho cheio de aventura e, principalmente, felicidade.



Resposta para o Post: Casamento, prostituição legal?


Ih! Parece que a nossa Gabi está brava, não é? Calma, Gabi! Senta aí e vamos conversar.

Primeiro vamos falar do tal “amor romântico”. Bom, ele existe sim. Ele só não é essa coisa cheia de rendas, cetins e rapapés dos romances, filmes e novelas. Ele existe com remendos, muitas vezes. Sem frases estilosas na maioria dos momentos. O “amor romântico” é a vitória de uma luta diária da convivência com o outro o suportando em suas fraquezas, defeitos, medos... É um exercício de paciência, de doação de si. Amar é mais que andar por aí de olhinhos brilhantes e sorrisos. Amar é crescer e amadurecer do lado do outro em todos os sentidos. Amar é, muitas vezes, superar-se.

Então não passe sua vida idealizando uma praia paradisíaca onde você e seu amor, correrão ao som de “Love Story” para os braços um do outro todas as manhãs. Isso não existe! Haverá dias de chuva onde uma Gabi encharcada e estressada esperará debaixo de uma marquise um Sr. X atrasado, que ao chegar terá uma desculpa boba que vai lhe irritar, mas que você deixará passar porque no final de tudo, ele chegou e isso é o que importa.

O segundo ponto é a questão filhos. Não confunda casamento com filhos. Nem toda mulher nasceu para ser mãe. Nem todo homem nasceu para ser pai. Ser mãe e pai é um estado de alma. Eu já fiz grandes Ms na minha vida, mas ser mãe foi e é a única coisa que faço com a certeza de fazer bem. 

Existem casais extremamente estruturados criando filhos complexados, mimados, largados... Criar e educar uma criança não está associado a dinheiro ou a uma aliança, e sim a valores morais e emocionais que devem ser transmitidos a essa criança. 



Amor de filho é o único amor que, com toda certeza durará para sempre. E é um amor tão grande que não há léxico suficiente para descrevê-lo. E esse amor não nasce só com da consangüinidade. Ele nasce de alguma força mágica que se desenvolve quando ouvimos pela primeira vez a palavra “mãe”. 


Tua prima, minha cara, é uma parideira. É diferente de ser mãe. Não use esse ser como referência. Parideiras estão aos montes por aí esperando a bolsa-família, bolsa-escola, bolsa-miséria... Sei lá mais que bolsa é dada a essas tralhas sociais! Mulheres como essas não são mães.


Casamentos destruídos? Ah, esses têm por aí a rodo. Mas quando se separam devem ser parabenizados. Porque é preciso muita coragem para se tomar a decisão do divórcio. Não é fácil como parece. A prova disso é a quantidade de casais que vivem um casamento de conveniência, desrespeitando o que um dia foi amor e carinho, em camas de motéis com amantes. Isso é ruim! 

Agora uma coisa eu tenho que concordar com seus amigos: pensar demais não ajuda. O que é melhor:


1- Saber que tentamos mesmo não tendo dado certo; ou
2- Passar uma vida de aparente segurança mas pensando em como seria se tivéssemos tentado?

“Mentir para si mesmo é sempre a pior mentira”, cantou Renato Russo. E é uma verdade! Eu, como já disse fiz grandes Ms na minha vida, mas não me arrependo de nenhuma delas porque pelo menos eu tentei. Nunca me menti não vivenciando meus desejos só para não sofrer, ou para que a sociedade se agradasse de mim, ou para ser boa filha... Sempre me entreguei aos meus sonhos e oportunidades. Se sofri? Sofri, mas faria tudo de novo. Porque os erros também me fizeram ser o que sou hoje. 

Acertar e errar, meu anjo Gabriella, é viver. É parte do aprendizado. Só não pode não viver pelo medo de sofrer, de chorar, de errar... O que não pode é não amar por medo do amor. Pense nisso.


Até o próximo!

Waleska Zibetti