Eu sempre digo que minha verdade é não ter verdade.
Sou fruto do meu desejo.
É nele que existo.
A ponta das minhas unhas vermelhas
sabem mais de mim
que os olhos caridosos de minha mãe.
As cicatrizes de minha alma
me traduzem
mais que a pele intacta de meu rosto.
Sou mais que minha voz arrastada
porque habito em meus pensamentos atormentados.
E não pensem que sou triste, doente, cinza...
Sou mais que isto ou aquilo,
sou o silêncio incomodo
que fica quando não se tem mais nada a dizer.
Sou a flor do bougainville liberta
e
transformada em borboleta
com o toque mágico do vento.
Disseram-me que sou pecado
e eu ainda nem sabia falar.
Hoje falo e peco mais ainda.
Mas um Jesus me salvará.
Ele me ama e é fiel a mim.
Nele tudo posso.
Então ganho o mundo naquilo
que as vizinhas,
por detrás das cortinas,
vigiam, condenam, comentam...
mas querem para si.
E que seus maridos nas mesas dos bares
comentam, condenam, vigiam...
mas querem para si.
E a minha verdade está na minha risada debochada
que solto quando me batem
e a lágrima solitária que não deixo ninguém ver.
A minha verdade é não ter verdade alguma
mas lhe deixar totalmente inquieto
sem saber
se isso também é verdade
ou é só algo que quero fazer você crer.
(Waleska Zibetti)
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