sábado, 16 de agosto de 2014

Noventa e Quatro Vezes Bukowski



Hoje ele estaria completando 94 anos de idade e eu me pergunto o ele diria sobre isso. Provavelmente Charles Bukowski tragaria seu charuto e olharia o céu com ar de desdém para depois me dizer algo como “Se Deus existe, Ele me esqueceu nessa porra de lugar!”.

Poeta, contista e romancista estadunidense nascido na Alemanha, Bukowski tem como marca uma literatura crítica, cética e fria baseados na atmosfera das ruas de Los Angeles. Sua escrita já foi tachada de nojenta e odiosa por alguns críticos. Mas as influências de Hamingway e Dostoiévski deram-lhe charme e o imortalizaram como um dos melhores da literatura contemporânea. Aclamado por um público ávido por uma literatura cuja identificação fosse mais imediata.

Seus pensamentos loucos estão presente em algumas letras de canção de bandas como Anthrax, Apollo 440,Bad Radio (uma das bandas de começo de carreira de Eddie Vedder, vocalista da banda Pearl Jam), Red Hot Chili Pepers entre muitas outras. E alguns contos foram adaptados para o cinema.

Seu talento nato somado a uma vida turbulenta que foram desde o espancamento por parte do seu pai até uma saúde frágil na adolescência levaram Bukowski a produzir alucinadamente contos e poesias que inquietam seus leitores. Seu mundo atormentado e distorcido, totalmente fora dos padrões impostos pela sociedade de sua época. E ele transcrevia essa realidade em textos quase autobiográficos. Foram cerca de 50 livros e milhares de publicações baratas.

Em março de 1994, aos 73 anos, Charles Bukowski despede-se da vida vítima de uma leucemia. Em sua lápide está escrito “Don’t try!”. Eu acredito que seja um alerta aos escritores amadores que se espelham nele para não tentarem ser como ele. Até porque acho que poucos conseguiriam transformar o universo “podre” em que ele vivia em poesia, a sarjeta em algo natural, a prostituição em arte.

E para terminar, um pouco de Bukowski por Bukowski.

"Nunca me senti só. Gosto de estar comigo mesmo. Sou a melhor forma de entretenimento que posso encontrar”
(Charles Bukowski)

“Essas palavras que escrevo me protegem da completa loucura”
(Charles Bukowski)

Me sinto bem em não participar de nada. Me alegra não estar apaixonado e não estar de bem com o mundo. Gosto de me sentir estranho a tudo..."
(Charles Bukowski)

Cheguei numa fase da minha vida que vejo que a única coisa que fiz até agora foi fugir, fugir de mim mesmo, do meu nada, e agora não tenho mais para onde ir, nem sei o que vou fazer, fui péssimo em tudo.”
(Charles Bukowski)

Não, eu não odeio as pessoas. Só prefiro quando elas não estão por perto.”
(Charles Bukowski)

Tudo o que era mau atraía-me: gostava de beber, era preguiçoso, não defendia nenhum deus, nenhuma, opinião política, nenhuma ideia, nenhum ideal. Eu estava instalado no vazio, na inexistência, e aceitava isso. Tudo isso fazia de mim uma pessoa desinteressante. Mas eu não queria ser interessante, era muito difícil.

(Charles Bukowski)