domingo, 7 de junho de 2015

BRASÍLIA, ME DESCUBRA!



Brasília é uma cidade para se conhecer em um passeio turístico e com um guia que saiba com detalhes cada monumento que ela possui. Nem mesmo os nascidos ou criados lá sabem o tesouro cultural e de inteligência que ela possui. Depois disso, tire mais ou menos um mês de férias para você continuar a entender suas quadras, superquadras, tesourinhas e vias de acesso como W3 sul/norte, L2 sul/norte. Quem? Pois é.
Quando me mudei para lá, nos primeiros meses eu fiquei de cabeça doendo.
O clima seco, juntamente com suas ruas sem nome incrivelmente iguais uma das outras, me deixavam louca. Depois fui percebendo que aquela culta cidade é matemática lógica pura. Me apaixonei.
Em seis meses eu já conseguia me deslocar por lá com mais facilidade e até comecei a sentir saudade de como era se perder.
Uma vez, tive crise de pânico dentro de casa no Cruzeiro. Precisei sair para a rua para descarregar a explosão de energia que brotava de dentro de mim. Peguei Matilda (minha Caloi) e fui correr dentro do bairro. Em uma hora eu rodei três bairros.
Não me perdi.
As quadras por terem sequência numérica facilita a vida dos brasilienses/candangos/aventureiros.
A única coisa que me fez perder por lá foi o seu céu.
Quase sempre limpo e muito azul, você consegue nadar nele sem ficar com os olhos vermelhos e de cabelo duro.
O nascer do sol é estupendo. O céu começa num laranja clarinho até ficar azul bebê. A grama verde que tem por toda a cidade, monta perfeitamente a bandeira do Brasil.
Para quem nunca viu um céu lilás escondido no rosa, é só esperar o por do sol para você entender o que estou falando. Não. Eu não uso drogas.
Na noite, você estica as mãos e rouba uma estrela. E a lua com toda sua sedução te engole num piscar.
Cidade da natureza.
Às vezes acho que há uma cidade dentro de um parque, e não ao contrário.
Comecei a fazer coleção de árvores por lá. São tantas, tantas! Nunca consegui fotografar todas, e nem vou.
Brasília é tão astuta que às vezes fico com vergonha de mim.
Eu andava em algum lugar e me deparava com um concreto aparentemente sem explicação, mas eu sabia que se eu tivesse escutado melhor o guia turístico lá no início desse texto, eu entenderia. Porém acho que o mistério daquela cidade estava naquilo, em te deixar absorta.
BSB tem uma coisa de que não acho graça. O povo e a comida.
“Ow, me vê um prato típico de Brasília?” Ixxi, não tem. “Qual é o sotaque do brasiliense?” Abafa que também não tem.
Lá você vê muito nordestino, goiano, mineiro, e outros. Brasiliense que é bão, nada.
Você só consegue ter contato com eles no trabalho. Fora isso todo mundo some. Nunca consegui pegar uma caneca de açúcar com minha vizinha do prédio. Será que vivia mesmo alguém lá?
As pessoas devem ter medo de gente. Só pode.
Entretanto Brasília é moderna e ousada, apesar de ter essa população fechada e individualista. É quadrada, às vezes oval, de concreto e cimentada. É Nova Orleans, Paris e Saturno. É um museu de arte contemporânea em área aberta. É lógica, e nos ensina a caminhar um pouquinho, justificando aqui seus “quarteirões” enormes e distantes um dos outros. Foi inspiração de vários artistas e ainda tem mexido com muita gente, perpetuando-se. É Brasília sua irreverente! Sua linda!!!