domingo, 30 de novembro de 2014

A arte dos encontros...

É tão difícil falar, é tão difícil dizer coisas que não podem ser ditas, é tão silencioso. Como traduzir o profundo silêncio do encontro entre duas almas? É dificílimo contar: nós estávamos nos olhando fixamente, e assim ficamos por uns instantes. Éramos um só ser. Esses momentos são o meu segredo. Houve o que se chama de comunhão perfeita. Eu chamo isso de: estado agudo de felicidade.
(Clarice Lispector)

Ao longo dessa vida, nos vemos sempre sentados a beira do cais, um porto seguro, como se esperássemos a chegada de alguém. Alguém que nos tire da margem de nós mesmos e que nos faça partir em busca dos nossos sonhos que existem dentro de nós mas, que por não acreditar ou até por receio de enfrentar os caminhos dessa jornada preferimos o estado confortável de estar sentado olhando os barcos atracarem e irem embora.
Vinícius de Morais já dizia que "A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida."  e é assim que é a nossa vida: encontros e desencontros, achados e perdidos, olhares que se cruzam, olhares perdidos no horizonte, despedidas, um abraço apertado da chegada, vontades reprimidas de falar o que se sente e o silêncio que tudo se traduz. Não há o que ser diferente, porém o que realmente importa são os momentos únicos e todas as primeiras vezes que você se lança em busca da vida e para que tudo isso aconteça uma dose de sinceridade, uma parte de se deixar cativar, e deixar nas pessoas o desejo de estar ao nosso lado e aproveitar todo e qualquer instante ao lado delas.
É preciso encontrar as coisas certas da vida, para que ela tenha o sentido que se deseja. Assim, a escolha de uma profissão também é a arte do encontro, a mulher ou o homem por quem se encanta é a arte do encontro, porque a vida só adquire vida, quando a gente empresta a nossa vida, para o resto da vida.
Almas Gêmeas - Segredos de um Encontro
Acesse o conteúdo completo em: http://www.stum.com.br/conteudo/c.asp?id=04778
Almas Gêmeas - Segredos de um Encontro
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Todos os encontros nos tocam.
É a mais alta prova de que a vida vale a pena e que nada é em vão é a sensação de estar num ponto em que a sua busca completa a minha espera e tudo se encaixa. Acredite, o primeiro encontro é com nós mesmos e partir dele nos encontramos com o mundo. Em cada mudança de emprego, em cada separação, em cada fim de etapa, nos sentimos como o retorno ao porto deixando pra trás pedaços de nós mesmos e trazendo outros tantos, provas boas de que a vida nos deu boas experiências, amigos fieis, amados que nos reerguem e mesmo no trajeto quando esse naufrágio for iminente que possamos recorrer às pessoas que fazem parte dessa jornada com a doce certeza de que seremos consolados e fortalecidos.
"Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável o suficiente para cada vez mais encarar os desconfortos todos fugindo cada vez menos, sabendo que algumas coisas simplesmente são como são, e que eu não tenho nenhuma espécie de controle com relação ao que acontecerá comigo no tempo do parágrafo seguinte, da frase seguinte, da palavra seguinte. É me sentir confortável o suficiente para caminhar pela vida com um olhar que não envelhece, por mais que eu envelheça, e um coração corajoso, carregado de brotos de amor." (Ana Jácomo)

Nossa vida é toda marcada pelos encontros, e como é bom encontrar alguém que chega e mexe com as nossas estruturas, assim do nada, alias, é assim do nada que conheci as melhores pessoas da minha vida, e que assim seja com você.

Até o próximo Texto
Au Revoir
Almas Gêmeas - Segredos de um Encontro
Acesse o conteúdo completo em: http://www.stum.com.br/conteudo/c.asp?id=0477

sábado, 29 de novembro de 2014

Mamma Mia, Abba!

"'Cause everyone listens when I start to sing
I'm so grateful and proud
All I want is to sing it out loud" 
(Composição: Benny Andersson / Björn Ulvaeus; Interprete: Abba)

Um cenário perfeito e um time de atores que supera qualquer comentário, esse musical supera as expectativas dos fãs do maior quarteto do Século XX (ABBA).
Na bela ilha grega de Kalokairi, a menina Sophie (Amanda Seyfried, Querido John) está prestes a se casar e descobre entre as coisas da mãe, Donna (Meryl Streep, O diabo veste Prada), um diário que revelaria o possível paradeiro do seu pai biológico, o que ela não contava é que estaria entre três homens é quando resolve enviar três convites da cerimônia – Sam Carmichael (Pierce Brosnan, o eterno 007), Bill Anderson (Stellan Skarsgård, Anjos e Demônios) e Harry Bright (Colin Firth, O discurso do Rei) –, acreditando que um deles é seu pai. De diferentes partes do mundo, os três resolvem voltar à ilha e encontrar à mulher por quem se apaixonaram vinte anos atrás. E mesmo ela não sabendo qual deles é, quer que eles presenciem esse momento de felicidade na sua vida ao seu lado, só que a reação da mãe, a destemida Donna quanto a isso, não é das melhores.

Antes do filme:

A história do espetáculo 'Mamma Mia!' teve início nos anos 80, quando a produtora Judy Craymer trabalhava com Benny Andersson e Björn Ulvaeus como produtora executiva do primeiro projeto deles pós-ABBA, o musical Chess. Inspirada no aspecto teatral do trabalho dos compositores, Judy teve a idéia de criar um musical com canções já existentes do grupo, em um original e empolgante formato. Andersson e Ulvaeus ficaram, inicialmente, relutantes, mas em 1995 eles concordaram com o projeto e, dois anos depois, Craymer convidava a teatróloga Catherine Johnson para escrever o espetáculo. Mais tarde, com uma afetuosa e empolgante história em mãos, a produtora iniciaria as buscas por um diretor, trazendo para o projeto a respeitada diretora de teatro e ópera Phyllida Lloyd.O primeiro espetáculo estrearia em 6 de abril de 1999, no Prince Edward Theatre, em Londres, se tornando um fenômeno global de entretenimento e atraindo um público de mais de 30 milhões de pessoas.

Opinião: 

Quem não se identifica com pelo menos uma canção do Abba (eu pelo menos me vejo no álbum Gold todinho)? E musicais são fantásticos para contar pequenas histórias transformar os contos de fadas em algo mais contemporâneo sem perder a essência.
Meryl Streep conseguiu superar a sua competência e carisma em mais uma atuação, aliás, não só ela como todo o elenco!
Vale a pena assistir.


Aqui vai o trailer:


Aproveite a pipoca e o guaraná e bom filme!

Au Revoir

Até o próximo texto!!!

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Eu e o Mundo Inteiro



Queria entender o mundo e achar um meio de transformar as coisas ruins. Não aceito a tristeza, a dor, a indiferença... Não aceito essas coisas que nos são dadas como comuns hoje em dia. Queria a coragem do Cristo e morrer de maneira que o mundo entendesse que alguém é triste por ele. Tão triste a ponto de ir além de sua dor própria para fazê-lo melhor. Mas sou covarde demais. E sinceramente não acho que isso mudaria muita coisa.

Quero entender o mundo e me dou conta de que nem entendo a mim como haveria de entender o mundo. Minha alma é tão doente e pequena. Tão mutilada e vazia. Não! Eu não quero piedade. Nenhum tipo de compadecimento pelo meu flagelo. Sou culpada por cada uma das minhas cicatrizes e ferida reabertas. Sou esse tipo errado de pessoa que está indo sempre aos extremos de si para tentar achar um porque, provar-se ou experimentar-se.

Ontem me peguei chorando enquanto ouvi uma música antiga. E dezenas de rostos e vozes passaram por mim. E chorei por cada um deles como se velasse mortos depois de uma enorme batalha. Contudo, meu choro era consciente de que na batalha, só eu morri. Morri como sempre nas histórias desses rostos que ainda vivem em mim. Meus fantasmas vivos me assombrando de saudade, de mágoa, de paixão. E quem é capaz de entender esses sentimentos tão intensos assim? Há no mundo alguém capaz de entender porque algumas pessoas passam pela nossa vida só para existir eternamente em nossos pensamentos?

Tudo que eu queria era virar vento, pó,  gota de chuva ou borboleta. Para sair por aí pelo mundo e tocar mais uma vez aqueles rostos ainda que eles não soubessem que era eu. Ainda que eles não lembrem mais de mim. Ainda que eu não exista mais em nenhum de seus recantos. Queria olhá-los mais uma vez e entender porque para mim é mais difícil deixá-los para trás. Meus grilhões do passado...

Eu queria entender o mundo; o meu lugar nele e o lugar dele em mim. Queria entender a missão da qual já me falaram que cada um de nós tem aqui. Queria entender o porquê que sonhos nascem e se frustram, porque o beijo não dado é sempre o mais relembrado, porque o amor vira ódio, o para sempre um dia vira nunca... Queria entender essas coisas que fazem parte do viver para ensinar para meus filhos. Para que eles não chorem e sofram como eu.


Mas ainda não aprendi nada sobre viver. E me pego chorando por quem já me esqueceu. E me pego esperando por quem não vai voltar. E me pego sonhando com o que não se realizará. Talvez a minha missão seja essa de sentir. E sentir tão profundamente que torne minha a dor de toda gente. 
(Waleska Zibetti)

domingo, 23 de novembro de 2014

O DIÁRIO IDIOTA DE RAFAELA



Oi pessoal! Gostaria de falar um pouco sobre o meu debut book "O diário idiota de Rafaela". Publiquei ele em 2011, e logo neste mesmo ano, a Academia Valadarense de Letras abriu um edital no qual o autor local ganharia uma cadeira. Infelizmente não foi daquela vez, mas recebi um grande presente que foi uma Análise literária do meu livro pela saudosa Niza Diniz.

Governador Valadares - Setembro de 2011

ACADEMIA VALADARENSE DE LETRAS - AVL

Análise Literária

O diário Idiota de Rafaela
Autora: Gabriella Corrêa Lima

Por: Niza Diniz Pereira (In memoriam)
Patrono: Aluisio de Azevedo

          Trata-se de um livro em que a autora enfoca dois temas: o primeiro é a crescente adesão dos adolescentes aos relacionamentos amorosos virtuais e o outro, a abordagem detalhada dos sintomas e sofrimentos causados pela doença mental, o transtorno bipolar. A protagonista tem um namorado real, mas embarca numa fantasia, tendo outro via Internet, pelo qual se apaixona perdidamente. Abandonada pelo amor virtual chega ás raias da loucura, busca respostas para suas ansiedades; finalmente, adoece recebendo o diagnóstico: transtorno bipolar, uma doença mental caracterizada por uma constante alteração de humor. Em seu Diário, a autora faz verdadeira catarse, onde descreve com riqueza de detalhes as experiências advindas do transtorno: quando se encontra na fase maníaca, tem o sentimento de poder, de euforia, tem vários namorados, sendo que as idéias fluem rapidamente (sem nunca concretizá-las). Nesta fase, vive fantasias, como a protagonista Rafaela, que em delírio, registra em seu diário a existência de uma filha de 3 anos, chamada Clara, fruto do relacionamento com seu namorado. Tal criança, nunca existiu a não ser na sua mente doentia. Identificando esta fase no livro: "Às vezes acho que sou demais, não consigo ser menos, ser pouco me desgasta".
          Por outro lado, registra em seu Diário, as fases depressivas, quando seu mundo cai, acompanhando de insônias, pessimismos, tristeza, irritabilidade, inércia, idéias de suicídio. Este é um estágio difícil, quando afunda em bebidas alcoólicas e nas drogas.
         Identificando esta fase no livro: "hoje habito em um buraco negro dentro de mim, às vezes tem nome, embora só às vezes".
         Para sintetizar a avaliação que faz de si mesma:
         "Eu sou para mim meu próprio tormento".
         A partir do momento que se conscientiza da sua doença e resolve encará-la, começa a trabalhar em seu próprio favor, casando-se com seu primeiro namorado. A protagonista em certo trecho deixa entender que o objetivo desta obra é ajudar as pessoas que sofrem de transtorno bipolar e aceitarem que podem ter uma vida normal, desde que se cuidem, pois a doença não tem cura. Demonstra que existem pessoas com sofrimentos maiores que superam. Final do livro instigante: será que Rafaela era mesmo bipolar, ou tudo não passou de uma fantasia de adolescente?
         A leitura oferece ao leitor a oportunidade de rever seus relacionamentos virtuais com mais critério, ao mesmo tempo em que alerta para a aceitação de transtornos que acaso surjam em sua vida.


Adquira seu exemplar aqui .

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Devaneios

Quantas vezes navegastes nos meus sonhos. E agora chegais ao meu despertar, que é meu sonho mais profundo. Disposto me encontrais a partir, e minha impaciência, de velas desfraldadas, está à espera do vento. Tomarei apenas mais um hausto de ar neste ambiente sereno, volverei para trás somente mais um olhar afetuoso. E, logo após, juntar-me-ei a vós, marujo entre marujos. E tu, vasto mar, mãe sempre acordada... (Gibran) 

Sentiu vontade de ceder à sua dúvida. Sentia uma incomensurável ânsia de retroceder e regressar, fosse para onde fosse que ele provinha, sentiu aquela dúvida que acomete a alma que deixa de encontrar razões para prosseguir na sua demanda. Interrogou-se porque é que tinha de fazer aquilo, interrogou-se acerca do seu objetivo e do seu derradeiro fim. Chegou mesmo a ter a manifesta imprevidência de se interrogar sobre o que procurava, mas, que estava bem diante da sua vida a espera de um sim ou um não.
Às vezes o caminhar é lento, mas o importante é não parar e mesmo um pequeno progresso é um avanço na direção certa. E qualquer um é capaz de fazer um pequeno progresso.
Se você não pode conquistar algo importante hoje, conquiste algo menor. "Pequenos riachos se transformam em rios poderosos."


Continue em frente.

O que de manhã parecia fora do alcance, pode ficar mais próximo à tarde se você continuar em frente. 
Tudo isto lhe fazia sentido. Toda aquela transparência envolto no silencio da fala. Deixa que os olhos falem tudo o que o corpo por inteiro sente e tem vontade! Ele via-se contra a luz do sol brilhante, ela era um vulto que contrastava com os tons laranja das reflexões citadinas, com a imobilidade da beleza dos bairros antigos que atravessava. No topo de uma colina onde se encontrava, só se via como vulto disforme, rasgado, um pedaço de escuridão andante, perdido, perdido…   

Não desista.

Pouca gente espera pela chuva como quem espera por um grande amor. Quase ninguém celebra um pôr do sol (eu pelo menos adoro!), quase ninguém sabe esperar. A difícil arte da espera...
Brigar com o relógio...
Quanto tempo ainda? Não muito...
Porque depois do inverno sempre vem a primavera...
porque nada é pra sempre, nem mesmo a espera.   



Até o Próximo texto 
Au Revoir

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

A Ti Clarice

Algumas mulheres me falam tão profundamente que chego a quase ter uma relação lésbica com elas. Mulheres como Simone de Beauvoir, Greta Garbo, Etta Jones, Frida Kahlo, Virginia Woolf, Bibi Ferreira, Camille Claudel, Marlene Dietrich, Maysa... Entre outras tantas. Mas nenhuma me fala tão intimamente como Clarice Lispector.  


Tenho uma intimidade tão grande com ela que tenho a sensação de vê-la no espelho quando eu é quem deveria estar ali. Sinto que as vezes, ela me conduz a uma determinada página ou verso, só para falar-me de minhas preocupações. Sinto que Clarice me acolhe com carinho materno em seus verso. E encantadoramente divide comigo um pouco da sua solidão, dos seus medos, das suas dores e eu vou reencontrando o meu próprio rumo nesses sentimentos complexos dela. 


Clarice me clareia... Se abre para mim como uma clareira luminosa de pensamentos densos e eu mergulho dentro dos mistérios daquela alma e encontro a minha paz. Porque Clarice me adivinha em meus desesperos, em meus conflitos e a receita para que tudo passe está sempre tão fácil e ao alcance de minhas mãos ao ler Clarice. 



Ah, se eu pudesse só por um minuto olhar os olhos dessa poetisa e pedir-lhe perdão por ousar escrever versos repensando nela, por ousar tentar me aproximar um pouco da qualidade poética dela; não hesitaria em fazê-lo. Pedir-lhe perdão e jurar-lhe amor. Clarice é para mim um farol dentro do meu caminhar literário. Doce, densa, amarga, ferina, linda, enigmática, pragmática, maravilhosa Clarice; quem me dera num momento de delírio, eu pudesse ser você.





domingo, 16 de novembro de 2014

Os bons tempos estariam de volta? Queen, lança "Let me in your heart again"

Cheers Everybody!!!

Olha eu aqui outra vez sacudindo o seu mundo e dessa vez com novidades!
Euforia toma conta dos corações de fãs do Queen nos últimos dias principalmente após o lançamento de Let Me In Your Heart Again que estará no próximo lançamento da banda. A coletânea "Queen Forever" chegou às lojas na última semana e a novidade está justamente nas faixas com a voz de Freddie Mercury que ainda não haviam sido lançadas oficialmente que o lançamento traz. Uma delas, "Let Me In Your Heart Again", acaba de ter uma versão liberada para audição.
Essa canção foi gravada originalmente em 1984 e chegou a ser lançada em uma campanha da Coca-Cola de conscientização sobre a AIDS.
Como fã maluca que sou, fui buscar letra e tradução e acabei descobrindo que para essa canção existe uma versão com Anita Dobson e Brian May no you tube mas não se confunda , a letra é completamente diferente da versão do Queen.
Engraçado a positividade que essa divulgação trouxe (pelo menos pra mim) é como se esses 23 anos (a se completar no próximo dia 24/11) não tivessem sido uma ausência forçada.
Para quem escuta a canção é como se a voz de Freddie estivesse fresca como no último disco lançado a 20 anos, Made In Heaven (Recomendo escutar!) é um convite a nostalgia!
Além de "Let Me In Your Heart Again", o disco contará outras duas músicas inéditas em disco: "There Must Be More to Life Than This", que tem participação de Michael Jackson e que nunca foi lançada (o detalhe que pra essa canção já existe uma gravação feita apenas com o Freddie em seu disco solo de 1985), e uma nova versão para "Love Kills".

Aqui está o vídeo e a Letra da Música:

 LET ME IN (YOUR HEART AGAIN)
Me deixe entrar (no seu coração de novo)

When people talk of love I'll leave the conversation
(Quando as pessoas falam do amor , eu deixo a conversa)
I'll say I feel just fine, happy with my situation,
(Eu direi que me sinto bem , estou feliz com a minha situação)
but when I look away people know my mind is straying
(Mas quando eu olho para longe, as pessoas sabem que eu só estou a desviar disso)
to where I once belonged, dreaming about your heart again
 (de onde eu pertenci , sonhando com seu coração de novo)
 your heart again, your heart again
(seu coração de novo , seu coração de novo)
 Let me in your heart again
 (me deixe dentro do seu coração de novo)
 Listen to me honey
 (me escute doçura)


 we like to face the blues, I give you satisfaction
 (nos gostamos de enfrentar a melancolia , eu te dou safistação)
 Despair was on your mind I give you the right direction
 (o desespero estava na sua mente e eu lhe dava a direção certa)
so don't you walk away remember is my heart you're breaking
(então não vá embora , se lembre que é meu coração que vc quebrou)
 you forget we were a love, now my heart is only filled with the pain
 (você esqueceu que estávamos amando , agora meu coração está apenas cheio de dor)


 your heart again, your heart again
 (seu coração de novo ,seu coração de novo)
 Let me in your heart again
(me deixe dentro do seu coração de novo)


oh my love I want you to stay
 (oh meu amor eu quero que vc fique)
don't leave me now or I'll just fade away
 (não me abandone agora ou eu irei desaparecer)
 oh my love don't hurt me this way
 (oh meu amor não me machuque assim)


ohh looking baby
(oh procurando baby)

 don't make me wait too long or i'll lose my mind
 (não me faça esperar muito tempo ou eu perderei a minha mente)


When people talk of love I have no hesitation
(quando as pessoas falam do amor eu não tenho nenhuma hesitação)
Tell me what you dream at all I'll hold thah conversation for you baby
(diga-me o que vc sonha enfim e eu irei manter aquela conversa por vc baby)
but when I look away people know my mind is straying, babe
(quando eu olho para longe as pessoas sabem que estou a desviar o olhar, baby)
to where I once belonged,Just let me in your heart again, your heart again, let me in your heart again
(para onde uma vez eu pertenci , somente me deixe dentro do seu coração de novo , seu coração de novo , me deixe dentro do seu coração de novo)


Open the doors for me babe
(abra as portas para mim baby)
It's your heart again.
(isso é seu coração de novo)
  Let me in 
(me deixe entrar)
 Let me in your heart again
 (me deixe entrar no seu coração de novo)


Quem não sente saudade não é?
 
Até o próximo texto
Au revoir

sábado, 15 de novembro de 2014

E SE DEUS FOSSE UM DE NÓS?



E se Deus fosse um de nós?
Por Gabriella Gilmore

“A maior prova de que Deus existe é que Deus está vivo em cada um de nós.” – Bruna Mota

Boa tarde pessoal. O tema de hoje é um pouco delicado.
“Futebol e religião não se discute” sempre ouvimos falar, não é mesmo? Mas a própria palavra já diz: Discutir “Debater (um assunto) por meio de discussão.”. E é isso que faremos hoje: Debater.
Ano passado, eu teclava com um amigo de Minas sobre a teoria do Big Bang e a Evolução, foi quando ele me perguntou se eu era Criacionista. Eu disse que sim e pelo início da conversa achei que ele era Evolucionista. Porém, eu estava errada. Logo ele foi me falando que tanto a ciência quanto a religião se completam. Foi ai que ele declarou que acreditava tanto em Deus quanto na teoria de Darwin.
Deixei esse assunto “de lado” depois que terminamos a conversa, entretanto, duas semanas atrás quando eu peguei um livro na biblioteca para ler depois dessa ausência involuntária de leitura pela qual passei, eu posso dizer que não foi eu quem o escolhei, e sim ele a mim.
O livro se chamava “A linguagem de Deus”. O cientista Francis S.Collins, diretor do projeto Genoma apresenta evidências de que Ele existe.
O curioso é que eu nunca deixei de acreditar em Deus, mesmo convivendo com pessoas de religiões e culturas totalmente diferentes da minha, e a minha atual pergunta é, inclusive contrária do que sempre ouvimos: Por que NÃO acreditar no Deus de maravilhas? E desde então, venho estudando para tentar entender a mente dos ateus ou pseudo-ateus.
Aprendemos sobre espíritos, sobre Buda, sobre Deusa mãe, Vishnu, Thor (para os amantes do desenho animado rs)... Mas Deus só existe UM, deuses vários... E é sobre esse Deus, com “D” maiúsculo, é que me refiro no artigo de hoje.

Uma vez eu conversava com um descrente, e ele dizia com uma convicção apaixonante de que Jesus Cristo como referencia de moral era irrelevante, pois a moral não se aprende dentro de uma instituição religiosa. Fiquei tentada sobre este pensamento dele, porém nunca deixei o meu acreditar de lado. E esses dias lendo os livros de sabedoria da bíblia, que são os de Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cânticos, li centenas de pensamentos que foram escritos há tantos séculos antes dos sábios dos tempos de nossos tataravôs, e que com uma palavra aqui e ali resumia o que já fora escrito nas escrituras. Entendem o que quero dizer? Até os mais sábios para nós conheceram os ensinamentos de Deus, e sim, a moral deles foi baseada ali, na Palavra.
É muito simples matar Deus. E uma de minhas perguntas é: O que seria aquilo no qual a ciência não consegue desvendar por séculos? “Os não crentes podem também nos contestar que achamos “simples” replicar o que não se responde dizendo que: “ É coisa de Deus!”, algo que não sabemos explicar. Eu falo isso porque já ouvi isso milhares de vezes. E não tenho esse tipo de resposta porque Deus é muito mais que uma resposta para o “sobrenatural”, Deus é amor incondicional, é a fé para lutar por algo em que pensamos não acreditar. Deus é aquele suspiro de manhã quando acordamos gratos por mais um dia. Ele não deixa faltar nada para aqueles que creem e que pedem. Deus é a esperança de vivermos em um lugar feliz. Deus é o responsável por ter feito seres humanos tão complexos e ricos em perfeição física. Deus é compromisso com o que é certo e honesto. E deixar claro que a ciência não é ameaçada por Deus, e sim aprimorada.

Um recado aos que acreditam em Deus
Se você acredita em Deus e se preocupa com o fato de que a ciência está corroendo a fé ao promover uma visão de mundo ateísta, espero que tenha restaurado sua confiança graças ao potencial de harmonia entre a fé e a ciência. Se Deus é o criador de todo o universo, se Deus tem um plano específico para a entrada da humanidade em cena e se Ele deseja uma afinidade com os humanos, nos quais injetou a Lei Moral para que se aproximassem Dele, Deus não pode ser ameaçado pela nossa compreensão minúscula e seus esforços por entender a magnitude de Sua criação.
Nesse contexto, a ciência pode ser uma forma de adoração. De fato, os que creem em Deus devem buscar a vanguarda dos que procuram novos conhecimentos. Os que creem em Deus têm muitas vezes levado a ciência ao passado. Entretanto, com muita frequência hoje em dia, os cientistas sentem-se constrangidos em admitir suas visões espirituais. Somam-se a esse problema os líderes de igrejas, que em geral parecem fora de sintonia com as novas descobertas cientifica, correndo o risco de atacar as perspectivas da ciência sem uma compreensão total dos fatos. As consequências disso podem fazer a Igreja cair no ridículo, afastando quem está buscando a Deus com sinceridade, em vez de lançar essa pessoa nos braços Dele. Em provérbios 19:2, há uma advertência contra esse tipo de fervor religioso, bem-intencionado, mas desinformado: “Não é bom agir sem refletir”.
Os crentes em Deus fariam bem em seguir a orientação de Copérnico, que encontrou, ao descobrir que a Terra girava em torno do Sol, uma oportunidade de celebrar, em vez de diminuir a grandeza de Deus: “Conhecer as obras poderosas de Deus; compreender Sua sabedoria e majestade e poder; apreciar, em certo grau, o maravilhoso trabalho de Suas leis, sem dúvida, tudo isso deve ser uma maneira agradável e aceitável de louvar o Altíssimo, a quem a ignorância não pode ser mais grata que o conhecimento”.

Um recado aos cientistas
Se você é daqueles que acreditam nos métodos da ciência, mas permanece cético em relação à fé, este seria um bom momento para se perguntar que obstáculos estão em seu caminho na busca de uma harmonia entre essas duas visões de mundo.
Você tem se preocupado porque a crença em Deus exige retroceder à irracionalidade, esquecer-se do compromisso com a logica ou mesmo cometer suicídio intelectual? Espero que os argumentos apresentados neste breve artigo permitam, ao menos, um antidoto parcial a esse ponto de vista e que o convençam de que, de todas as visões de mundo possíveis, a ateísta é a menos racional.
Você se irrita com o comportamento hipócrita dos que professam uma crença? Entenda que a água pura da verdade espiritual é transportada em recipientes enferrujados, aos quais chamamos de seres humanos. Assim, não se surpreenda se, às vezes, essas crenças fundamentais ganhem distorções graves. Portanto, não baseie sua avaliação da fé nos comportamentos que vir em um ou outro individuo ou em religiões organizadas. Em vez disso, baseie-se nas verdades espirituais e atemporais que a fé apresenta.
Você está sofrendo em decorrência de algum problema filosófico especifico referente à fé, como, por exemplo, por que um Deus de amor permite o sofrimento? Admita que uma grande parcela do sofrimento é trazida a nós por causa de nossas ações ou de ações de terceiros e que, num mundo onde humanos praticam o livre-arbítrio, isso se torna inevitável. Embora seja difícil aceitar isso, a ausência total de sofrimento talvez de nada interessasse ao nosso crescimento intelectual.
Você apenas não se sente à vontade ao aceitar a ideia de que os instrumentos da ciência são insuficientes para responder a qualquer pergunta importante? Esse, em particular, é um problema para cientistas, pois eles comprometeram sua vida à verificação experimental da realidade. Dessa perspectiva, admitir a incapacidade da ciência para responder a todas as questões pode ser um soco em nosso orgulho intelectual – mas esse soco precisa ser reconhecido, assimilado e aprendido.
Essa discussão sobre espiritualidade deixa você desconfortável por sentir que o reconhecimento da possibilidade de Deus talvez traga novas exigências à sua vida, no que concerne a planos e atitudes? E ainda posso testemunhar que chegar ao conhecimento do amor e da graça de Deus fortalece em vez de aprisionar. Deus está no ramo da libertação e não da carceragem.
E enfim, você simplesmente não teve tempo de considerar de maneira séria a visão de mundo espiritual? Neste mundo moderno, muitos de nós disparamos de uma experiência para outra, tentando negar nossa mortalidade e adiando qualquer reflexão séria acerca de Deus até algum instante, no futuro, em que acharemos que as circunstancias estão corretas.
A vida é curta. O índice de mortalidade será diferente para cada pessoa num futuro previsível. Abrir-se para a vida do espirito pode ser uma experiência enriquecedora. Não fique protelando a reflexão sobre essas questões de significado eterno até que uma crise pessoal ou a idade avançada o obrigue a reconhecer o empobrecimento espiritual.

Créditos: Francis S. Collins, livro “A linguagem de Deus pg 233 a 236”.
Título inspirado na música de Joan Osbourne – “One of us”.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Essa Sou Eu! (Poesia Homenagem a Vander Lee)



Ora triste ora alegre. 
Ora tudo ora nada. 
Ora abrigo ora abandono. 
Essa sou eu! 

Indo e vindo
em minha legião de sentimentos 
confusos, complexos, paradoxos... 
Essa sou eu! 

Tão lua no sol e tão só na lua. 
Entre a ventania e a calmaria. 
Essa sou eu! 

Nem tão puta, nunca santa. 
Tão de direita e perfeita no meu avesso. 
Na beira do choro
na lágrima mais profunda.
Essa sou eu! 

Tão mulher, tão louca, tão benta, 
tão beata, tão descrente, tão vadia, 
tão mundana, tão fada, tão bruxa, 
tão tua, tão dela, tão sozinha, 
tão casa, tão rua, tão vestida, tão nua...
Essa sou eu!

Tão frase de boteco, 
tão poesia de Neruda, 
tão teatro de esquina,
tão tela de museu,
tão pérola, 
tão metal...
Essa sou eu!

E se você não entende, 
não se preocupe, 
nem se culpe, 
só me dê a mão.
Porque hoje eu sou vontade
e amanhã liberdade.
Hoje sou eu aqui
amanhã não sei. 
Hoje sou Amor
amanhã posso ser prazer. 
Por que?
Por que essa sou eu!
( Waleska Zibetti)

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Melancholy

Chove lá fora...
Olhar distante pela janela. Vejo pessoas, imagino vidas, imagino apenas toques, olhares e sempre o mesmo sorriso.
Violetas, margaridas e girassóis pela janela dão as cores para esse dia nublado, quanto lá fora, quanto em meu coração.
Pensamentos, imaginações, sentimentos, vazios de alma, euforia...
O que nos leva a limitada percepção de algo sempre nos deva surpreender seja perfeito e eterno?
Ah melancolia!!!!
Porque tu chegaste neste desabrochar do novo dia?
Que faz doer sem precisar apelar para o tato. Que pede um berro e é silenciado pela falta de voz. Essa melancolia o alegra e dá algum sentido a ele. Ou, pelo menos, faz achar que tem algum sentido. Não sabe em que rua se perdeu.
Um texto muitas vezes não quer dizer nada como para aquele que está triste precisa daquelas palavras para levantar-se a moral e à cabeça e confiar que pelo menos hoje tudo ficará bem.
Ah melancolia!!!
Você que assim como o medo, é assombrosa, paralisa tudo ao nosso redor, toda a nossa vida e toda a nossa vontade de sonhar. Ninguém pode explicar essa angústia silenciosa de quem sofre sem razão. Nem a própria razão consegue desvendar os segredos desse cofre guardado no peito. Rasga a pele e traz para mais perto o que imagina que seja o motivo. 
Mas o velho amigo ainda está lá, com uma expressão triste e falseada no rosto. É como se ele soubesse que, no fim das contas, se questionar demais é admitir a tristeza.
Saudades, ausências, partidas, incertezas, dúvidas, impermanência...
As horas passam devagar e o olhar distante continua naquela mesma janela. Continuo a pensar, qual será o desenrolar de mais esse capítulo que é o dia de hoje?
E a paisagem na janela serve para me perder: perder nas nuvens gris, parada pelo balanço das flores. Deixa a vontade de sentir essa brisa e com ela os bons ventos que hão de me levantar para seguir por mais essa jornada!
A busca justifica a vida. E ainda sobra a esperança.


Até o próximo texto
Au Revoir

sábado, 8 de novembro de 2014

Viver

Mas era apenas isso,
era isso, mais nada?
Era só a batida
numa porta fechada?

E ninguém respondendo,
nenhum gesto de abrir:
era, sem fechadura,
uma chave perdida?

Isso, ou menos que isso
uma noção de porta,
o projecto de abri-la
sem haver outro lado?

O projecto de escuta
à procura de som?
O responder que oferta
o dom de uma recusa?

Como viver o mundo
em termos de esperança?
E que palavra é essa
que a vida não alcança?
 

Andrade, Carlos Drummond de. As Impurezas do Branco. Rio de Janeiro. Companhia das Letras: 1973. 168p.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Viajando Com Waly Salomão






Conheci esse autor por acaso. Nunca ninguém havia me falado dele ou citado uma frase dele sequer para mim. Mas um dia eu estava procurando Walt Whitman e me deparei com Waly Salomão. Essas coisas que não acontece com ninguém, mas com Waleska tudo é diferente. 

Waly entrou em mim com seu jeito de dizer tudo sem compromisso. É assim que eu viajo com ele nas ideias dele. Sem compromisso do agrado ou do certo e errado. 

Ele é tipo de vício químico. Leu uma vez, não esquece, não para. Pior ainda! Reflete dentro dele ou a partir dele. Sei lá! Na verdade, aço que sei , mas não sei explicar. Waly é Waly. É assim ponto e pronto!

O livro que proponho para nossa viagem é “Tarifa de Embarque”. Tomem seus lugares e, por favor, não se assustem com nada que lerão. Poesia é isso aí: contato com o intrínseco, o “nós mesmo”. Então, nada de cair do assento. Afivelem-se bem para essa leitura de mim pelas palavras de Waly Salomão. Um trecho dele e um pedaço de mim em meus pensamentos íntimos. Só se entreguem a viagem, só se deixem ir; porque viajar sozinho é ruim. 

Ouçam! Já soa o apito. O trem já vai saindo. Lá vem ideia... Lá vamos nós!!!


“Estamparam um desenho de Tarsila na paisagem
Menino que pega ovo no ninho de seriema.
Pessoas sentadas nos bancos de calcário
Dão a vida por um dedo de prosa”
(Waly Salomão, in “Tarifa de Embarque”)



As imagens que se formam em meus pensamentos quando leio esse trecho de poema, são todas da cidade de minha avó. Pequenos recortes de minha infância. A Praça Sete e a igreja. O cemitério e os bares. Sinto falta daquilo que na época era tão desimportante. Nada existe como antes nem em mim nem na cidade. Está tudo tão distante. Foi para longe no caixão de minha avó. 

“Que o poeta brutalista é o espeto do cão. 
Seu lar esburacado na lapa abrupta. Acolá ele vira onça
e cutuca o mundo com vara curta”
(Waly Salomão, in “Tarifa de Embarque”)


O duelo de um poeta e seus sentimentos eu já presenciei várias vezes. Ele ergue a caneta e retalha a página branca com seus pensamentos ferozes. Morte, amor, paixão, sorte; tudo vira enxurrada de versos. Cada movimento da caneta um pensamento abortado ou parido. A dureza do poeta é em verso, redondilha, matematicamente alexandrino.  Loucos armados de tinta e folha caçar gigantes ideias que os simples não alcançam pois estão condenados a ser pobres Dulcineias e Sanchos.

“Me envie sinais.
Não fique sem me dizer nada. 
Quero me certificar que não foi interceptada 
minha mensagem para um Destinatário Especial: você”
(Waly Salomão, in “Tarifa de Embarque”)


Em um reino distante um rainha anseia a volta de seu rei. Um minuto vira ano. A saudade é maior que qualquer castelo já erguido. Onde estás que não responde ao grito de amor que jorra de um olhar?

“Fiz tudo ao contrário... Sou todo ao convulsivo...”
(Waly Salomão, in “Tarifa de Embarque”)


Esperam que eu vá pela direita, fujo, então, pela esquerda. Pedem para que eu ande em linha reta e eu ziguezagueio pelas pessoas. Sou a esquerda, o oposto, o inverso Eles buscam coerência, eu idolatro a loucura. Eles lutam pelo linear, eu admiro espirais expandidos por aí pelos céus, pelos ares. Eles refletem, eu experimento. Eles chão, eu vento. Tão senhores de si, eu tão minha menina. Noite, cafuné, beijo sem promessa. Ah, sou essa que indaga o porquê que não se encontra. E se não houver mesmo o tal porque? Que engraçado seria se de repente descobrissem que tudo que dizem ser verdade são apenas mentiras. Os mais frágeis morreriam e o mundo seria o reino dos loucos de amor. 

“Joguei meu lenço pra cima
nos ares virou açucena
você gosta da cor alva
eu gosto da cor morena”
(Waly Salomão, in “Tarifa de Embarque”)


Mistura doce que me impregna 
a pele mulata tão mítica
é quente e fogosa minha cor
gosto mesmo ser morena, meu senhor!

“Escrever poesia é como surfar”
(Waly Salomão, in “Tarifa de Embarque”)


Curte a marola meus dias sem glória.
Curte a revolta meus dias de luta.
Curte a maresia meus dias de nostalgia.
Curte as enchentes meus dias doentes.
Curte o frescor meus dias de amor
O mar, para mim, é tudo!

“Pelas ondas sabem-se os mares
lambem-se as margens”
(Sutra, in “Sailormoon” – 

citado em “Tarifa de Embarque” 
de Waly Salomão)


Observe-me pela fresta e me verá tão parcialmente quanto qualquer outro. Espero alguém que me escancare que encare o monstro de frente, o enfrente. Alguém capaz de ampliar-me, mostrar-me meus pontos além do horizonte. Alguém para ser meu mar onde meu eu veleje e se perca das margens, do rumo. Quero alguém que me explore sem bussolas. Guiando-se apenas pelas minhas estrelas loucas que nunca estão no mesmo lugar. Porque gente como eu precisa ter no outro um mundo inteiro. Quero alguém oceano onde o meu eu aventureiro possa se espalhar em aventuras apaixonadas. 

Observe-me pela porta aberta e me verá na íntegra, o que integra minha terra e meu éter. Absorva-me, me inspire, me envolva, me alongue em si, me transborde de ti. Esse é o alguém que procuro. 

“Sou sírio. O que é que te assimbra,
estrangeiro, se o mundo é a pátria em 
que todos vivemos, paridos pelo caos?”
(Waly Salomão, in “Tarifa de Embarque”)


Pariu-me uma prostituta carioca no fim de 71 e deu-me filhote para uma boa senhora criar-me.  A doce senhora eu chamei de mãe. Amei-a. Educou-me para amar. Amei, por fim, aquela que me pariu. Amor é um aprendizado. Infelizmente, não aprendi a amar direito. Quero muito ainda sabê-lo. Hoje tenho filhos. Eu os amo! Mas ainda penso que amo errado. Porque não entendo o amor no ato da prostituta e também não o entendo na educação da boa senhora. Só entendo o amor que dou aos meus filhos. Esse sim é grande. Enorme! Mas queria mais. Queria entender o amor de Eros. Esse das histórias do para sempre. Mas acho que uma parte de mim continuará sempre carente. Aquela parte de filhote de prostituta. 

“Perambule
- as divindades te dotam deste único talento”
(Waly Salomão, in “Tarifa de Embarque”)


Aprende a arte de caminhar
Pela vida, pelos povos, por ti.
Aprende a notar o caminho
o detalhe dele
as cores que não são as mesmas 
pela manhã e ao entardecer.
Aprende a caminhar pela tua história
e entenderá que o acaso
é uma rodovia de belas paisagens.

“Você parece uma dama
que carece de acalanto”
(Waly Salomão, in “Tarifa de Embarque”)


Dorme minha pequena menina dentro dessa mulher crescida e acrescida de tantos danos. Caos humano! Dorme e faça leve o acordar da mulher endurecida, lapidada a duros cortes de navalha. Dorme e não amadurece nunca porque em ti dorme junto a esperança de que um dia a mulher descansa em paz além de tudo e sobre tudo no voo pleno de uma borboleta que de tão azul vira céu.

“Todo mundo sabe, sou uma lisa flor de pessoa, 
Sem espinho de roseira nem áspera lixa de folha de figueira”
(Waly Salomão, in “Tarifa de Embarque”)


Sou doce de fundo azedo. Pitanga! Sou caudalosa, macia, saborosa. Manga! Sou um pouco de tudo que é fruta e flor. Sou gente, as vezes. Acho melhor ser flora e fauna e mito. A morena cor de canela com cheiro de rosa. Sou poesia! Mas quando ele chega com jeito de cravo... Ah, me perdoem senhores, mas sem pudores me abro em prosa. 

“Na minha mente é que as rosas desabrocham
E esplendem
E aí quedam”
(Waly Salomão, in “Tarifa de Embarque”)


Faz-me a gentileza de olhar-me nos olhos e ver o porquê dos meus jardins e dos meus pântanos. Faz-me o favor de não parar na minha superfície se for para viver comigo. Mergulhe em mim e sinta o sabor do que sou envolvê-lo e levá-lo aos meus desejos profundos. Faz-me um agrado e se entregue se quer viver comigo. Não sei lidar com o superficial, o pequeno, o estreito, o limitado. Entenda, por favor, essa minha loucura de ser mais e tudo. 

Meus pensamentos fervilham o tempo todo. Milhões de vozes e vidas me povoam. São mares e oceanos, terras e infinito. Alguns deles habitam jardins floridos e outros se lançam em abismos profundos. Vejo beleza nas rosas, mas acho fascinantes os espinhos. 

“Fora de fábula
Nenhum mendigo vira milionário.
Fora de fábula
Nenhum milionário vira mendigo”
(Waly Salomão, in “Tarifa de Embarque”)


As vezes penso que a vida é mais fácil da porta para fora. É que olhando de dentro tudo é mais fácil para os outros. Tudo é mais feliz e bonito. Famílias não se odeiam, filhos são perfeitos, maridos não arrotam na sala vendo TV... É tão mais madura a manga na esquina que minha boca saliva. Não é inveja! É só vontade de pisar lá fora. Mas sei que se eu pisar, vou encarar uma cruel realidade de que fora dentro do outro portão a vida também é uma merda. 

Desembarque, senhores! Hora de trocar de trem, de história, de rumo. Para onde você vai? Eu nunca saberei, não é mesmo? Mas o bom é saber que em todo caminho há sempre o ponto do reencontro. E nós, em breve, nos encontraremos para uma nova viagem em outro livro.

Até lá!