sábado, 15 de março de 2014

Quando Chegar - Por Martha Medeiros



"Quando chegar aos 30
serei uma mulher de verdade
nem Amélia num ninguém
um belo futuro pela frente
e um pouco mais de calma talvez

e quando chegar aos 50
serei livre, linda e forte
terei gente boa ao lado
saberei um pouco mais do amor
e da vida quem sabe

e quando chegar aos 90
já sem força, sem futuro, sem idade
vou fazer uma festa de prazer
convidar todos que amei
registrar tudo que sei
e morrer de saudade."

Um adendo...







Chegou ao apartamento dele trajando apenas
uma sandália de salto,
um penhoar de seda pura,
um chapéu de véu no rosto.

Entrou e parou no meio da sala
levantou o véu
mostrou o rosto sem maquiagem
e nada disse.
Ele também não.

Tirou o chapéu e sacudiu o cabelo.
“Sou assim!
Meu cabelo é cheio e embaraça no vento.
Tenho olheiras por conta da insônia
e minha boca não tem aquele brilho.”

Tirou as sandálias.
“Sou dez centímetros menor
do que você costuma ver.
E gosto de andar descalça
para sentir a maciez do tapete.”

Abriu lentamente o penhoar.
“Sou gordinha.
Tenho estria e celulite.
Tenho cicatriz de brincadeira de criança.
Meus seios estão sofrendo os efeitos da gravidade.”

Ficou ali na sala
olhando para ele
que só sorriu.

“Muito prazer eu sou mulher!”

“Ainda bem!
Porque quero acordar
e ver os seus cabelos assim, desarrumados.
E quero saber que passamos a noite nos amando
e que suas olheiras chamam-se: prazer.
E ver que sua boca não brilha
mas seus olhos são cristais reluzentes ao sol.
Que os dez centímetros que o salto lhe rouba quando você os tira
não faz a menor falta diante do tamanho do seu coração.
E desejo que não só os seus pés toquem a maciez do tapete,
quero seu corpo inteiro deitado nele.
Que bom ter defeitos bobos
como pesinho a mais, celulite e estrias.
A perfeição é cansativa.
Cicatrizes temos todos,
antes no corpo que na alma.
E seus seios é só mais uma
das muitas coisas que amo em você.”

Outro silêncio.
Ela ainda nua no meio da sala.
Ele parado com um sorriso safado no canto da boca.

“O prazer é todo meu,
sou seu homem!”
(Waleska Zibetti, in "Streap-tease")

O que quero com essa publicação, é dizer que independente de idade, toda mulher deseja ser amada e respeitada por daquele a quem se entrega. Mas, se vocês homens que me leem agora, pararem para se analisar um pouquinho verão que é isso também que vocês esperam. Porque indiferente de sermos homens e mulheres, termos 30 ou 100, quando entramos numa relação o que esperamos é amor e respeito. E esses dois, na dose exata, deixa a vida muito melhor.

Encerro aqui a minha parte sobre esse assunto. E que venha o próximo livro! 

Até lá!!!