sexta-feira, 10 de maio de 2019

Dom Quixote de la Mancha


Por Gabriella Gilmore

Desculpe amantes de Dom Quixote, mas esta critica não é sobre vocês.
Bom, eu achei o Dom Quixote uma mistura de mau gosto de Pollyanna com um paciente esquizofrênico em crise de abstinência dos remédios controlados.
Ele é um megalomaníaco, fanfarrão, que pensa que o mundo é do jeito que ele quer que seja, e se enfurece quando as pessoas não entram na sua "estória".
Ele usa dessa loucura para fazer essa aventura em sair pelo mundão “ajudando” as pessoas, viagem um tanto pretensiosa e delirante, nos mostrando o lado perigoso e flagelante da imaginação desgovernada.
Quixote se vangloria o tempo todo falando que sua missão é desfazer violências e socorrer os miseráveis, mas em grande parte da história ele está agredindo aqueles que não entram em sua fantasia, ou aqueles que o chamam de louco. (Por acaso ele é normal a ponto de ficar ofendido com a nomenclatura de maluco?)
Mostra uma inversão de valores quando na cena da conversa com o padre, que o repreende para que Quixote volte a si, para a realidade, e Quixote se defende falando que os padres não deveriam falar com as pessoas daquela forma, colocando o papel do padre como de uma pessoa preconceituosa, só pelo fato do mesmo está sendo sincero e conselheiro. Mas francamente, o padre fez mais que o seu papel em alerta-lo sobre um excesso que estava fazendo mal para o próprio Quixote, que vivia uma vida lastimável, passando fome, frio e risco de vida sem um real propósito.
Talvez uma das partes mais coerentes da história é quando o Duque resolve pregar peças em Sancho, e assim, Sancho e Quixote, provam do próprio veneno da imaginação descontrolada e autodestrutiva que é viver uma vida de fantasia sem uma finalidade, e nos passa uma mensagem de que para você acalmar um “doente mental”, você precisa dançar conforme sua música(loucura), e foi  assim que Sansão conseguiu enganar Quixote para fazer com que o mesmo voltasse para casa.
E uma pergunta eu deixo para você: O que o autor quis dizer com aquela cena final quando Quixote reconhece sua insanidade e passa a ser lúcido novamente? Por quê que é só no final de sua vida, que Quixote reconhece a imbecilidade de ter alimentado uma imaginação de forma tão degradante como ele o fez em grande parte de sua vida?
Bom, eu gostaria mesmo de tentar entender o que fez dessa história ser um clássico premiado, e quase que uma leitura “obrigatória” nas escolas. É, eu devo ser muito ignorante mesmo, pelo fato de não dançar conforme a música de uma sociedade totalmente mecanizada...