sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Eu e o Mundo Inteiro



Queria entender o mundo e achar um meio de transformar as coisas ruins. Não aceito a tristeza, a dor, a indiferença... Não aceito essas coisas que nos são dadas como comuns hoje em dia. Queria a coragem do Cristo e morrer de maneira que o mundo entendesse que alguém é triste por ele. Tão triste a ponto de ir além de sua dor própria para fazê-lo melhor. Mas sou covarde demais. E sinceramente não acho que isso mudaria muita coisa.

Quero entender o mundo e me dou conta de que nem entendo a mim como haveria de entender o mundo. Minha alma é tão doente e pequena. Tão mutilada e vazia. Não! Eu não quero piedade. Nenhum tipo de compadecimento pelo meu flagelo. Sou culpada por cada uma das minhas cicatrizes e ferida reabertas. Sou esse tipo errado de pessoa que está indo sempre aos extremos de si para tentar achar um porque, provar-se ou experimentar-se.

Ontem me peguei chorando enquanto ouvi uma música antiga. E dezenas de rostos e vozes passaram por mim. E chorei por cada um deles como se velasse mortos depois de uma enorme batalha. Contudo, meu choro era consciente de que na batalha, só eu morri. Morri como sempre nas histórias desses rostos que ainda vivem em mim. Meus fantasmas vivos me assombrando de saudade, de mágoa, de paixão. E quem é capaz de entender esses sentimentos tão intensos assim? Há no mundo alguém capaz de entender porque algumas pessoas passam pela nossa vida só para existir eternamente em nossos pensamentos?

Tudo que eu queria era virar vento, pó,  gota de chuva ou borboleta. Para sair por aí pelo mundo e tocar mais uma vez aqueles rostos ainda que eles não soubessem que era eu. Ainda que eles não lembrem mais de mim. Ainda que eu não exista mais em nenhum de seus recantos. Queria olhá-los mais uma vez e entender porque para mim é mais difícil deixá-los para trás. Meus grilhões do passado...

Eu queria entender o mundo; o meu lugar nele e o lugar dele em mim. Queria entender a missão da qual já me falaram que cada um de nós tem aqui. Queria entender o porquê que sonhos nascem e se frustram, porque o beijo não dado é sempre o mais relembrado, porque o amor vira ódio, o para sempre um dia vira nunca... Queria entender essas coisas que fazem parte do viver para ensinar para meus filhos. Para que eles não chorem e sofram como eu.


Mas ainda não aprendi nada sobre viver. E me pego chorando por quem já me esqueceu. E me pego esperando por quem não vai voltar. E me pego sonhando com o que não se realizará. Talvez a minha missão seja essa de sentir. E sentir tão profundamente que torne minha a dor de toda gente. 
(Waleska Zibetti)