Tenho uma intimidade tão grande com ela que tenho a sensação de vê-la no espelho quando eu é quem deveria estar ali. Sinto que as vezes, ela me conduz a uma determinada página ou verso, só para falar-me de minhas preocupações. Sinto que Clarice me acolhe com carinho materno em seus verso. E encantadoramente divide comigo um pouco da sua solidão, dos seus medos, das suas dores e eu vou reencontrando o meu próprio rumo nesses sentimentos complexos dela.
Clarice me clareia... Se abre para mim como uma clareira luminosa de pensamentos densos e eu mergulho dentro dos mistérios daquela alma e encontro a minha paz. Porque Clarice me adivinha em meus desesperos, em meus conflitos e a receita para que tudo passe está sempre tão fácil e ao alcance de minhas mãos ao ler Clarice.
Ah, se eu pudesse só por um minuto olhar os olhos dessa poetisa e pedir-lhe perdão por ousar escrever versos repensando nela, por ousar tentar me aproximar um pouco da qualidade poética dela; não hesitaria em fazê-lo. Pedir-lhe perdão e jurar-lhe amor. Clarice é para mim um farol dentro do meu caminhar literário. Doce, densa, amarga, ferina, linda, enigmática, pragmática, maravilhosa Clarice; quem me dera num momento de delírio, eu pudesse ser você.