sábado, 22 de agosto de 2015

Os Miseráveis: Parte 1




Os Miseráveis é uma obra literária de Vitor Hugo de 1862 contando uma história que se passa na Revolução Francesa. A obra mostra a sociedade francesa sem o glamour e paparicos como sempre são mostrados. Mas não falarei sobre o livro (até porquê não o li ainda). Falar-vos-ei (adoro isso) da ópera que saiu do livro. Com música de Boublil e Schönberg a ópera de “Os Miseráveis” é uma das produções que entrou para história do teatro e do cinema mundial.

Quero deixar claro que em alguns momentos citarei partes da ópera e usarei a forma em inglês, não para aparecer, mas para permitir que procurem na internet e vejam como se apresenta.

Início

A ópera começa com vários presos trabalhando num tipo de mina, gritando uns para os outros para manterem seus olhares baixos e não olhar para os guardas. Em determinado momento chega o Inspetor Javert (meu personagem favorito) e chama o preso 24601, Jean Valjean. Explico-lhes que na trama Valjean é o protagonista e Javert é seu arqui-inimigo. Javert dá a Valjean uma carta que o permite uma condicional. Nessa condicional Valjean conhece um bispo que o dá esperança, mostrando-lhe as palavras de Deus. Valjean se vê um novo homem e foge, quebrando sua condicional.

Nesse início vemos que os presos eram tratados como escravos quando Valjean diz “I know the meaning of those nineteen years a slave of the law” (Eu sei o significado desses dezenove anos como um escravo da lei). Outro aspecto é que ele passa os dezenove anos preso porque tentou fugir algumas vezes. O crime de Valjean foi roubar uma casa, pois sua irmã passava fome, mas depois de preso ele tentou fugir e de cinco anos ele aumentou para quase vinte. Depois, quando Valjean vai trabalhar antes de conhecer o bispo, que os presos são vistos como seres inferiores e “sujos”, pois ele recebe menos que uma pessoa normal, justo porque ele esteve preso. “You broke the law, it’s there for people to see. Why should you get the same as honest men like me?” (Você quebrou a lei, está lá para as pessoas verem. Por que deveria ganhar o mesmo que pessoas honestas como eu?) Essa é a fala de um comerciante para qual Valjean trabalha, essa condição é repetida até hoje. Eis que ele conhece o bispo que o abriga, dá-lhe comida, água e um pouco de dinheiro, mas Valjean tenta passar a perna no bispo e trazido de volta pelos soldados para poderem prender-lo, mas o Bispo defende o prisioneiro, mas o adverte que a partir de então Valjean deveria se tornar um homem honesto, pois Deus o havia tirado das trevas e o bispo havia comprado a alma dele para Deus (by the witness of the martyrs, by the Passion and the Blood, God has raised you out the darkness. I have bought your soul for God). Nesse momento Valjean decide ir embora e mudar de vida (Valjean’s Soliloquy – “Jean Valjean is nothing now, another story must begin”)

Passam-se dez anos: Valjean foge e se torna prefeito de uma cidade e dono de uma fábrica, Javert persegue-o, mas com o tempo esquece e começa, sem saber, a trabalhar na mesma cidade que ele. Na fábrica de Valjean os trabalhadores aguardam o pagamento que é mínimo e para piorar, Fantine uma mãe solteira que mandou sua filha morar com outras pessoas para ser cuidada, precisa de um aumento, pois sua filha está doente e quase morrendo. Mas Fantine se recusa a deitar com os capangas da fábrica. Uma das moças da fábrica começa uma briga com Fantine e Valjean impede a briga, mas toda a fábrica se volta contra ela e, por fim, ela é demitida da fábrica, neste momento é cantada a ária mais conhecida dessa peçaI Dreamed a Dream. Sem emprego e precisando manter a criança ela vira prostituta para poder continuar mantendo a menina.

Nos dias de hoje isso acontece, mulheres que se prostituem para salvar suas crianças que foram abandonadas pelo pai, como Fantine e Cosette foram. Então vem um monte de gente dizer que ela escolheu a forma de ganhar dinheiro fácil (creio eu que não é nada fácil) e lhes mostrarei o porquê. 

Fantine fica doente. Mas continua seu trabalho e um homem a chama, mas ela o nega. Os dois brigam e Javert aparece, o homem diz que Fantine o atacou e que ele, “inocente pobre coitado”, não teve nada a ver com isso. Javert prepara-se para prendê-la. Fantine implora a Javert, que é irredutível e cruel, ela conta sobre a filha. “... save your breath and save your tears. Honest work, just reward, that’s the way to please the Lord” (…poupe seus suspiros e lágrimas. Trabalho honesto, recompense justa, este é o caminho para os favores do Senhor). Valjean intercede por Fantine e reconhece seu rosto, mas não sabe de onde e pede a ela uma forma de ajudá-la, mas ela se sente ferida por Valjean dispensa-o “Monsieur, don’t mock me now, I pray. It’s hard enough, I’ve lost my pride. You let your foreman send me away. Yes, you were there and turned aside…” (Senhor, não zombe de mim, implore. É difícil demais eu ter perdido meu orgulho. Você deixou seus capatazes me mandarem embora. Sim, você estava lá e se virou). Valjean, atordoado pelo o que tinha feito, tenta mudar a situação e a leva para o hospital, para o espanto de Javert.

Um acidente acontece e uma carroça cai em cima de um homem, Valjean por ser novo e forte o ajuda e tira o rapaz debaixo da carroça. Javert fica impressionado e desconfiado com a força do “monsieur le Mayor” (assim se referia ao prefeito). Valjean fica assustado e se lembra de seu passado (Who Am I). Valjean perguntasse se ele pode dizer quem é. Valjean perguntasse quem ele é. E por fim assume: “Who Am I? I’m Jean Valjean. And so, Javert, you see it’s true. This man bears no more guilt than you. Who am I? 24601” (Quem sou eu? Sou Jean Valjean. Então, Javert, você vê a verdade disto. Este homem não pode mais suportar mais culpa do que você. Quem sou eu? 24601)

Já morrendo, Fantine sonha com sua filha. Valjean, então, chega até ela e promete-a que cuidará da menina Cosette. Como último pedido Fantine diz “for God’s sake, please stay till I am sleeping and tell Cosette I love her and I’ll her when I wake” (Pelo amor de Deus, por favor fique (Valjean) até eu estar dormindo e conte a Cosette que eu a amo e a verei quando acordar). Antes que Valjean saia do hospital Javert, já consciente da verdadeira personalidade do Prefeito, vem para prendê-lo. O prisioneiro implora para que Javert o deixe ir, pois ele precisa cuidar da criança e promete que voltará para cumprir sua dívida, mas Javert como sempre, se mostra impiedoso. Esse combate é apresentado pela ária Confrontation. Valjean, então, empurra Javert e foge atrás de Cosette.

Cosette é uma doce menina que mora com o Senhor e Senhora Thénardier, dois canalhas de marca maior, estaleiros de pior qualidade e caráter. Cosette não é muito bem tratada e vive como uma escravinha do casal. Perdoem-me minha falta de decoro, mas o casal Thénardier são personagens que podem entrar no hall da fama dos personagens desprezíveis. De todas as óperas, filmes, séries, livros e desenhos animados os Thénardier conseguem superar quase todos. São mais covardes que o Rabicho de Harry Potter, mais falsos que o Bispo da França dos Três Mosqueteiros, mais hipócritas que o Padre de O Corcunda de Notre Damme, entre outros adjetivos que eu não posso dizer.


Voltando a história. Cosette sonha com um lugar onde ela será amada e onde não tem que trabalhar como chama seu Castle on a Cloud”. Enquanto isso o Sr. Thénardier engana e rouba seus hóspedes, quando este se diz o Master of The House. Valjean chega à hospedaria e diz que vai levar Cosette embora, mas que pagará por ela, para ressarcir os gastos que o casal teve com a menina. O casal tenta convencer Valjean a não levá-la, mas ele já está decidido, até porque viu a menina sofrendo no frio. Depois que Valjean consegue libertar Cosette eles vão embora para Paris. Agora acrescente mais dez anos à história.