sábado, 5 de setembro de 2015

Os Miseráveis - Parte 4 (As Barricadas)



As Barricadas

O segundo ato começa com Éponine andando pelas ruas de Paris, pensando sobre sua situação com Marius. Decreta-se sozinha com a ária “On My Own”. Depois da canção ela decide ir juntar-se a Marius na barricada.
Enquanto isso na Barricada, os estudantes são ameaçados pela guarda que já aparece, mas Enjolras encoraja seus amigos e eles aceitam o desafio. Um dos soldados avisa e os aconselha a desistir, pois estão sós. You at the barricades, listen to this! No one is coming to help you to fight! You’re on your own! You have no friends! Give up your guns or die! (Vocês nas barricadas ouçam isso! Ninguém está vindo para ajudá-los na luta! Vocês estão por sua conta! Vocês não têm amigos! Larguem as armas ou morram!). Enjolras devolve com uma resposta digna de um revolucionário. Damn their warnings, damn their lies! They will see the people rise! (Danem-se seus avisos, danem-se suas mentiras! Eles verão o povo se erguer).

Javert finge ser uma pessoa do povo que se voluntariou para ajudar na luta. Infiltra-se bem e diz que há muitos guardas e que o perigo é real. Diz que os inimigos deixarão que eles sintam fome e desistam. Então chega o pequeno Gavroche e acaba com o plano de Javert, denunciando-o. Liar! Good evening, dear Inspector. Lovely evening, my dear. I know this man, my friends, his name’s Inspector Javert. (Mentiroso! Boa noite, querido Inspetor. Linda noite, meu caro. Eu conheço esse homem, meus amigos, seu nome é Inspetor Javert). Javert é preso e fica para o povo decidir o que será feito com ele.

Pequena nota sobre este momento: Javert possui uma “música tema” no momento em que prende Fantine e em algumas outras partes também. Quando ele é preso pelos estudantes essa música retorna contra ele.

Éponine chega à Barricada, mas é gravemente atingida pela guarda. Enquanto morre aos braços de Marius canta “Little Fall of Rain”. Enjolras, para consolar Marius, diz que a morte dela não será em vão.

Valjean se candidata a ser voluntário para a guerra, mas vai vestido com o uniforme da guarda e não é muito bem recebido. Em determinado momento eles mostram a Valjean o que aconteceu com Javert, que estava preso e os dois se assustam. Enjolras deixa que Valjean ajude, mas o adverte: se os atacasse pelas costas ele seria morto.

O Governo faz o primeiro ataque. Valjean é de grande ajuda a eles. Enjolras diz que só o poderá agradecer quando a guerra tiver sido ganha, mas Valjean só pede uma coisa, que ele cuide de Javert. Enjolras permite que ele faça isso.  

Javert espera seu fim, mas Valjean não o executa. Javert o avisa de que ele sempre será um bandido e que continuará o perseguindo, que é melhor para Valjean que o mate, pois Javert acredita que Valjean queira um acordo com ele. Mas Valjean mostra ao antigo policial que ele está errado. You are wrong, and alway have been wrong. I am a man no worse than any man. You are free and there are no conditions, no bargains or petitions. There’s nothing that I blame you for. You’ve done your duty, nothing more (Você está errado, e sempre esteve errado. Eu sou um homem não pior que nenhum outro. Você está livre e não há condições, nenhuma barganha nem petição. Não o culpo por nada. Você cumpriu seu dever, nada mais).  Em seguida Valjean entrega seu endereço e “convida” Javert a ir dá-lhe a lição que merece. If I come out of this alive you will find me at No. 55 Rue Plumet. No doubt our paths will cross again. (Se eu sair disto vivo você me encontrará no número 55 Rua Plumet. Sem dúvida nossos passos se cruzarão de novo). Javert vai embora derrotado.

A noite cai na barricada e os amigos cantam sobre o que está acontecendo e sobre sua amizade, ao tema “Drink With Me”. Um dos momentos mais marcantes dessa canção: Drink with me to days gone by. Can it be you fear to die? Will the world remember you when you fall? Could it be your death means nothing at all? Is your life just one more lie? (Beba comigo pelos dias que passaram. É possível que você tema a morte? O mundo lembrará de você quando morreres? Será que sua morte não signifique nada? Sua vida não é somente mais uma mentira?). Depois todos os revolucionários cantam juntos: Drink with me to days gone by, to the life that used to be, at shrine of friendship never say die. Let the wine of friendship never run dry. Here’s to you and here’s to me. (Beba comigo pelos dias que passaram, pela vida que costumava ser, no santuário da amizade que nunca supõe morrer. Não deixe o vinho da amizade derramar. Aqui para você e aqui para mim). Enquanto isso Marius pensa em Cosette.

Quando todos estão dormindo Valjean reza por Marius em um dos momentos mais bonitos da peça. A oração recebe o nome de “Bring Him Home”. Valjean pede que Marius saia com vida daquela situação. Após o texto colocarei o vídeo da música, pois não tem como explicá-la por aqui.

Chega manhã e os soldados da guarda logo avisam: You at the barricades, listen to this. The people of Paris sleeps in their beds. You have no chance, no chance at all. Why throw your lives away? (Vocês na barricada ouçam isso. O povo de Paris está dormindo em suas camas. Vocês não tem chance nenhuma. Por que desperdiçar suas vidas?). Enjolras e seus companheiros respondem com toda sua honra. Let us die facing our foe. Make them bleed while we can! Make the pay through the nose! Make them pay for every man! Let others rise to take our place until the Earth is free! (Deixem-nos morrer encarando nosso inimigo. Fazê-los sangrar enquanto pudermos. Fazê-los pagar pelo nariz! Fazê-los pagar por todos os homens! Deixem outros tomarem nossos lugares até que a Terra esteja livre). 

Ocorre mais um ataque. Mas dessa vez a Guarda ganha. Matam todos (incluindo o pequeno Gavroche)... Ou quase todos. Enjolras foi um grande líder, que serviu para seus aliados e lutou por suas ideias, por isso deixarei aqui as palavras de sua revolução:

Red the blood of angry man, Black the dark of ages past, Red a world about to dawn, Black the night that ends at last. (Vermelho o sangue o homem bravo, Preto a escuridão das eras passadas, Vermelho um mundo prestes a amanhecer, Preto a noite que finalmente acaba).

Homenagem Aos Poetas Franceses - Arthur Rimbaud

2- Jean-Nicolas Arthur Rimbaud considerado um dos precursores da poesia moderna. É um poeta bastante atípico; produziu toda sua obra – que influenciaria a literatura, música e tantas outras artes – na adolescência. Aos 20 anos já havia abandonado a escrita. 

O Barco Ébrio [Trecho]


Como descesse ao léu nos Rios impassíveis,
Não me sentia mais atado aos sirgadores;
Tomaram-nos por alvo os Índios irascíveis,
Depois de atá-los nus em postes multicores.
Estava indiferente às minhas equipagens,
Fossem trigo flamengo ou algodão inglês.
Quando morreu com a gente a grita dos selvagens,
Pelos Rios segui, liberto desta vez.
No iroso marulhar dessa maré revolta,
Eu, que mais lerdo fui que o cérebro de infantes,
Corria agora! e nem Penínsulas à solta
Sofreram convulsões que fossem mais triunfantes.
A borrasca abençoou minhas manhãs marítimas.
Como uma rolha andei das vagas nos lençóis
Que dizem transportar eternamente as vítimas,
Dez noites sem lembrar o olho mau dos faróis!

Mais doce que ao menino os frutos não maduros,
A água verde estranhou-se em meu madeiro, e então
De azuis manchas de vinho e vômitos escuros
Lavou-me, dispersando a fateixa e o timão.