quarta-feira, 1 de abril de 2015

Quem Nunca... - Leitura do livro "Adultério" de Paulo Coelho (Parte Três)



Mais um Pouco de “Adultério”!

“Alguém pode ser obrigado a pedir perdão
por despertar um amor impossível? Não de maneira nenhuma.
Porque o amor de Deus por nós também é impossível.
Nunca será correspondido à altura, e mesmo assim
Ele continua a nos amar.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Acho que o amor Ágape é o único que podemos investir com a certeza de que não corremos risco. Estão tentando banalizar Deus por aí. Problema! Meu amor por Deus é inabalável e nunca me arrependi dessa fé cega. Deus é para mim o primeiro amor e a condição básica para que eu ame qualquer outro.

“Muitas vezes escutamos o que parecem ser
grandes ideias para transformar o mundo.
Mas são palavras ditas sem emoção, vazias de Amor.
Por mais lógicas e inteligentes que possam ser, não nos tocam.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Ainda verei o dia em que algo tentará vender o amor em saquinhos de chá. É cada coisa que vejo e leio por aí! Teorias mirabolantes para se ser feliz, se encontrar, se realizar... Se você for colocar tudo em prática você terminará louco. Bom, de certo modo, feliz, encontrado, realizado, já que na loucura podemos tudo. Ou quase!

“Por que o Amor é mais importante que a Fé?
Porque a Fé é apenas a estrada que nos conduz ao Amor Maior.
Por que o Amor é mais importante que a Caridade?
Porque a Caridade é apenas uma das manifestações do Amor.
E o todo é sempre mais importante que a parte.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Amor, amor, amor... All we need is Love! E voltarmos ao ponto inicial. Por que se complica tanto algo que é tão inerente a nós? Porque tendemos a amar errado. E por que tendemos amar errado? Porque outro sentimento tipicamente humano é o de possuir. E aí queremos possuir a pessoa amada. E amor e posse não se misturam. Amor é o contrário da posse. Amor é doação, é entrega, é libertação. Fácil falar, difícil praticar. Eu sei! Por isso é preciso prática diária! Está disposto? Aposto que não. Sabe por quê? Porque amar também é ter paciência. E paciência não é para todos.


 “Não há nada mais importante que possamos doar
do que o reflexo do Amor em nossa vida.
Esta é a verdadeira linguagem universal (...)
A mensagem do Amor está na maneira como levo a vida,
e não nas minhas palavras ou nos meus atos.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
O amor me salvou várias vezes. Me salvou da solidão, do desespero, da desilusão, de mim. Foi por amor que me levantei muitas vezes e que resisti a minhas intempéries. O amor é farol para minha alma sombria. A minha poesia é carregada de amor e questionamentos sobre ele. Porque é um sentimento que me intriga. Sinto o amor vaguear em mim por baixo da minha pele levando-me a extremos de mim.

“Para encontrar a paz nos céus,
é preciso encontrar o amor na Terra.
Sem ele, não valemos nada.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Amores para se ter na terra: a Deus, aos filhos e a si mesmo. Acho que o mais difícil é aprender a se amar. Ah não, distorce o nariz! Somos sempre nosso maior inimigo. Comecemos com coisas simples tipo a gorda que não se aceita, a magrela que esconde a perna fina, a coroa que usa duzentos recursos para retardar o tempo. Custamos a nos olhar com respeito, aceitando os nossos defeitos. Eu sou dentuça, baixinha e gorducha e me divirto apontando minhas semelhanças com a Mônica. Mas levei um tempão para me aceitar assim. Fiz dietas, me pendurei em traves e só não usei aparelho porque não era comum na minha época. Chorei, me escondi em jeans largão, evitava as pessoas até que alguém me disse “quando se aceitar, você será feliz.”. Não é o que fui mesmo!

“Quando amamos alguém,
não nos contentamos em conhecer apenas sua alma;
queremos saber como é seu corpo. Necessário?
Não sei, mas o instinto nos leva a isso.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Ah, o sabor da pele de quem amamos!... Nessas horas acho que entendo os canibais. Se morder suavemente, chupar apaixonadamente e beber da pessoa amada já nos leva ao êxtase, como deve ser bom devorar-lhes. Calma, senhores, não saiam por ai pensando mal de mim. Estou jogando, divagando. Vamos só comer o juízo do outro para que a entrega seja completa, ok? Queremos gozo, prazer. E vamos nos limitar a isso. Que o deus Eros nos abençoe na conjunção da carne, amém! 


“Viver é tomar decisões e aguentar as consequências.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Seria muita inocência achar que uma vez tomada uma decisão nada aconteceria há dezenas de frases de efeito que nos alertam para isso. Claro que também não dá para passarmos a vida na inércia. Então, o que fazer?Duas opções: Planejar ou arriscar. Eu opto, sempre, pelo arriscar. Planejamento leva tempo e eu sou urgente. Devo antecipar que não sou um bom exemplo a ser seguido. Penso que planejar seja o caminho mais garantido para o sucesso. Mas também o mais chato. Deve ser muito chato fazer tudo de modo linear e coerente. Lembrando o meu amado Bukwoski: “Algumas pessoas nunca ficam loucas. Que vida verdadeiramente horrível elas devem levar”.


“Muita gente diz: o tempo cura tudo. Mas não é verdade.
Pelo visto, o tempo cura apenas aquelas coisas boas
que gostaríamos de guardar para sempre.
Ele nos diz: “Não se deixe iludir, a realidade é esta.””
(Paulo Coelho, “Adultério”)
O tempo cura quase tudo. O que realmente sangra ele adormece, serena, anestesia. Mas curar mesmo, isso não faz não. Acho que sentimentos negativos acabam impressionando mais porque geram medo. Depois do amor, acho o medo o sentimento mais marcante. Veja a história do mundo, por exemplo. É no medo que trabalham os grandes ditadores e facínoras. O medo é o que impede a grande maioria de progredir, de mudar o seu status quo ficando eternamente presos na insuportável linha do “se”. O tempo não cura o “se” também. O tempo só assenta a poeira para que sigamos a diante.


“Existe um buraco em minha alma que drena toda energia positiva,
deixando apenas o vazio.
Conheço o buraco – tenho convivido com ele há meses -,
mas não sei como escapar da armadilha.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Esse “buraco” eu conheço. O meu se tornou um abismo enorme e eu costumava a passar horas a admirá-lo e ele ia aumentando, me separando de tudo, me encurralando num canto. Até que decidi construir uma ponte. Não tinha como me livrar do “buraco”, mas não preciso mais cair nele. Reuni minhas forçar e parti para a luta. Hoje só me isolo quando quero.

“Tudo aquilo que buscamos com muito entusiasmo
assim que atingimos a idade adulta – amor, trabalho, fé –
acaba se transformando em um fardo pesado demais...
 Amar é transformar a escravidão em liberdade”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Lembro-me do filme “A Lenda” – Tom Cruise um menino de treze, quatorze anos. Bom, lá um personagem disse: “O sonho da adolescência é o pesadelo da maturidade”. Hoje eu sei exatamente o que ele quis dizer. Mas porque isso acontece? (Agora serei linchada) Acontece porque as nossas lindas mamães nos fazem acreditar que o príncipe encantado existe e vem no fim da história nos salvar do dragão. O pior é que muitas vezes o dragão é muito mais interessante.   

“Todo mundo tem um lado obscuro.
Todos têm vontade de experimentar o poder absoluto.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Até onde você se conhece? Que pergunta difícil de responder, não é? Em todos nós habita um monstro esperando o momento oportuno para sair. O que liberta esse monstro? Cada um tem o seu limite. O que pode ser a gota d’água para mim pode ser um nada para outro. É preciso estar atento aos sinais. E para entender os sinais é preciso se conhecer. Voltamos ao ponto de partida! É! Acho que a melhor maneira de lidar com a imprevisibilidade que representa cada ser humano é aceitar que ninguém jamais se conhecerá como um todo.

“Somos animais incompreensíveis.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Sem comentários.

“-A velhice é mais traumatizante para aqueles
que acham que podem controlar o passar dos anos.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Sempre levanto esse assunto quando me deparo com alguns famosos deformados de tanta cirurgia plástica. O que há demais em aceitar que o tempo passa e que esse corpo, que nada mais é que um invólucro perece num inevitável desgaste? Eu me orgulho de estar viva e as marcas do tempo no meu corpo são os sinais de minhas vitórias e superações. Sou mais do que esse corpo que demonstra cansaço. Eu sou mais que as atribulações que cansaram meu rosto. E todos deveriam pensar assim. Tão menos arriscado! E tão mais certo de um envelhecimento digno. Bom, pelo menos, é meu modo de ver.

“Não somos aquilo que desejamos ser.
Somos o que a sociedade exige. Somos o que nossos pais escolheram.
Não queremos decepcionar ninguém, temos uma necessidade imensa de ser amados.
Por isso sufocamos o melhor de nós. Aos poucos,
o que era a luz de nossos sonhos se transforma no monstro de nossos pesadelos.
São as coisas não realizadas, as possibilidades não vividas.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Aí terei que discordar com o Paulo Coelho. Algumas pessoas fogem aos parâmetros. Pagam o preço de serem diferentes e fazem diferente do comum. São, para mim, esses que fazem a história. Exemplos? Fácil. Janis Joplin, John Lennon, Raul Seixas, Gandhi... Eles se tornaram formadores de opinião, justo porque não aceitaram seguir na via dos comuns, mas sim serem donos fiéis de suas convicções. E estão aí até hoje. Ícones imortais sendo pensados e repensados por suas atitudes e seus pensamentos.

“Quando soltamos o nosso lado mau,
ele acaba ofuscando por completo o que há de melhor em nós.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Uma das alegorias que uso para entender o lado sombrio de todos nós é o do abismo. Alguns tendem a passar tanto tempo diante dele, olhando–o e repensando-o que se perdem de si e, por vezes, são dragados por esse abismo a ponto de não saber como sair dele. Todos nós temos abismos onde nos afundamos vez ou outra quando a vida aperta. Os mais fortes saem de lá. Embora saibam que nunca saem da mesma forma que entraram. Os mais fracos não saem de lá modificados, e são acompanhas de algo ruim que os leva a rastejar e lamentar o resto da vida. 

“Se não temos medo das trevas,
é porque somos parceiros da luz.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Quem tem medo de escuro? Eu tenho! O escuro sempre retém rostos do passado. Durante a noite, por conta da insônia, é muito comum que eu me pegue no escuro encarando o teto que vira uma tela enorme onde meu passado de saudade começa a desfilar. O escuro é um convite a pensar em quem, provavelmente, ignora a minha existência. É como numa conjunção surreal. O escuro sou eu encarando frágil e deitada na cama o sofrer por passados que nunca voltarão.

“Procure se deixar levar pela noite de vez em quando,
olhar as estrelas e tentar se embriagar com a sensação de infinito.
A noite, com todos os sortilégios, também é um caminho para a iluminação.
 Assim como o poço escuro tem em seu fundo a água que mata a sede, a noite,
cujo mistério nos aproxima de Deus,
traz escondida em suas sombras a chama capaz de acender nossa alma.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Eu deixo! É quando o escrevo. A maioria do que escrevo é na madrugada. Sonhos, fantasias, histórias reais e fictícias. É quando brinco de Deus. Escrever me deixa perto dele porque controlo os destinos. É interessante escrever. Sinto como se fizesse nascer e morrer uma parte de mim. Então fica outra dúvida: Quantas ainda me co-habitam? Isso determinará quanto tempo criativo ainda tenho. Mas estou tranqüila, penso que sou tantas que serei eterna.

“Os homens traem porque está no seu sistema genético.
A mulher o faz porque não tem dignidade suficiente,
e além de entregar seu corpo acaba sempre entregando um pouco do seu coração.
Um verdadeiro crime. Um roubo.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Essa foi a parte que mais me incomodou. Não gosto de generalizações. Acho estúpido! Acho que o ser humano trai e cada traição tem uma desculpa porque as pessoas precisam de um “porque”. Trair é o passo mais fácil de dar quando algo está complicado porque é errado e se é errado é excitante, e se é excitante da motivação. Mais ou menos assim. O homem, enquanto ser humano, precisa de motivação de qualquer tipo.

“Quem diz que “o amor é suficiente” está mentindo.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)

O amor que realmente supre tudo é ágape. Em se tratando de amor Eros é preciso um conjunto de coisas onde ele possa se alimentar e continuar. 
(Waleska Zibetti)
[Continua...]