segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Sobre o "Amor Natural" e outras sensações

"Os movimentos vivos no pretérito
enroscam-se nos fios que me falam
de perdidos arquejos renascentes
em beijos que da boca deslizavam
para o abismo de flores e resinas.

Vou beijando a memória desses beijos."
[1]


Erótico, pornográfico e nunca vulgar!
Talvez essa seja a definição desse livro até pouco tempo desconhecido pra mim. E a cada poema a imaginação ia dando comandos a todos os sentidos. Um choque para os desavisados, um deleite para os amantes e um rubor para quem se descobre lendo esses poemas.

"O que se passa na cama
é segredo de quem ama."
[2]

E nas cucas de quem se destina a ser livre o que se passa?O que mais houvesse para haver na cama entre casais diversos, está descrito lá. Mas e os tímidos? (Olha eu aqui!!!)
Como foi dito por Mário de Andrade, "Faz todo o sentido, mesmo sendo culpa dessa bendita timidez". 
E a reação foi: Como assim, o Drummond?  
Nesse caso a frase "sabe de nada, inocente", se encaixa perfeitamente. 
Pronto! O lado carnal e humano do Drummond estava descoberto. 
Através de 40 poemas póstumos (O engraçado é que esses poemas foram guardados por anos e só foram publicados 5 anos após a sua morte) você descobre um lado seu até então desconhecido. E como um outro velhinho e dessa vez safado "assumido", o Bukowski já poetizou:

"há um pássaro azul no meu coração
que quer sair
mas eu sou demasiado duro para ele,
e digo, fica aí dentro,
não vou deixar
ninguém ver-te."
[3]

Em pleno Século XXI a nossa sociedade ainda é muito repressora ao falar de sexo. Existe uma falsa liberdade e muita hipocrisia reinante: sexo é sempre caricaturizado perdendo-se muita qualidade com tal postura. Para os curiosos recomendo a leitura, para os apaixonados uma pimentinha, para os que tem feitiche um convite. 

Decifre e chega de porquês na história. Vai logo sua alma libertina!







Au Revoir
Até o próximo texto  


[1]Andrade, Carlos Drummond. O amor natural. 1ª Edição. São Paulo: Companhia das Letras. 2013. Página: 48.
[2]__________________________. O amor natural. 1ª Edição. São Paulo: Companhia das Letras. 2013. Página: 16.
[3]Bukowski. Charles. O Pássaro Azul. O Leitor Cabuloso. Disponível em: http://leitorcabuloso.com.br/2013/07/sexo-alcool-e-poesia-o-lirismo-maldito-de-charles-bukowski-o-velho-safado/ . Acessado em 10/1/2015.