terça-feira, 11 de agosto de 2015

A Normal Anormalidade das Coisas



Dera agora para manter-se silenciosa
numa postura de despedida
         macambúzia 
         retraída
Olha o mar tão distraída
que nem parece gente
é gota desprendida
Espera o verão despontar 
          no horizonte
          a linha onde
o vento e o arrependimento
lhe mexe a sais e as ideias
As ondas no vai e vem
e ela perde a conta
       dos erros
       dos medos
       que a vida tem
Deu agora para se manter distante
      fala em Deus
      e visita o diabo
Complexo entre o santo e maldito
       paradoxa
       ambígua 
       poliforme
Perdida no canto de si
       está triste
       está só 
       está louca
Diante do mar tão saudosa
        De quem?
        De que?
        Por que?
Por certo de vida
do caos dela
de dentro dela
onde ela não encaixa 
e se debate
na pedra do mar
onde ela se distancia 
na paisagem
como gota solta
num abraço de adeus.
(Waleska Zibetti, in "A Normal Anormalidade das Coisas")