“Só se é jovem uma vez...”,
já ouviu isso, Gabizinha? Pois, então, saiba que isso é muito verdadeiro. A
juventude é um perfume bom que vem em vidro pequeno. E a gente nem se dá conta
do quanto é bom até que ele não exale mais do nosso próprio corpo. Contudo,
pequena, posso lhe afirmar que o cheirinho especial da vida adulta é do seu
modo muito atraente. Tão atraente que por vezes, anula o tal perfume jovial
para destacar-se entre os outros. O que quero que você entenda é que cada fase
da vida é uma com suas virtudes e seus defeitos.
Agora lá vai o puxão de
orelha. Segura aí! Você não está engrenando na leitura porque encasquetou de
ser Ivan que nada tem de Gabi. Você é dessas, sabia? Desfaz o bico! Estou te
olhando. Senta aí e cale a boca.
Todos nós estamos morrendo. A cada segundo a vida nos rouba um suspiro de vida.
Mas não é por isso que vamos chafundar no canto do mundo questionando a que
horas será a partida. Você Gabi – Você também leitor! – está VIVA. Então,
levanta o buzanfão daí e vá viver! Viver para fora de si. Tira o olho do umbigo
e olhe o sol, a lua, a chuva... a vida!
A morte só seduz porque usa vestido longo preto elegantíssimo. Eu tenho certeza
que a morte veste Gucci e calça Louise Vuitton. O que seduz na morte é a ideia
de um beijo que abre o portal para o desconhecido, o inimaginável, o próximo
passo... Somos criaturas curiosas e o slogan “O que vem depois?” vendido pelas
crenças de uma existência post mortem faz os lobos jurarem-se de cordeiros no
fim da vida na esperança vã de uma “salvação”.
Cansaço faz parte do viver.
Tem hora que tudo fica igual. Fica cinza. Fica um saco. Mas sabe o que se tem
que fazer? Mudar! Já viu o filme “Curtindo a vida a doidado”? Aquele filme é a
chave do viver bem. Aí você me dirá “Fácil dizer, Wal!”. Pois vou lhe confessar
que há dias que digo a todos que saí e tranco tudo, desligo o celular e fico
quietinha comigo me curtindo o dia inteiro de camiseta e calcinha, comendo
porcaria, sem pentear cabelo, sem sapatos... Como já teve dia de eu sair para
trabalhar linda no salto e simplesmente descer no meio do caminho e passar o
dia olhando loja, andando a toa, curtindo um dia diferente... Descontaram meu
dia, mas e daí? Foda-se! Naquele dia eu precisava ser livre!!!
Está aí! O que falta para vocês é o “foda-se” ligado. Essa teclazinha embutida
em todos nós, mas que raramente conseguimos acionar porque temos
inconscientemente uma origem masoquista. Deixamos as coisas nos atingirem,
permitimos que o mundo nos escravize. Não estou aqui apregoando que devamos
viver numa realidade cômoda. O que estou dizendo é que de nada também nos
adianta tentar atingir coisas que estão muito além do alcance se isso custar
nossa saúde, humor, felicidade... Vale a pena lutar tanto pelo “ter” se o fim
disso for igual ao de Ivan? Velho, solitário, frustrado, mal-amado... um
estorvo. Não teria sido melhor se ele tivesse plantado alguns sorrisos em seu
caminho? Alguns abraços sinceros? Se tivesse se entregado de corpo e alma a sua
família de vez em quando?
A vida adulta só é chata
para quem foi criança chata, adolescente chato e o pior é que esse chato vai se
tornar um velhinho chato também. Eu fui uma criança feliz. O pouco que vivi com
meu pai, ele aproveitou para semear em mim jardins inteiros de esperança, ilusões,
sonhos... E era lá, que na ausência dele, eu me escondia para continuar a conviver
com a gente ruim que me cercava sem me permitir ser contaminada por eles. Hoje
sou adulta, posso ou não conviver com essa gente, eu escolho. No caso do
inevitável, quando o social me obriga estar perto deles, eu me refugio nos
mesmos canteiros para não perder o contato com minha luz interior.
Se eles me fazem chorar?
Fazem sim! Magoam-me sim! Machucam-me sim! Mas não conseguem me perfurar tanto
a ponto de eu dizer que a vida é ruim, que ser adulto é ruim. Porque eles
optaram a viver nesse mundo adulto pesado e escuro. Eu não. Eles optaram a se
envenenar na ambição, no preconceito, na frivolidade. Eu não. Eles me vampirizam
sim. Mas ainda há em mim luz suficiente para me curar deles e desse mundo
adulto chato que você diz aí. Sinto muito, Gabi. Sei que você vai ficar triste
com o que vou dizer: ser adulto só é chato para quem não soube crescer.
Contudo, ao som de Pitty lhe
digo: “Guarde os pulsos pro final... Exercita a consciência...”. Você ainda é
jovem. Você ainda tem tanto para fazer. Você só precisa querer. Mude!
Liberte-se! Não tenha medo dos sofrimentos que fatalmente você passará. Não se
pode fazer uma revolução com luvas de seda, já nos disse tão sabiamente Stalin.
Examine-se. Enxergue-se árvore e pode seus galhos ruins para que cresça outros
fortes que lhe renderão bons frutos. Depois... Depois... Depois será como tem
que ser. Não é isso que chamam de destino. Então, deixe o destino tomar o seu
rumo.
Bom, vou nessa de Titãs...
“Devia ter arriscado mais e até errado mais, ter feito o que eu queria fazer...
O acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído...”.
Até!!!