O que falar de
um Fantasma que ficou preso 300 anos em uma casa? O que falar do primeiro livro
que me fez ficar obcecado pela história? Só existe uma palavra para expressar o
que senti na primeira vez que o li e todas as outras vezes: Fantástico. É um
livro que consegue ser cômico e emocionante ao mesmo tempo. De Oscar Wilde
apresento-lhes: O Fantasma de Canterville.
Para começar a
história temos a glória de um fantasma que passou 300 anos assombrando uma casa
na Inglaterra, até que uma moderna família descrente americana chega para
morar. O Fantasma com toda sua fama faz de tudo para expulsar essas pessoas de
sua casa, mas todos os seus esforços são inúteis. O grande problema do fantasma
são os filhos mais novos, que, além de não temerem o fantasma, humilham o
coitado com armadilhas e zombam de seus “poderes”. Contudo, quando o fantasma
começa a perder as esperanças conhece a filha da família que é doce e
extremamente gentil com ele. Daí o fantasma passa a “sobreviver” com os humanos
da casa
A primeira vez
que li (aos 8 anos mais ou menos) fiquei encantado com o fantasma atormentado
pelos humanos e pela magia infantil que rodeava a história. Depois, já com 17
anos, vi que havia mais, muito mais que só magia. Havia críticas, havia brigas,
havia um final poético.
Oscar Wilde,
nesse livro, traz a diferença entre Europa e América. O místico e as crendices
Europeias, para a época já ultrapassadas, contra a modernidade e descrença dos
Americanos, que se viam superiores. Um fantasma incompreendido pelo povo
grosseiro que, simplesmente, não acreditava em fantasmas. Enquanto os europeus
preocupam-se com seu medo e respeito ao fantasma, os americanos oferecem-lhe
“formas de acabar com sofrimento”. Dando-o óleo de máquina quando surge com sua
armadura enferrujada, limpando a mancha de sangue que o fantasma cultiva, com
muita honra e carinho, no chão da sala de estar. Oscar Wilde ataca os magnatas
ingleses que se mostram supersticiosos, mas ao mesmo tempo mostra a falta de
educação dos “nobres” americanos.
Há a parte
cômica no qual o fantasma fica doente de tanta aporrinhação que teve das
crianças ou quando cai da escada após tomar um susto com as crianças. Não sei se foi intencional, mas Oscar Wilde
mostra que as vezes os fantasmas são menos infernais que crianças levadas.Mas o
ponto alto do livro é a mensagem final. O que a gentileza de uma menininha fez
por ele e isso deu fim ao livro mais belo que já li.