Todos
os dias menos um dia
Uma linha
em direção ao inevitável
Milhões
de células mortas maculam meu chão
Sou eu
me despedindo
A
morte chegará um dia no portão
Beijará
minha boca apaixonada
Espero
que seja numa tarde de verão
Quem vai
chorar?
Todos
os dias mais um dia
Uma ida
para o desconhecido
Milhões
de horas se passando
Enquanto
gravo alguns instantes
A
morte se sentará um dia em minha sala
E se
servirá de meu pavor numa taça de cristal
Espero
estar ouvindo blues
Quem
vai se importar?
Todo o
dia um dia final
Uma
despedida das certezas e das vontades
Milhões
de planos pelo chão
E pouca
vontade de realizá-los
A
morte me aninhará em seus braços
Conforto
para meu desespero
Espero
estar distraída
Quem
notará a ausência?
Todo
dia é inevitável o desconhecido
Uma
despedida de milhões de células
Enquanto
gravo meus planos no chão
Sou eu
em alguns instantes
E a
morte no portão
Minha boca
apaixonada em minha sala
Conforto
de tarde de verão
Ouvindo
blues distraída
Quem
se comoverá?
(Waleska Zibetti)