quarta-feira, 19 de novembro de 2014

A Ti Clarice

Algumas mulheres me falam tão profundamente que chego a quase ter uma relação lésbica com elas. Mulheres como Simone de Beauvoir, Greta Garbo, Etta Jones, Frida Kahlo, Virginia Woolf, Bibi Ferreira, Camille Claudel, Marlene Dietrich, Maysa... Entre outras tantas. Mas nenhuma me fala tão intimamente como Clarice Lispector.  


Tenho uma intimidade tão grande com ela que tenho a sensação de vê-la no espelho quando eu é quem deveria estar ali. Sinto que as vezes, ela me conduz a uma determinada página ou verso, só para falar-me de minhas preocupações. Sinto que Clarice me acolhe com carinho materno em seus verso. E encantadoramente divide comigo um pouco da sua solidão, dos seus medos, das suas dores e eu vou reencontrando o meu próprio rumo nesses sentimentos complexos dela. 


Clarice me clareia... Se abre para mim como uma clareira luminosa de pensamentos densos e eu mergulho dentro dos mistérios daquela alma e encontro a minha paz. Porque Clarice me adivinha em meus desesperos, em meus conflitos e a receita para que tudo passe está sempre tão fácil e ao alcance de minhas mãos ao ler Clarice. 



Ah, se eu pudesse só por um minuto olhar os olhos dessa poetisa e pedir-lhe perdão por ousar escrever versos repensando nela, por ousar tentar me aproximar um pouco da qualidade poética dela; não hesitaria em fazê-lo. Pedir-lhe perdão e jurar-lhe amor. Clarice é para mim um farol dentro do meu caminhar literário. Doce, densa, amarga, ferina, linda, enigmática, pragmática, maravilhosa Clarice; quem me dera num momento de delírio, eu pudesse ser você.