domingo, 26 de abril de 2015

A Face da Morte - Texto Resposta a Gabriela Gilmore



Todos os dias menos um dia
Uma linha em direção ao inevitável
Milhões de células mortas maculam meu chão
Sou eu me despedindo
A morte chegará um dia no portão
Beijará minha boca apaixonada
Espero que seja numa tarde de verão
Quem vai chorar?

Todos os dias mais um dia
Uma ida para o desconhecido
Milhões de horas se passando
Enquanto gravo alguns instantes
A morte se sentará um dia em minha sala
E se servirá de meu pavor numa taça de cristal
Espero estar ouvindo blues
Quem vai se importar?

Todo o dia um dia final
Uma despedida das certezas e das vontades
Milhões de planos pelo chão
E pouca vontade de realizá-los
A morte me aninhará em seus braços
Conforto para meu desespero
Espero estar distraída
Quem notará a ausência?

Todo dia é inevitável o desconhecido
Uma despedida de milhões de células
Enquanto gravo meus planos no chão
Sou eu em alguns instantes
E a morte no portão
Minha boca apaixonada em minha sala
Conforto de tarde de verão
Ouvindo blues distraída

Quem se comoverá?
(Waleska Zibetti)