quinta-feira, 30 de julho de 2015

Inutilidade (Correio feminino) Clarice

Este será o último post do mês de julho, referente a sessão Correio Feminino de Clarice Lispector.
Já estou sentindo saudades.
Clarice foi uma mulher apaixonante, muito cheia de conselhos para passar adiante e uma mulher de muita cultura. Espero que tenham gostado desse pequeno resgate dos pensamentos femininos de uma moça sabichona dos anos 40/50.



Quando Fazemos tudo para que nos amem... e não conseguimos, resta-nos um último recurso, não fazer mais nada. Por isto digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado... melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram.
Não façamos esforços inúteis, pois o amor nasce ou não espontaneamente, mas nunca por força de imposição.
Às vezes é inútil esforçar-se demais... nada se consegue; outras vezes, nada damos e o amor se rende a nossos pés.
Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido.
Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer.
Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor e falhado, resta-nos um só caminho: o de nada mais fazer.


Clarice faleceu em dezembro de 1977, aos 56 anos de adenocarcinoma de ovário.