Já
li alguns livros de Paulo Coelho e sempre me encanto com a maneira que ele tem
de “falar comigo”.
Com
esse romance foi um pouco diferente vivi uma “Relação de Amor e Ódio” com a
heroína da trama. Ora me identificando ora a constatando ora deixando-a na mais
completa indiferença.
Paulo
Coelho tentou tocar em pontos muito delicados em um relacionamento: rotinas e
suas conseqüências. De certa forma ele conseguiu. Numa escala de zero a dez,
daria oito ao livro.
De
qualquer forma fica aí o resultado das reflexões de minha leitura.
Boa
Viagem!
“Toda manhã,
quando abro os olhos
para o que chamam “novo dia”,
tenho vontade de fechá-los outra vez
e não me levantar da cama. Mas é preciso”
para o que chamam “novo dia”,
tenho vontade de fechá-los outra vez
e não me levantar da cama. Mas é preciso”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Quantas vezes pedi a Deus que tudo se
transformasse em silêncio ou que o tempo parasse para não ter que encarar o dia
além do meu quarto. Há dias em que é difícil acreditar em “recomeço”. Em certas
fases a vida fica inteiramente vestida de “ontem”.
“- Não tenho o
menor interesse em ser feliz.
Prefiro viver apaixonado, o que é um perigo,
pois nunca sabemos
o que vamos encontrar pela frente”
Prefiro viver apaixonado, o que é um perigo,
pois nunca sabemos
o que vamos encontrar pela frente”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
A minha felicidade passa pela paixão.
Preciso estar apaixonada para me sentir impulsionada para o amanhã. E o objeto
da minha paixão pode ser um livro ou um homem. Não importa! O que importa é que
me tire o sono e alguns suspiros.
“Não dou nenhum
passo em falso,
porque sei que posso estragar tudo.”
porque sei que posso estragar tudo.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
É preciso conhecer-se para não cair em
armadilhas. É preciso experimentar a vida, mas não permitir que ela nos
experimente, roubando-nos de nós em frustrações e decepções.
“Imagino que
paixão seja para os jovens
e a ausência dela deve ser normal na minha idade.
Não é isso que me apavora.”
e a ausência dela deve ser normal na minha idade.
Não é isso que me apavora.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Há uma idade para a paixão? Isso me
parece sandice! A paixão para mim é um sentimento inspirador e não há idade
para inspirações chegarem. Há? O que creio ser diferente é a compreensão desse
sentimento. Com o tempo sabemos que a paixão passa e vira cada coisa qualquer.
Sabemos que ela é um sentimento livre e não faz questão de ficar por muito
tempo. Logo, é preciso vivê-lo intensamente, esquecendo-se do amanhã. Amanhã é
um tempo pertinente ao amor. Para a paixão temos o hoje.
“Algumas
pessoas dizem que,
à medida que o verão se aproxima,
começamos a ter idéias meio esquisitas,
nos sentimos menores porque passamos mais tempo ao ar livre
e isso nos dá a dimensão do mundo.
O horizonte fica mais distante,
além das nuvens e das paredes de casa.”
à medida que o verão se aproxima,
começamos a ter idéias meio esquisitas,
nos sentimos menores porque passamos mais tempo ao ar livre
e isso nos dá a dimensão do mundo.
O horizonte fica mais distante,
além das nuvens e das paredes de casa.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Sou verão. Sou amplitude. Sou além dos
muros. Sou consciência de um mundo mais amplo.
“Quando chega a
noite e ninguém está vendo,
eu me apavoro por tudo:
a vida, a morte, o amor e a falta dele,
o fato de todas as novidades estarem virando hábitos,
a sensação de que estou perdendo os melhores anos da minha vida
em uma rotina que irá se repetir até que morrer
e o pânico de enfrentar o desconhecido,
por mais excitante e aventureiro que seja.”
eu me apavoro por tudo:
a vida, a morte, o amor e a falta dele,
o fato de todas as novidades estarem virando hábitos,
a sensação de que estou perdendo os melhores anos da minha vida
em uma rotina que irá se repetir até que morrer
e o pânico de enfrentar o desconhecido,
por mais excitante e aventureiro que seja.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Absurdamente eu no fim do casamento. E
tudo ia parar em anotações, versos e, fatalmente, lágrimas.
“Morro de medo
de que meu marido acorde e pergunte:
‘O que está acontecendo, meu amor?’
Porque eu teria que responder que está tudo bem.
Pior seria – como já aconteceu duas ou três vezes no mês passado –
se assim que nos deitássemos ele resolve
pôr a mão na minha coxa,
subi-la devagar e começar a me tocar.
Posso fingir orgasmo
– já fiz isso muitas vezes -,
mas não posso simplesmente decidir ficar molhada”
‘O que está acontecendo, meu amor?’
Porque eu teria que responder que está tudo bem.
Pior seria – como já aconteceu duas ou três vezes no mês passado –
se assim que nos deitássemos ele resolve
pôr a mão na minha coxa,
subi-la devagar e começar a me tocar.
Posso fingir orgasmo
– já fiz isso muitas vezes -,
mas não posso simplesmente decidir ficar molhada”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Fazer amor me parece a pior nomenclatura
que se pode dar ao sexo. É como se amor pudesse ser determinado pela quantidade
de intensidade da transa. Transei tantas vezes sem querer no meu casamento que
meu ex deve ter pensado que eu o amaria eternamente. Patético!”
“Não posso
rejeitá-lo por duas noites seguidas
ou ele acabará procurando uma amante,
e não quero perdê-lo de jeito nenhum.”
ou ele acabará procurando uma amante,
e não quero perdê-lo de jeito nenhum.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
A ingenuidade feminina é fantástica. Hoje
eu sei disso! Nossas mães nos ensinam que é preciso saciar nossos homens para
ter um casamento duradouro. Sacanagem! Homem procura amante porque é parte do
ser homem. Graças a Deus hoje está mudando isso e as mulheres sabem que
casamento é duradouro o quanto deve ser. E não é determinado pelo sexo. É todo
o conjunto que forma uma relação.
“Manter o mesmo
fogo depois de dez anos de casamento
me parece uma aberração.
E cada vez que finjo prazer no sexo,
morro um pouco por dentro. Um pouco?
Acho que estou me esvaziando mais rápido do que pensava.”
me parece uma aberração.
E cada vez que finjo prazer no sexo,
morro um pouco por dentro. Um pouco?
Acho que estou me esvaziando mais rápido do que pensava.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Sem comentários
“Afirmam que o
sexo no casamento só é prazeroso mesmo
nos primeiros cinco anos e que depois disso,
é preciso um pouco de “fantasia”.
Fechar os olhos e imaginar que seu vizinho está em cima de você,
fazendo coisas que seu marido jamais ousaria.
Imaginar-se sendo possuída por ele e por seu marido ao mesmo tempo,
todas as perversões possíveis e todos os jogos proibidos.”
nos primeiros cinco anos e que depois disso,
é preciso um pouco de “fantasia”.
Fechar os olhos e imaginar que seu vizinho está em cima de você,
fazendo coisas que seu marido jamais ousaria.
Imaginar-se sendo possuída por ele e por seu marido ao mesmo tempo,
todas as perversões possíveis e todos os jogos proibidos.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Absolutamente Verdade!
“Entretanto,
depois de determinada idade,
é importante fazer coisas irrelevantes para passar o tempo,
mostrar aos outros que nosso corpo ainda funciona bem.”
é importante fazer coisas irrelevantes para passar o tempo,
mostrar aos outros que nosso corpo ainda funciona bem.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Eu tenho medo da velhice inútil que passa
o dia vendo TV e fofocando. Tenho medo da limitação que me ataria a um outro
pela dependência. Se fosse possível só amadurecer, eu preferiria, mas o corpo
vai junto se arrastando. Essa merda de invólucro patético que aprisiona almas
libertárias como a minha.
“E de repente,
sem nenhuma explicação razoável,
entro no chuveiro e caio em prantos.
Choro no banho porque assim ninguém pode escutar
meus soluços e fazer a pergunta que mais detesto ouvir:
“Está tudo bem com você?””
entro no chuveiro e caio em prantos.
Choro no banho porque assim ninguém pode escutar
meus soluços e fazer a pergunta que mais detesto ouvir:
“Está tudo bem com você?””
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Deus, quantas vezes fiz e faço isso! Me
escondo no banho para ter um pouco de direito a fragilidade. Há momentos que
tudo que peço é o silêncio e um abraço morno onde me desligo de tudo. Mas tudo
tem um preço. O abraço não seria me dado de graça. O silêncio não existe quando
há jovens em casa. Então, entro no chuveiro e tento apagar o redor com a cabeça
embaixo da água.