sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Por Aquilo que me Cativa!

"As pessoas têm estrelas que não são as mesmas. Para uns, que viajam, as estrelas são guias. Para outros, elas não passam de pequenas luzes. Para outros, os sábios, são problemas. Para o meu negociante, eram ouro. Mas todas essas estrelas se calam. Tu porém, terás estrelas como ninguém... Quero dizer: quando olhares o céu de noite, (porque habitarei uma delas e estarei rindo), então será como se todas as estrelas te rissem! E tu terás estrelas que sabem sorrir! Assim, tu te sentirás contente por me teres conhecido. Tu serás sempre meu amigo (basta olhar para o céu e estarei lá). Terás vontade de rir comigo. E abrirá, às vezes, a janela à toa, por gosto... e teus amigos ficarão espantados de ouvir-te rir olhando o céu. Sim, as estrelas, elas sempre me fazem rir!"

(Le Petit Prince - Antoine de Saint-Exupery)



E pegando carona nesse fim de semana do Dia das Crianças resolvi revisitar umas lembranças literárias!E talvez a melhor delas seja em desenho seja em livro é essa magnífica obra prima de Exupéry O Pequeno Príncipe (Le Petit Prince , 1943).E para muitos era difícil imaginar que um livro assim pudesse ter sido escrito por um homem como ele em um período tão tenebroso para o mundo inteiro (Segunda Guerra mundial 1939-1945).

Hoje pergunto a você adulto, de cabeça pronta, bem sucedido e bem resolvido se a sua criança de ontem teria orgulho do que você é hoje! Quem teria coragem de me responder tal pergunta?

Pois é talvez o esquecimento da criança que nós fomos um dia nos tornou adultos incapazes de compreender os pequeninos. Pegando esse gancho, o autor se transforma em narrador das aventuras desse menininho que descobre o mundo fora da sua luazinha.

O principezinho havia deixado seu pequeno planeta, onde vivia apenas com uma rosa vaidosa e orgulhosa e em suas andanças pela Galáxia, conheceu uma série de personagens inusitados – talvez não tão inusitados para as crianças!


"Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que fez tua rosa tão importante."

Imagine-se após um acidente aéreo sozinho em pleno deserto por dias... 
Com um passado misterioso esse mesmo homem solitário (imaginário) encontra um menino também perdido em meio às areias escaldantes.
No entanto, o calor, a sede, a fome e todas as demais agruras humanas não parecem afligir o jovenzinho. Ignorando a anormalidade da situação os dois começam a conversar e o pequeno príncipe revela que, na verdade, vinha de um planeta muito pequenino e muito distante do nosso, em busca de aventuras e amizades.

" Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"


Não difere muito do que nós fazemos conosco em nossa vida: estamos sempre a procura do porque na vida, em busca de amigos, de crescimento, de dinheiro e esquecemos dos nosso valores principais de menino. Hoje muitas pessoas não entendem o alarde do livro e em torno dessa história mas, se você revisitar sua memória da mais tenra idade verá quanta coisa fez sentido.


“Eis o meu segredo. É muito simples: só se vê bem com o coração.
O essencial é invisível aos olhos.”


Hoje eu poderia afirmar que o homem jamais encontrou de fato um "pequeno príncipe" e o deserto em questão era seu próprio coração.
O adulto perdido em si encontrou simbolicamente sua criança interior para lidar com problemas que o tornavam um homem solitário e perdido, que não permitia que as pessoas ao seu redor se aproximassem dele sentimentalmente.
Com sua criança interior ele aprende a se deixar cativar pelas coisas simples, a se deixar tocar pelas coisas belas da vida olhando para o que realmente importa: o que vive nos detalhes de cada um de nós e nos detalhes do outro. E principalmente a presentear aqueles que você diz amar com o mais precioso tesouro que você pode dar a alguém: seu tempo e seus sentimentos.


“Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde,
desde às três eu começarei a ser feliz!”

Para mim todas as vezes que senti e sinto o vento das mudanças na minha vida, seja elas uma mudança de comportamento, seja uma data como essa que se aproxima ou até mesmo as experiências ruins vejo que me fecho no mundinho que é meu. Mas e o que eu perdi com tudo isso, a oportunidade de ser feliz no dia de hoje.
Esse livro é recheado de pequenas lições e muita vida através das ilustrações se eu fosse contar mais um pouco vou acabar desmotivando a leitura de vocês, portanto, LEIAAAAM e desfrutem dessa pequena jóia.
E é melhor que cada um se deixe tocar e enxergar seus pequenos príncipes e princesas.

- Só as crianças sabem o que procuram, disse o principezinho. Perdem tempo com uma boneca de pano, e a boneca se torna muito importante, e choram quando a gente toma...
- Elas são felizes... disse o guarda-chaves.



Au Revoir ma Chérs 
Até o próximo texto!

Bonne journée des enfants ;)

Escolhas de uma vida

A certa altura do filme Crimes e Pecados, o personagem interpretado por Woody Allen diz: "Nós somos a soma das nossas decisões".
Essa frase acomodou-se na minha massa cinzenta e de lá nunca mais saiu. Compartilho do ceticismo de Allen: a gente é o que a gente escolhe ser, o destino pouco tem a ver com isso.
Desde pequenos aprendemos que, ao fazer uma opção, estamos descartando outra, e de opção em opção vamos tecendo essa teia que se convencionou chamar "minha vida". Não é tarefa fácil. No momento em que se escolhe ser médico, se está abrindo mão de ser piloto de avião. Ao optar pela vida de atriz, será quase impossível conciliar com a arquitetura.
No amor, a mesma coisa: namora-se um, outro, e mais outro, num excitante vaivém de romances. Até que chega um momento em que é preciso decidir entre passar o resto da vida sem compromisso formal com alguém, apenas vivenciando amores e deixando-os ir embora quando se findam, ou casar, e através do casamento fundar uma microempresa, com direito a casa própria, orçamento doméstico e responsabilidades.
As duas opções têm seus prós e contras: viver sem laços e viver com laços...
Escolha: beber até cair ou virar vegetariano e budista? Todas as alternativas são válidas, mas há um preço a pagar por elas.

Quem dera pudéssemos ser uma pessoa diferente a cada 6 meses, ser casados de segunda a sexta e solteiros nos finais de semana, ter filhos quando se está bem-disposto e não tê-los quando se está cansado. Por isso é tão importante o auto conhecimento. Por isso é necessário ler muito, ouvir os outros, estagiar em várias tribos, prestar atenção ao que acontece em volta e não cultivar preconceitos. Nossas escolhas não podem ser apenas intuitivas, elas têm que refletir o que a gente é. Lógico que se deve reavaliar decisões e trocar de caminho: Ninguém é o mesmo para sempre.

Mas que essas mudanças de rota venham para acrescentar, e não para anular a vivência do caminho anteriormente percorrido. A estrada é longa e o tempo é curto.

Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as consequências destas ações.

Lembrem-se: suas escolhas têm 50% de chance de darem certo, mas também 50% de chance de darem errado.
A escolha é sua...
 
Pedro Bial
 
Até o próximo texto
Au Revoir