terça-feira, 29 de abril de 2014

Para Cada Tempo Uma Viagem



Você vai ser sempre bem vinda
para ficar um tempo,
ou para sempre se quiser.
 (David Nicholls, in “Um Dia...”)

Gabriella, minha linda, nada que envolva viver é fácil de classificar como isso ou aquilo. E cada um se protege da maneira que dá. Uns mergulham de cabeça em serviço, em estudo, em  relações perigosas, em poesias... Cada um tem seu modo de lidar com as dores e perdas, risos e sucessos. E ninguém deve ser condenado por isso.

Eu tenho medo de esperar uma vida toda por alguém que idealizei. Então, vou experimentando pessoas. [Gargalhada] Não caia da cadeira! Não estou pregando promiscuidade. A promiscuidade é burra, sem qualidade e fria. Estou falando de correr o risco de ser feliz, mesmo que por alguns dias. Acho chato essa coisa de pensar que será “para sempre”, sabe? Já fui assim e não foi “para sempre”. Quer dizer, foi. Mas não esse para sempre de cabeça branquinha dividindo copo de dentadura. [Agora estou em crise de riso visualizando a cena] Foi o “para sempre” de Vinicius, aquele do “enquanto dure”. Durou... E acabou para começar o “Era uma vez” de novo.

Uma vez escutei alguém dizer que as pessoas só fazem conosco o que permitimos que elas façam. Se você se permite parar na vida por alguém é porque quer. E pensando dessa maneira é que não me queixo da minha dedicação ao meu ex-marido. Fiz o que tinha que fazer. Só não faço de novo porque hoje sou outra mulher. Tenho uma visão mais ampla do mundo que a menina patética que casou naquela época. É isso! Eu era uma menina, hoje sou mulher.

Infelizmente, Gabi, algumas mulheres não querem crescer. Envelhecem, mas se mantém Cinderelas a janela sem notar que o sapato de cristal está rachado e não cola mais. Eu não quero mais ser Cinderela! Eu gosto de ser loba má porque me divirto muito com caçadas e posso alternar a presa entre um bonezinho vermelho e um vovô. [Hahahaha...] Experimentar gente é experimentar vida. Experimentar vida é me experimentar. Me experimentar é sempre prazeroso.

A vida tem prazeres para quem não se esconde em alegorias de uma vida perfeita. Todo casal peida a noite, sabia? Ninguém dorme a noite toda de mão dada e conchinha. Ninguém dorme a vida inteira em trajes sensuais.  Então, eu opto hoje por não ouvir ou sentir o peido de ninguém. E ter quatro travesseiros na minha cama que sempre estão dispostos a sentir minha perna por cima dele e meus braços a apertá-los. E a melhor coisa do mundo é dormir nua ou de camisola larga e furada. Quando quero uma noite diferente ligo para aqueles números especiais da agenda. Me preparo para uma noite de degustação.

Aí você virá com o papo de afeto, amor, carinho... Quem disse que não tenho? Quem disse que eles não têm por mim? Temos! Eu os respeito e eles a mim. Por isso alguns estão na minha agenda por anos. Eu sei da vida deles e eles da minha. Somos amigos antes de amantes. Conversamos por e-mail, Facebook, Whatsapp, Celular... O que não temos é o compromisso que cansa, que vira rotina, que aprisiona. Eu sou um pássaro que viveu vinte e um anos na gaiola. Hoje eu quero voar! E voar cada vez mais alto.  Quero ser águia!

Talvez eu sinta necessidade de ter um pouso certo novamente. E dividir copo de dentadura. Mas isso, já uma outra viagem, outra história, para um outro tempo, para uma Waleska que ainda não chegou.


Beijinhos!!! 

segunda-feira, 28 de abril de 2014

A ESPERA DO DESENCONTRO



Por Gabriella Gilmore

Chega uma parte da nossa vida que a gente volta ao passado em busca do amor platônico. Alguns apenas relembram com carinho os bons momentos vividos, outros preferem não aprofundar nas lembranças porque pode desenterrar alguma ilusão, enquanto outros preferem esperar pelo desencontro.
Emma esperou pelo amor da sua vida por muitos anos, mesmo vivendo outros relacionamentos. Às vezes a gente pára tudo só porque perdemos alguém que jurávamos termos amado unicamente e exclusivamente, porém a única certeza que temos é sobre o dia de hoje, pois o amanhã sempre nos reserva surpresas. Quando o nosso parceiro está guardado para nós, mesmo em algum tempo que não seja o agora, não adianta parar tudo e esperar que passemos a fita adiante em modo “FF”, porque nada te impede de esperar pelo desencontro a-com-pa-nha-da.

Mas seria justo a gente esperar aquela pessoa que amamos de longe, enquanto ela está lá fora se divertindo? O nosso tempo é diferente do tempo do outro, tenho aprendido isso lentamente. Mas obviamente cada pessoa funciona de uma maneira, e a questão é a seguinte: não esperar muito das pessoas e nem da ocasião. Como vive pregando a irmã Wal, viva! Viva mesmo!

sábado, 26 de abril de 2014

Viver: Uma Estrada Sem Fim



Era hora de dar um sentido à vida.
Hora de começar de novo.
(David Nicholls, in “Um dia”)

Há de aprender com a vida aquele que descobre que ela vai além dos limites que os olhos alcançam. Há vida acontecendo nos micro-cantos do jardim nesse instante em que meus pensamentos se esbarram uns nos outros no desespero de sair sem ficarem esquecidos em mim.

O livro da vida foi escrito em várias línguas e poucos homens conseguirão ler. Não há faculdade no mundo capaz de fazer o homem mensurar a dimensão desse livro de capa velha escrita em páginas a partir dos sonhos de uma energia boa que convencionalmente eu chamo de Deus.

Há de aprender a viver aqueles que se deixarem ampliar através de suas dores, de seus amores, dos cheiros que o vento trás... Porque a vida está além do que as mãos tocam. A vida está no olhar. E é ele que precisa alcançar a essência no olhar do outro. É do encontro das duas essências que nasce o tal amor que as pessoas procuram tanto em curvas e perfeições.

Para viver é preciso espalhar-se pela vida como hibisco. Sempre que possível pontuando-a com flores e perfumes. Para viver é preciso não ter medo de ser tocado e é preciso correr o risco da lágrima ou do riso. Porque viver é atravessar dias de felicidade e noites de angústia sem perder a fé no caminho.

Permitir a si mesmo ser vinte e quatro horas fiel a si sem esquecer que ser fiel a si, é pertencer-se sem ignorar o outro. Viver é olhar a diferença dos que nos rodeiam sem julgamentos. É olhar os passos dos outros e entender as atitudes através das pedras que seus pés tocaram no caminho. É entender que ainda que não possa chamar todos de amigo e acolher, posso ao menos olhá-los com humanidade e desejar que eles caminhem em paz.

A universidade nos profissionaliza, mas é no ser humano que se aprende sobre a vida. Um homem do campo entende mais da terra que eu sei tanto das letras, e assim sendo ele me merece meu respeito no seu falar errado. A prostituta entende da noite, o vigia entende do silêncio, o pescador entender do mar, a freira entende mistérios, o doente entende do medo, o médico conhece da morte... Há sempre alguém que entende melhor de algo da vida que nós não alcançamos. E o fazem porque percorreram caminhos que desconhecemos.

Ninguém pode percorrer todos os caminhos e beber de todos os vinhos da vida. O que podemos é ouvir do outro e tentar entender. E entender nunca será o mesmo que viver. Contudo, é o mais perto que podemos chegar da experiência do outro. E quando a fome do outro nos deixa faminto, quando a solidão do outro nos invade, quando a loucura do outro nos alucina... Quando de alguma maneira, por instantes que sejam, nos esvaziamos de nós e de nossas certezas para sermos preenchidos pelo outro; então, estaremos começando a viver.

Ampliar-se ao invés de isolar-se, encaixar-se ao invés de adaptar-se, lapidar-se ao invés de emoldurar-se... Ser o vento na ventania e o remo na calmaria. Ser o raio da tempestade e o mormaço dos dias de calor. Ser a pétala da rosa na primavera e a semente esperançosa no inverno. Ser João e ser Maria. Experimentar. Ousar. “Ser” além de tudo. Crer, apesar de tudo. E amar acima de tudo. Isso é viver! 

sexta-feira, 25 de abril de 2014

SOZINHA X SOLITÁRIA


Por Gabriella Gilmore
“Eu não estou solitária, só estou sozinha.” Disse Emma uma hora no livro.

Antigamente, eu me sentia solitária, porque não gostava da minha companhia. Quando meus amigos não iam me visitar ou não aceitavam meus convites porque estavam ocupados com suas vidas agitadas e perfeitas, eu me sentia o pior ser do mundo. Com o passar do tempo eu me mudei de cidade. Sair da zona de conforto foi à melhor coisa que pude fazer e eu indico. É lá fora, no “mundo real”, que a gente realmente começa a aprender e a entender certas coisas. Hoje, se me encontro sozinha é por opção. Passei a dar preferência a mim e as coisas que realmente me fazem bem e me são necessárias, o resto... é resto, e desculpa a franqueza.  Depois que passei a concordar com o pensamento da personagem, eu passei a curtir os meus momentos “autista”, passei a aceitar sem bico os bolos dos colegas da cidade grande, passei a ligar o botão fuck off automaticamente, e hoje consigo fazer pessoas rirem muito com o meu jeitão de ser... assim, bagunçado, desapegado, entortado. O brinde dessa noite vai para as companheiras do C.L.V. Saúde!

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Um começo

Olá, Leitores.

No dia 17 de abril, eu supostamente deveria ter feito uma postagem sobre nossa nova leitura: Um Dia de David Nichols. O livro, como já postado por Gabriella Lima, narra as histórias de Dexter Mayhew e Emma Morley, seus encontros anuais e a  maneira como um lida com o outro nos mais diversos assuntos.
O que torna a leitura interessante é o desenrolar de cada pesronagem e das escolhas que são feitas.
Dois personagens muito bem construídos, cada qual com sua personalidade distinta. E, como duas pessoas com qualidades individuais tão diferentes e, ao mesmo, nutrindo ao longo dos anos um amor tão puro e sincero, poderiam edificar um relacionamento tão duradouro?
Há quem diga que uma pessoa como Dexter não mereceria alguém como Emma. Podemos ver isso claramente nos dias de hoje. Dexter, um cara que queria apenas se divertir e que não possuía muitas responsabilidades para com a vida, para com os outros e muito menos para consigo mesmo. Em contrapartida, Emma é uma pessoa culta de hábitos simples e prazeres de uma singeleza cativante.
Ela tem muitos obstáculos durante os anos contados na história. Ele passa por momentos de grande sucesso e riqueza, mas a vida sempre dá voltas. E o tempo passa.
Toda vez que Dexter precisava de alguém para conversar, Emma dispunha-se como boa ouvinte, com postura sempre compreensiva. Mas, em muitos momentos, quando Emma precisava conversar com alguém e procurava por ele, a reciprocidade não era equivalente. Por vezes, Dexter fazia Emma viver experiências únicas e marcantes, compartilhando novos sentimentos, tanto bons quanto não tão bons, mas efetivamente fazendo fortalecer os laços entre os dois.
O desafio está em tentar compreender como nossas escolhas afetam a direção de nossos caminhos, quem encontramos, quem não encontramos, as chances que perdemos e se, depois disso tudo, devemos continuar acreditando no melhor.
O que fica da história é como Emma pôde viver tanto tempo aceitando Dexter exatamente como ele era a ponto de manter uma amizade tão duradoura até que ele, mudasse por amor.

Comecemos os diálogos.

Obrigada a quem for de compreensão.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Escolha De Um Futuro Inteiro




Eu confesso que ler Gabriela Lima me leva as gargalhadas. E esse jeito “bruto” de que ela fala é divertidíssimo! Deus estava de muito bom humor quando criou o mau humor de Gabi. [Risada] Mas vamos pensar, não é Gabi?

Enquanto penso lembro-me de uma adolescente dançando tão estranha quando Renato Russo em seu quarto entulhado de livros e dúvidas. “Somos tão jovens! Tão jovens! Tão jovens...”, ela se agita e sonha.

Quando se é jovem achamos que o tempo está ao nosso favor e tudo nós iremos fazer diferente. Porque temos em nós uma chama de esperança inocente. A universidade é uma fogueira mágica centelha possibilidades douradas a nossa frente. “Eu serei diferente e farei história”. E com o passar do tempo o bacharelado começa a frustrar essas chances de mudança. E vem a vontade da pós, do mestrado, do doutorado... Mas junto com essas graduações, vem também a maturidade e senso de percepção de que nada mudará de seu status quo porque um dia um jovem sonhou.

E aí a menina começa a pensar que “ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais”. Mais Belchior e menos Renato, o foco de mudança passa a ser outro. Um mais viável e coerente. Não posso mudar o mundo, mas posso me mudar para o mundo ou mudar o mundo a que pertenço.  Saímos de um estado de desejo “lato-impossível” para um “strictu-real”.

Mas é preciso que o jovem continue a ver tudo com soluções fáceis, com seu jeito sonhador, com sua maneira de achar que o mundo com ele a frente ou do modo dele será diferente. É preciso para nos lembrar – e quando falo “nos”, falo da geração com menos pés no ar – o quanto é bom crer, esperar, ir a luta... Porque isso motiva. E desmotivação não é bom para ninguém. O olhar juvenil suaviza as olheiras maturidade.


Para finalizar me deixe confessar um segredo: eu fiz algo diferente exatamente como prometi na minha juventude. Eu não interfiro nas decisões letivas de meus filhos. O meu mais velho me disse “Não quero fazer faculdade. Não agora! Tudo bem?”. E eu concordei. Ele tem dezessete e está se formando em Segurança do Trabalho, quer descobrir o que é trabalhar e tentar se descobrir a partir daí. Eu na idade dele tive que fazer faculdade. Não fazia a menor ideia do que queria. Já tinha feito inglês sem gostar – sete anos de Cultura Inglesa sem suportar a língua fora uma tortura tremenda; e ainda me impunham a tal faculdade. Fiz letras. Porque foi mais cômodo para mim. Mas meus pais "se formaram" na Faculdade e ficaram felizes com isso, eu acho que ainda vagueio em espírito por lá. 

As únicas coisas que realmente guardo com amor da faculdade foram as palestras e aulas com os grandes medalhões das áreas que gostava. Gente como Evanildo Bechara, Sílvio Elia, Leonardo Boff, João Gilberto Noll, Nelson Rodrigues Filho, Junito Brandão, Nélida Piñon, Flora Sussekind e outros que mudaram meu pensar. Descobri a filosofia, sociologia, mitologia, política... Fiz cursinhos nessas áreas e também de contadora de histórias, coral, neurolinguística... Tudo que não foi curricular valeu a pena e compensava a tortura de estar no lugar privilegiado que eu não queria para mim.  

Meu filho, que tem nome de santo que é mais bonito, se formará no que quiser quando quiser porque ele é hoje como a adolescente sonhadora que descrevi no início “Tão jovem... Tão jovem... Tão jovem...” como vocês. E não precisa de um diploma para me dar porque eu já tenho. E se a sociedade exige que ele tenha um, sei que como a mãe ele vai saber olhar e dizer "Faça você o vestibular e seja feliz", e vai sai por aí sem lenço e sem documento. E eu vou com ele! Por que não? 


terça-feira, 22 de abril de 2014

UNIVERSIDADE: MEIO FUTURO.

Por Gabriella Gilmore



Torci o nariz com a leitura do mês.
Girls club não me matem. MAS, tem um ‘mas’ nessa história, quando vi que o romance tem mais coisas a explorar do que relacionamento meloso, eu fiquei com vergonha de ter pensado mal do título.(Mel, amo você).
Minhas companheiras do C.L.V não me deixam mentir. Sou a mais cética e bruta da turma. Pois bem...
Todo jovem que ingressa à universidade cheio de energia, esperança e pensamento brilhante sobre o futuro após a graduação, planejando o seu melhor, acabam se esquecendo de que o futuro a Deus/Destino pertence. Às vezes esquecemos que a realidade acaba sendo diferente do que “programamos” para que fosse, e enganados com alguns trocadilhos, o jovem pensa que sua vida que acabou de começar, já é o início de um fim.
Na história de David Nicholls, Dexter e Emma se conhecem na faculdade e no dia de formatura eles tiveram uma quase noite juntos. Isso selou uma grande amizade do casal, que apesar do amor que a jovem já sentia por ele, e que por algumas circunstancias ficou oculto, eles passaram a participar da vida ativa de cada um depois de se separarem para seguirem seus caminhos. Sempre se apoiando um no outro, Emma se descobriu extremamente frustrada por não ter seguido sua formação, e como muito das pessoas graduadas, teve que se virar com qualquer emprego que se sustentasse.
Esse dilema acontece dentro da minha casa e com várias amigas também. O que há de errado? Será a má escolha do curso ou a área escolhida tem poucas vagas? Eu ainda não sei.
Como tudo nessa vida, precisamos pensar, e pensar muito ao escolher algo em que vamos investir boa parte da nossa vida. (Wal, eu sei que precisamos agir também). Muitas pessoas depositam toda uma energia no período em que estão na Universidade esquecendo que não é só a área profissional que precisa de atenção não. Eu ainda não sei o desenrolar do romance de Dexter e Emma, se a faculdade foi o início de algo em comum na vida deles, mas provavelmente foi o gatilho para a união dos dois.

Acompanhe os próximos posts e descubra junto com nós.  Continue antenado na nossa leitura do mês.
Até a lá!

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Para Toda Promessa Uma Resposta



“Os sonhos da juventude,
São os pesadelos da maturidade”
(William Hjortsberg, in “A Lenda”)

Eu fiz promessas que não cumpri, Bruna! Penso que na mesma proporção que também fizeram a mim. Promessas de amar para sempre e de nunca esquecer.  Mas o Amor é um senhor que, as vezes, esquece de casa e que troca de nomes. E houve amores que viraram carinho, amizade, saudade. E o Nunca é uma terra formada de corredores com grandes portas. De repente abrimos uma e nos perdemos por aí só nos dando conta de que esquecemos quando não sabemos mais o caminho de volta.

Quando eu tinha vinte e dois, eu jurei “Até que a morte nos separe”. Acordei numa manhã de março e um cadáver empestiava a sala com cheiro de traição. A morte finalmente tinha acabado com a minha jura e eu enterrei dezessete anos de mim em algumas malas que foram se amontoando na varanda.Eu tive mais tempo que os protagonistas para o adeus. Mas ter mais ou menos tempo diminui o sofrimento que há na lágrima que pontua o fim de uma relação?


 “O que esperar da vida e suas artes dos encontros?”, você nos pergunta. Lembrou-me Vinicius:  “A vida é arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida”. Tudo que podemos fazer é esperar que haja uma próxima vez, uma próxima chance, uma próxima página... E se vierem novos desencontros, esquecimentos, partidas... Que não nos falte, então, caneta, folha e inspiração para abortarmos as dores em poemas e canções. 

Caminhada - Charles Chaplin

Tua caminhada ainda não terminou....
A realidade te acolhe
dizendo que pela frente
o horizonte da vida necessita
de tuas palavras
e do teu silêncio.

Se amanhã sentires saudades,
lembra-te da fantasia e
sonha com tua próxima vitória.
Vitória que todas as armas do mundo
jamais conseguirão obter,
porque é uma vitória que surge da paz
e não do ressentimento.

É certo que irás encontrar situações
tempestuosas novamente,
mas haverá de ver sempre
o lado bom da chuva que cai
e não a faceta do raio que destrói.

Tu és jovem.
Atender a quem te chama é belo,
lutar por quem te rejeita
é quase chegar a perfeição.
A juventude precisa de sonhos
e se nutrir de lembranças,
assim como o leito dos rios
precisa da água que rola
e o coração necessita de afeto.

Não faças do amanhã
o sinônimo de nunca,
nem o ontem te seja o mesmo
que nunca mais.
Teus passos ficaram.
Olhes para trás...
mas vá em frente
pois há muitos que precisam
que chegues para poderem seguir-te.

Uma Promessa

"Morning glow morning glow
Starts to glimmer when you know
Winds of change are set to blow
And sweep this whole land through
Morning glow is long past due"
(Tradução: "Brilho da manhã, brilho da manhã
Começa a cintilar quando, você sabe
Ventos de mudança estão para soprar
E varrer toda esta terra
brilho da manhã, já era tempo")

Sob esses versos da belíssima canção do Michael Jackson é que começo esse texto.
Então amigos leitores, promessas feitas no calor da juventude são cumpridas?
Aos 20 e tantos quando os sonhos e a juventude exalam promessas e inúmeras perguntas, não nos damos contas que a verdadeira certeza é a mudança, mesmo que essa mudança não seja aquela de mudar o mundo.
Já dizia o bom William Shakespeare: "Juventude é cheia de prazer, idade é cheia de cuidados."
Esse é o primeiro desenlace dos nossos heróis DEX e EM que se imaginariam anos a frente dos vividos naqueles tempos de outrora, cultivando sonhos, mudanças e ansias pessoais desde então.
Viver com paixão, amar com toda a ternura, ter coragem para encarar os desafios e os anos que se sucederiam e o que mais a vida lhe reservasse.
Logo com Dex e EM era apenas o acaso e uma noite que os descobrira, e que o medo de nunca mais se encontrar
fariam hesitar em tornar esse mágico encontro mais do que real.
O que esperar da vida e suas artes dos encontros?
O que reservavam a vocês caros leitores com seus 20 e poucos anos e como seguem hoje?

Até o próximo Post! 

sábado, 19 de abril de 2014

Sobre Vinte e Quatro Horas


“Acho que isso é uma coisa que a gente supera com o tempo.
 [...] Você me curou de você mesmo”.
(David Nicholls, in “Um Dia”)

Se você é desses acostumados a banalizar o carinho do outro por você... Cuidado!

Quando nos colocamos numa condição de “insubstituíveis”, tendemos a nos deparar com um teatro vazio lá na frente. Ninguém nem mesmo para lhe abraçar em consolo no fim do ato.

Isso! Torça o nariz e resmungue “bobagem”. Você pensa que sempre haverá alguém a quem iludir com seu sorriso de artista. Mas saiba meu caro, que o público uma hora se cansa e começa a ver a sua atuação como apresentação barata. E pouco a pouco vão saindo do teatro para encontrar coisa melhor.

Não há carinho que resista a mentira, a ausência, a frieza... Não há respeito que resista ao interesse, as relações de conveniência, aos abraços sem calor... Não há amizade que persista nos segredos, nas desculpas, nos silêncios.

E aquele que hoje precisa, se adapta  a falta. A solidão se preenche de outras coisas. Os passos não se incomodam de marcar a areia sozinho. Os segredos que deveriam ser compartilhados se calam em suas realizações.


O mundo é adequação. E aquele que hoje é pedaço hoje e que, supostamente, implora por um pouco de você, amanhã se torna completo de outro alguém ou de outra coisa qualquer. 

O mundo é substituição. E todos nós somos peças substituíveis. Não se iluda que este que hoje o espera não poderá ir embora amanhã. Porque o mundo também é partida. E tudo que temos de certeza é que temos um dia, únicas vinte quatro horas, para pertencer, para doar, para completar o desejo, a necessidade, os sonhos de alguém. 

quinta-feira, 17 de abril de 2014

UM DIA - DAVID NICHOLLS

Nova leitura no C.L.V

UM DIA de Nicholls

Sugestão da colunista Mel Schutz
 


Vinte e poucos anos

“Foi um dia memorável, pois operou grandes mudanças em mim. Mas isso se dá com qualquer vida. Imagine um dia especial na sua vida e pense como teria sido seu percurso sem ele. Faça uma pausa, você que está lendo, e pense na grande corrente de ferro, de ouro, de espinhos ou flores que jamais o teria prendido não fosse o encadeamento do primeiro elo em um dia memorável.”
Charles Dickens, Grandes esperanças

Leitura até dia 16 de maio de 2014.
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terça-feira, 15 de abril de 2014

Sobre Montanhas e Rochas


“O que são homens comparados a rochas e montanhas?”
(Jane Austen, in “Orgulho e Preconceito”)

Quero viajar nessa frase de Jane Austen! Na verdade, peço licença para ir um pouco além e falar um pouco de um pensamento que me ocorreu de a partir do de Jane. Quero falar de homens-rochas e homens-montanhas que, em minha opinião, são diferentes embora possam alcançar o mesmo tamanho e aparente poder.

Ao pensar em Homens-rochas visualizo pessoas de insensibilidade extrema. Incapazes de curvarem-se as coisas do mundo. Aquele tipo de pessoa que olha o telejornal e resume a fome do mundo com a típica frase “Por que fazem filhos se não podem nem consigo?”. Gente que passa pelo mundo ignorando o alheio. Homens-rochas não têm tempo para nada! Andam com pastas e papéis embaixo do braço de lá para cá, são impacientes e carrancudos nas filas, reclamam do calor e do frio, questionam a real necessidade da chuva, ignoram o sorriso e a beleza de uma canção...

Mas temos que ter paciência com os homens-rocha. Muitas dessas pessoas foram endurecidas no calor da dor. Algumas explodiram numa erupção de paixão, mas esqueceram que paixão é sentimento adolescente e nem sempre tem tempo de amadurecer para virar amor. Sentindo-se incapaz de se apaixonar novamente esses seres se endurecem nas juras de nunca mais se apaixonar. Outros demoram tanto a experimentar o mundo lá fora por medo, talvez, que  sofrem pressões de todos os lados. E com tanta pressão daqui e dali, vão perdendo a vontade de sair de si e segmentam sua essência em mundos particulares no medo de não estarem preparado para outros mundos que estão além de si.

Há os que querem espalhar sua dureza por aí. Destruindo sonhos alheios com desesperança e palavras negativas. Ah, como tenho horror a esses aí! Gente ruim que torna pedra tudo que há ao seu redor por não suportar ver a beleza florescer nos corações  ao seu redor. Ainda bem que para essas pessoas que são contaminadas por essa gente-rocha podre, existe a fé e a esperança que ficam escondidas dentro deles esperando só um toque, um novo momento, um escultor disposto... qualquer coisa que os resgatem e os preparem para se tornar quem sabe os tais homem-montanha.

Porque  para mim homem-montanha é aquele que forte e que já suportou muitas intempéries, mas mesmo assim estendeu-se para todos os lados para ousar, arriscou-se a ir até onde pode; e quando não pode mais alongou-se para o céu . Homem-montanha abre-se para que outros os habite e  permite que esses novos habitantes tragam com eles novas experiências, tons, sabores, cores... que serão agregados ao homem-montanha que entende que é preciso estar nesse mundo para somar e multiplicar. Homens-montanha revestem-se de flores, folhas, bicho, nascente... São universos repletos de mistérios, mas abertos a visitação. São extensão positivas de si para a vida de outros. Germinam possibilidades e sonhos em quem toca. É rocha firme para suportar a vida, mas é terreno fértil para quem se aproxima porque está sempre disposto a compartilhar, a doar, a agregar...

No mundo deveria haver mais homens-montanhas compromissados com o outro. Pessoas de coração de mundo inteiro com capacidade de nos fazer voar quem veio ao mundo com uma asa só. Gente-cobertor que acolhe nos momentos de medo, frio ou solidão. No mundo deveria haver mais... Sei lá! Mais humanos, menos gente.


Até breve!!!

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Qual é o seu valor?



Venho por meio de este informar que existem milhares de Sras. Bennet espalhadas pela nossa patética sociedade. E o pior é que há também Senhoritas Belos Seios e Bundas a rodo expondo seus “dotes” pelos programas de TV, festas, catálogos de “agência de modelos”... Enquanto houver executivos solitários e “generosos”, elas circularão solicitas por aí.

A espera de seus príncipes montados em Porshes brancos. Como são felizes e realizados quando se encontram!!! Eu adoro ver o amor fluindo em notas de cem reais.  Os olhinhos brilhantes dos bonachões engravatados ao lado de suas prendas de corpo curvilíneo que caladinhas enchem os salões de beleza. São simplesmente apaixonantes essas moças-pichorras. (Quem não sabe o que é pichorra, pesquise).

Juro que não falo com crítica! Quem me dera ter esse poder todo no lugar certo. Mas nasci feia e tive que estudar para conseguir algo. O pior é que não consegui grandes coisas. Ah, nem vou pensar nisso para não bater revolta! Mas o fato é que isso existiu e existirá sempre enquanto o mundo for mundo. Não vai mudar.

O melhor é deixar para lá. Ignorar! Ser diferente no que der e ser feliz com o que se tem. No meu caso tenho um pouco de inteligência. Elas têm medidas. Eu discuto sobre as questões sócio-políticas e psico-filosófica do mundo com amigos. Elas sorriem. Eu fervilho em questionamentos. Elas rebolam. Eu me viro nos 30 com meu salário de professora. Elas esbanjam nos shopping. C’est la vie!

O importante é saber que para uns o valor está nas atitudes, comportamentos e posturas; no que se pode adicionar de bom ao mundo ou, pelo menos, a parte dele a que pertencemos. Para outros, o valor está só no que “você tem a me oferecer em troca do que eu posso lhe dar”.

 Escolha seu lado. E façam um bom jogo!

quarta-feira, 2 de abril de 2014

FUTILIDADE DOS BAILES

Por Gabriella Gilmore


Se é ficção ou não, eu não sei, mas a visão dos encontros em bailes do século XIX era basicamente uma caça ao "tesouro". A Sra. Bennet, extremamente fútil, se pudesse venderia as filhas em leilão. Muito materialista, ela basicamente se assegurava com a segurança que o casamento traria para as filhas, mesmo se elas fossem infelizes. Na minha casa, não foi muito diferente. Eu e minha irmã mais nova, fomos criadas para sermos mulherzinha de casa e esposa de pastor. Não podia aparecer algum jovem novo na igreja que ela tentava empurrar o rapaz para interagir conosco. Coisa horrorosa! Muito dessa pressão te explica o porquê da minha repulsa por casamentos, e hoje eu não sei mais, se eu realmente não quero isso para mim, ou se faço isso só para irritar minha mãe.

" Quero dizer... e se eu não gosto do que eu gosto só porque eu gosto, mas porque minha mãe não gosta, e não quer que eu goste? E se eu realmente não gostar das músicas que gosto ou os filmes ou as roupas ou os homens? E se eu não gosto do que pareço gostar?" (Lorelai Gilmore)

Me dizem por favor qual era o problema das mães daquela sociedade!?

E você leitor, sofre ou já sofreu alguma pressão por conta da comunidade hipócrita?