sábado, 15 de agosto de 2015

O Fantasma de Canterville

O que falar de um Fantasma que ficou preso 300 anos em uma casa? O que falar do primeiro livro que me fez ficar obcecado pela história? Só existe uma palavra para expressar o que senti na primeira vez que o li e todas as outras vezes: Fantástico. É um livro que consegue ser cômico e emocionante ao mesmo tempo. De Oscar Wilde apresento-lhes: O Fantasma de Canterville.




Para começar a história temos a glória de um fantasma que passou 300 anos assombrando uma casa na Inglaterra, até que uma moderna família descrente americana chega para morar. O Fantasma com toda sua fama faz de tudo para expulsar essas pessoas de sua casa, mas todos os seus esforços são inúteis. O grande problema do fantasma são os filhos mais novos, que, além de não temerem o fantasma, humilham o coitado com armadilhas e zombam de seus “poderes”. Contudo, quando o fantasma começa a perder as esperanças conhece a filha da família que é doce e extremamente gentil com ele. Daí o fantasma passa a “sobreviver” com os humanos da casa

A primeira vez que li (aos 8 anos mais ou menos) fiquei encantado com o fantasma atormentado pelos humanos e pela magia infantil que rodeava a história. Depois, já com 17 anos, vi que havia mais, muito mais que só magia. Havia críticas, havia brigas, havia um final poético.

Oscar Wilde, nesse livro, traz a diferença entre Europa e América. O místico e as crendices Europeias, para a época já ultrapassadas, contra a modernidade e descrença dos Americanos, que se viam superiores. Um fantasma incompreendido pelo povo grosseiro que, simplesmente, não acreditava em fantasmas. Enquanto os europeus preocupam-se com seu medo e respeito ao fantasma, os americanos oferecem-lhe “formas de acabar com sofrimento”. Dando-o óleo de máquina quando surge com sua armadura enferrujada, limpando a mancha de sangue que o fantasma cultiva, com muita honra e carinho, no chão da sala de estar. Oscar Wilde ataca os magnatas ingleses que se mostram supersticiosos, mas ao mesmo tempo mostra a falta de educação dos “nobres” americanos.


Há a parte cômica no qual o fantasma fica doente de tanta aporrinhação que teve das crianças ou quando cai da escada após tomar um susto com as crianças.  Não sei se foi intencional, mas Oscar Wilde mostra que as vezes os fantasmas são menos infernais que crianças levadas.Mas o ponto alto do livro é a mensagem final. O que a gentileza de uma menininha fez por ele e isso deu fim ao livro mais belo que já li.