quinta-feira, 30 de abril de 2015

O Fabuloso destino de Amelie Poulain


Toda a narrativa é permeada por uma lógica do absurdo. Absurdo que serve nunca para causar estranhamento, pensamento crítico, mas apenas para entreter o espectador com nonsenses inócuos. A história da menina tímida que vive isolada pelos pais é salpicada de pequenas imagens que buscam apenas um desenfreado esvaziamento dos sentimentos. Alienado da vida cotidiana, o filme se mostra como a tentativa (infelizmente, alcançada) de transformar todos os eventos em uma ferramenta narrativa para fazer rir, para fazer gracinhas de forma açucarada. Uma espécie de Poliana pós-moderna, a menina tem uma grande bondade no coração e resolve se dedicar à ajudar os outros em suas vidas, nas dificuldades alheias que ela identifica.
Sinopse: Após deixar a vida de subúrbio que levava com a família, a inocente Amélie muda-se para o bairro parisiense de Montmartre, onde começa a trabalhar como garçonete. Certo dia encontra uma caixa escondida no banheiro de sua casa e, pensando que pertencesse ao antigo morador, decide procurá-lo ­ e é assim que encontra Dominique (Maurice Bénichou). Ao ver que ele chora de alegria ao reaver o seu objeto, a moça fica impressionada e adquire uma nova visão do mundo. Então, a partir de pequenos gestos, ela passa a ajudar as pessoas que a rodeiam, vendo nisto um novo sentido para sua existência. Contudo, ainda sente falta de um grande amor.
É preciso sempre acreditar e se dar a chance de viver um novo, e quem sabe, verdadeiro amor.
 
Opinião: Aquele amor dos nossos avós...
Hoje em dia é raridade encontrar isso, pois as pessoas aprenderam a substituir as coisas quebradas, as relações frustadas por outras, assim sem ao menos parar e tentar consertar, acertar os erros e tentar novamente. 

Quando percebemos que há uma total indiferença pela Persona de quem se vê – o que vale é sua aparência física, a queda absurda, hilária... Filmes como A Poulain contribuem para que a imagem do cinema cada vez mais perca sua força, criando espectadores totalmente anestesiados. Todo o sofrimento sofrido pelas personagens são motivo de ironia rala que vende as boas intenções e o olhar cool descolado com que Amélie observa o mundo – fazendo o mundo, manipulando-o como bem quer. A aura de boa menina de Amélie é extrapolada em todas as cenas e defendida pela narrativa: seus atos bondosos têm bons resultados!
Os pequenos prazeres diários. Talvez a vida seja composta 20% de grandes momentos e 80% de rotina. As grandes viagens, os aumentos de salário, os nascimentos de filhos e os dias de casamento são o tempero da existência – o refrigerante de domingo numa vida de arroz e feijão. Mas arroz com feijão não pode ser bom?
Sempre achei que as pessoas que viviam mais tempo eram as que cultivavam pequenos prazeres nos jardins de suas vidas. Pessoas que envelheciam sem que sua única diversão fosse a televisão ou as visitas de sua família.
Acho que essa filosofia do prazer no cotidiano nos permite uma existência feliz mesmo que não tenhamos condições de vivenciar o fantástico. Podemos, como ensina a teoria do flow de Mihaly, procura criar o fantástico dentro de nós e das atividades que amamos.

Trailer:
 
 
E aí, pronto para criar um pequeno espaço para a felicidade na sua vida?
Assistam e me contem depois!
Até o próximo texto
Au Revoir