domingo, 30 de agosto de 2015

Sobre o Último Discurso de O Grande Ditador de Chaplin

Estava a pensar sobre essas palavras de Chaplin no filme "O Grande Ditador" que é de 1940 e, em minha opinião, é o maior de todos discursos humanistas que já tomei conhecimento. E Chaplin, como todos sabem, era ateu. Nunca acreditou no Cristo e na bíblia. Mas nem por isso deixou de ser humano e uma imagem do Cristo na terra. Foi mais que muitos ao falar do amor ao outro. Ele usava a própria arte para fazer isso. Esse filme foi indicado a cinco Oscar e não ganhou nenhum porque quando foi lançado os Estados Unidos ainda estava em guerra. Não podiam silenciar o autor, o ator, o diretor, mas podiam puni-lo não dando a ele uma premiação. Enfim, o que é uma premiação diante do que ele Chaplin implantara nos pensamentos?

Quisera todos ouvissem e refletissem sobre o que é dito nesse discurso, dito em uma obra de ficção, mas com desejo de conscientização. Vejo um mundo à minha frente tão intolerante com tudo e todos que me preocupo muito com o que será desse mundo no futuro.
Estamos sempre batendo no peito e dizendo que o mundo é injusto conosco, mas o que fazemos para ser justo com o mundo? É preciso fazer algo para que o mundo comece a mudar. E ele deve começar a mudar a partir de nós. É preciso que perguntemos o que somos para o mundo e o que fazemos para que ele seja o que eu quero.

Nenhuma bíblia poderá lhe proteger se VOCÊ não mudar o seu interior. Você julga, maldiz, ultraja, rouba, maltrata, abandona... E depois lança a mão de um versículo qualquer para justificar o seu mau comportamento. Deus nunca julgou ninguém. Ele perdoou e perdoa a todos, porque Ele e só Ele sabe os caminhos e as razões de cada um. Tudo no mundo está corrompido, mas não se corrompeu sozinho. Todos nós temos uma parcela de culpa nessas mazelas mundiais.

Então, deixo o vídeo do último discurso do filme de Chaplin para que seja um ponto donde você pode partir para uma auto-avaliação de seus atos diante do mundo. Se você quer novos tempos, mude os velhos hábitos.


Beijos a todos que, como eu, estão sempre em busca de uma evolução interior porque querem viver em tempos melhores.
(Waleska Zibetti)

sábado, 29 de agosto de 2015

É Proibido

 
É proibido chorar sem aprender, 
Levantar-se um dia sem saber o que fazer 
Ter medo de suas lembranças. 
É proibido não rir dos problemas 
Não lutar pelo que se quer, 
Abandonar tudo por medo, 

Não transformar sonhos em realidade. 
É proibido não demonstrar amor 
Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor. 
É proibido deixar os amigos 

Não tentar compreender o que viveram juntos 
Chamá-los somente quando necessita deles. 
É proibido não ser você mesmo diante das pessoas, 
Fingir que elas não te importam, 

Ser gentil só para que se lembrem de você, 
Esquecer aqueles que gostam de você. 
É proibido não fazer as coisas por si mesmo, 
Não crer em Deus e fazer seu destino, 
Ter medo da vida e de seus compromissos, 
Não viver cada dia como se fosse um último suspiro. 
É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar, 

Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se 
desencontraram, 
Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente. 
É proibido não tentar compreender as pessoas, 
Pensar que as vidas deles valem mais que a sua, 

Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte. 
É proibido não criar sua história, 
Deixar de dar graças a Deus por sua vida, 

Não ter um momento para quem necessita de você, 
Não compreender que o que a vida te dá, também te tira. 
É proibido não buscar a felicidade, 

Não viver sua vida com uma atitude positiva, 
Não pensar que podemos ser melhores,  
Não sentir que sem você este mundo não seria igual.

(Pablo Neruda)

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Os Miseráveis: Parte 2

Deixei de fazer uma coisa importante no primeiro texto. Para quem quiser assistir a peça colocarei o link do Youtube da versão de 1995 (https://www.youtube.com/watch?v=NAVrm3wjzq8). Na minha opinião a melhor versão. 
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Paris

Agora, após dez anos, a história se passa em Paris. Mas não na alta sociedade parisiense. Marius e Enjolras, dois estudantes, chegam à capital francesa e ficam assustados e desanimados com a pobreza do local. Gavroche, um menino pobre que se considera conhecedor de toda Paris, se apresenta a eles. Mas eles procuram pelo General Lamarque que era a única pessoa que se importava com o povo daquele lugar, mas está doente e morrendo. Enjolras espera o auxilio do povo para construir uma barricada contra o governo. Gavroche une-se a Enjolras e Marius e todos os outros estudantes que aparecem.

Javert continua sua busca a Valjean, contudo deixarei para falar de Javert mais a frente, pois ele é um personagem complexo e extremamente interessante de se falar.

Então voltamos ao grupo que será mais importante nessa parte: Os Amigos ABC. Eles são os estudantes que, liderados por Enjolras, controlam a revolução que se apresenta. Eis que surge a representação do Comunismo na peça.

Pequena Nota: Para todo aquele que pensa que o Comunismo é algo de se “alimentar vagabundo”, isso é um erro. O Comunismo surge do trabalho. É preciso trabalhar para ser comunista. E, na própria peça, um dos estudantes chama os trabalhadores para aliarem-se ao movimento. No Comunismo também não se divide as coisas como é pensado por aí, mas não me prenderei a falar do Comunismo e sim da peça. Se interessar a alguém, falo sobre o livro “Manifesto do Partido Comunista”.

Enfim, Enjolras e seus amigos começam a se organizar para a batalha contra a desigualdade social e contra a exploração que governo francês traz ao povo. Enjolras sabe que será difícil lutar contra a Guarda Nacional e não sabe como chamar o povo para a guerra. Diz, então, que precisam de um sinal para mover o povo. “We need a sign to rally the people, to call them to arms, to bring them in line” (Precisamos de um sinal para reunir o povo, para chamá-los às armas, trazê-los pra linha). Marius chega atrasado à reunião dos amigos. Os amigos perguntam-lhe o motivo de ele parecer atordoado e responde ele que viu uma pessoa e que está apaixonado. Um dos amigos zomba dele e da situação. “I am agog, I am aghast. Is Marius in love at last? I’ve never seen him ohh and ahh... You talk of battles to be won and here he comes like Don Juan. It’s better than a opera! (Estou assustado, estou espantado. Marius está finalmente apaixonado? Eu nunca o tinha visto tão “ohh” e “ahh”. Você fala de batalhas que devem ser vencidas e ele vem como Dom Juan. Isso é melhor que uma Ópera).

O que vem a seguir é algo que não pode ser descrito. Os níveis de emoção, inspiração e poder são tão altos que não dá simplesmente para expressá-los por aqui. Primeiro vem a música “Red and Black”, na qual Enjolras pergunta se seus amigos pensaram no preço que pagarão pela revolta e se era apenas um jogo pra garotos ricos. E diz depois diz: “The colour of the world is changing day by day. Red, the blood of angry men. Black, the dark of ages past. Red, a world about to dawn, Black, a night that ends at last” (A cor do mundo está mudando dia após dia. Vermelho, o sangue do homem bravo. Preto, a escuridão das eras passadas. Vermelho um mundo prestes a amanhecer. Preto, a noite que finalmente acaba). Enjolras organiza seus companheiros para a batalha, quando Gavroche chega e traz a notícia de que Lamarque está morto. Então Enjolras vê o sinal que ele queria para chamar o povo para a Batalha, pois com a morte dele o povo, provavelmente se revoltaria e se uniria a eles. E para terminar esse pedaço colocarei a música Do you hear the people sing?” (Vocês Ouvem o Povo Cantar?)


Do you hear the people sing?
Singing the song of angry men?
It is the music of a people 
who will not be slaves again
When the beating of your heart 
echoes the beating of the drums
There is a life about to start when tomorrow comes

Will you join in our crusade? 
Who will be strong and stand with me?
Beyond the barricades 
is there a world you long to see?
Then join in the fight 
that will give you the right to be free!

Do you hear the people sing?
Singing the song of angry men?
It is the music of a people 
who will not be slaves again
When the beating of your heart 
echoes the beating of the drums
There is a life about to start when tomorrow comes

Will you give all you can give 
so that our banner may advance?
Some will fall and some will live,
Will you stand up and take your chance?
The blood of the martyrs will water the meadows of France

Do you hear the people sing?
Singing the song of angry men?
It is the music of a people 
who will not be slaves again
When the beating of your heart 
echoes the beating of the drums
There is a life about to start when tomorrow comes

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Eu, Marinheiro



Quero rimar porto e mar
Com um adentrando no outro
E nem se vê o mar
E nem se vê o porto
Pois tudo é uma coisa só
Amarrados pelo mesmo nó
Invisível como o que une
Criador e criatura
Além do que se pode compreender
Quero achar a rima perfeita
Para o inverno e verão
E que o tempo entre uma coisa e outra
Nem seja o calor nem seja o frio
Mas seja sim o tempo dos teus sonhos
Banhados de desejos e devaneios
Quero rimar tua ternura
Com a mesma entrega
Da mãe para seu filho
E aninhar-te em meus seios
Com abraços e beijos de loucura
Quero rimar-te a noite inteira
No encontro de tuas partes na minha
E então, voltar ao mar
Como fazem os marinheiros
Enquanto tu descansas
Entre lençóis de céu azul
Que completam a minha rima
Onde o porto adentra o mar.
(Waleska Zibetti, in "Eu, Marinheiro")

sábado, 22 de agosto de 2015

Os Miseráveis: Parte 1




Os Miseráveis é uma obra literária de Vitor Hugo de 1862 contando uma história que se passa na Revolução Francesa. A obra mostra a sociedade francesa sem o glamour e paparicos como sempre são mostrados. Mas não falarei sobre o livro (até porquê não o li ainda). Falar-vos-ei (adoro isso) da ópera que saiu do livro. Com música de Boublil e Schönberg a ópera de “Os Miseráveis” é uma das produções que entrou para história do teatro e do cinema mundial.

Quero deixar claro que em alguns momentos citarei partes da ópera e usarei a forma em inglês, não para aparecer, mas para permitir que procurem na internet e vejam como se apresenta.

Início

A ópera começa com vários presos trabalhando num tipo de mina, gritando uns para os outros para manterem seus olhares baixos e não olhar para os guardas. Em determinado momento chega o Inspetor Javert (meu personagem favorito) e chama o preso 24601, Jean Valjean. Explico-lhes que na trama Valjean é o protagonista e Javert é seu arqui-inimigo. Javert dá a Valjean uma carta que o permite uma condicional. Nessa condicional Valjean conhece um bispo que o dá esperança, mostrando-lhe as palavras de Deus. Valjean se vê um novo homem e foge, quebrando sua condicional.

Nesse início vemos que os presos eram tratados como escravos quando Valjean diz “I know the meaning of those nineteen years a slave of the law” (Eu sei o significado desses dezenove anos como um escravo da lei). Outro aspecto é que ele passa os dezenove anos preso porque tentou fugir algumas vezes. O crime de Valjean foi roubar uma casa, pois sua irmã passava fome, mas depois de preso ele tentou fugir e de cinco anos ele aumentou para quase vinte. Depois, quando Valjean vai trabalhar antes de conhecer o bispo, que os presos são vistos como seres inferiores e “sujos”, pois ele recebe menos que uma pessoa normal, justo porque ele esteve preso. “You broke the law, it’s there for people to see. Why should you get the same as honest men like me?” (Você quebrou a lei, está lá para as pessoas verem. Por que deveria ganhar o mesmo que pessoas honestas como eu?) Essa é a fala de um comerciante para qual Valjean trabalha, essa condição é repetida até hoje. Eis que ele conhece o bispo que o abriga, dá-lhe comida, água e um pouco de dinheiro, mas Valjean tenta passar a perna no bispo e trazido de volta pelos soldados para poderem prender-lo, mas o Bispo defende o prisioneiro, mas o adverte que a partir de então Valjean deveria se tornar um homem honesto, pois Deus o havia tirado das trevas e o bispo havia comprado a alma dele para Deus (by the witness of the martyrs, by the Passion and the Blood, God has raised you out the darkness. I have bought your soul for God). Nesse momento Valjean decide ir embora e mudar de vida (Valjean’s Soliloquy – “Jean Valjean is nothing now, another story must begin”)

Passam-se dez anos: Valjean foge e se torna prefeito de uma cidade e dono de uma fábrica, Javert persegue-o, mas com o tempo esquece e começa, sem saber, a trabalhar na mesma cidade que ele. Na fábrica de Valjean os trabalhadores aguardam o pagamento que é mínimo e para piorar, Fantine uma mãe solteira que mandou sua filha morar com outras pessoas para ser cuidada, precisa de um aumento, pois sua filha está doente e quase morrendo. Mas Fantine se recusa a deitar com os capangas da fábrica. Uma das moças da fábrica começa uma briga com Fantine e Valjean impede a briga, mas toda a fábrica se volta contra ela e, por fim, ela é demitida da fábrica, neste momento é cantada a ária mais conhecida dessa peçaI Dreamed a Dream. Sem emprego e precisando manter a criança ela vira prostituta para poder continuar mantendo a menina.

Nos dias de hoje isso acontece, mulheres que se prostituem para salvar suas crianças que foram abandonadas pelo pai, como Fantine e Cosette foram. Então vem um monte de gente dizer que ela escolheu a forma de ganhar dinheiro fácil (creio eu que não é nada fácil) e lhes mostrarei o porquê. 

Fantine fica doente. Mas continua seu trabalho e um homem a chama, mas ela o nega. Os dois brigam e Javert aparece, o homem diz que Fantine o atacou e que ele, “inocente pobre coitado”, não teve nada a ver com isso. Javert prepara-se para prendê-la. Fantine implora a Javert, que é irredutível e cruel, ela conta sobre a filha. “... save your breath and save your tears. Honest work, just reward, that’s the way to please the Lord” (…poupe seus suspiros e lágrimas. Trabalho honesto, recompense justa, este é o caminho para os favores do Senhor). Valjean intercede por Fantine e reconhece seu rosto, mas não sabe de onde e pede a ela uma forma de ajudá-la, mas ela se sente ferida por Valjean dispensa-o “Monsieur, don’t mock me now, I pray. It’s hard enough, I’ve lost my pride. You let your foreman send me away. Yes, you were there and turned aside…” (Senhor, não zombe de mim, implore. É difícil demais eu ter perdido meu orgulho. Você deixou seus capatazes me mandarem embora. Sim, você estava lá e se virou). Valjean, atordoado pelo o que tinha feito, tenta mudar a situação e a leva para o hospital, para o espanto de Javert.

Um acidente acontece e uma carroça cai em cima de um homem, Valjean por ser novo e forte o ajuda e tira o rapaz debaixo da carroça. Javert fica impressionado e desconfiado com a força do “monsieur le Mayor” (assim se referia ao prefeito). Valjean fica assustado e se lembra de seu passado (Who Am I). Valjean perguntasse se ele pode dizer quem é. Valjean perguntasse quem ele é. E por fim assume: “Who Am I? I’m Jean Valjean. And so, Javert, you see it’s true. This man bears no more guilt than you. Who am I? 24601” (Quem sou eu? Sou Jean Valjean. Então, Javert, você vê a verdade disto. Este homem não pode mais suportar mais culpa do que você. Quem sou eu? 24601)

Já morrendo, Fantine sonha com sua filha. Valjean, então, chega até ela e promete-a que cuidará da menina Cosette. Como último pedido Fantine diz “for God’s sake, please stay till I am sleeping and tell Cosette I love her and I’ll her when I wake” (Pelo amor de Deus, por favor fique (Valjean) até eu estar dormindo e conte a Cosette que eu a amo e a verei quando acordar). Antes que Valjean saia do hospital Javert, já consciente da verdadeira personalidade do Prefeito, vem para prendê-lo. O prisioneiro implora para que Javert o deixe ir, pois ele precisa cuidar da criança e promete que voltará para cumprir sua dívida, mas Javert como sempre, se mostra impiedoso. Esse combate é apresentado pela ária Confrontation. Valjean, então, empurra Javert e foge atrás de Cosette.

Cosette é uma doce menina que mora com o Senhor e Senhora Thénardier, dois canalhas de marca maior, estaleiros de pior qualidade e caráter. Cosette não é muito bem tratada e vive como uma escravinha do casal. Perdoem-me minha falta de decoro, mas o casal Thénardier são personagens que podem entrar no hall da fama dos personagens desprezíveis. De todas as óperas, filmes, séries, livros e desenhos animados os Thénardier conseguem superar quase todos. São mais covardes que o Rabicho de Harry Potter, mais falsos que o Bispo da França dos Três Mosqueteiros, mais hipócritas que o Padre de O Corcunda de Notre Damme, entre outros adjetivos que eu não posso dizer.


Voltando a história. Cosette sonha com um lugar onde ela será amada e onde não tem que trabalhar como chama seu Castle on a Cloud”. Enquanto isso o Sr. Thénardier engana e rouba seus hóspedes, quando este se diz o Master of The House. Valjean chega à hospedaria e diz que vai levar Cosette embora, mas que pagará por ela, para ressarcir os gastos que o casal teve com a menina. O casal tenta convencer Valjean a não levá-la, mas ele já está decidido, até porque viu a menina sofrendo no frio. Depois que Valjean consegue libertar Cosette eles vão embora para Paris. Agora acrescente mais dez anos à história. 

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

ORAÇÃO E FÉ



Quando bem criança eu costumava passar os finais de semana na casa da minha tia Miloca. Eu sempre dormia lá de sábado para domingo. Era o sono mais tranquilo que eu costumava a ter. Lembro que ela ajeitava o colchão fofo da cama do quarto de visitas, ligava o abajur de golfinhos que iluminava as paredes, e por último, o mata mosquito em espiral. Se eu fechar os olhos bem forte eu consigo sentir o cheiro dele. Quando já estava coberta na cama, minha tinha vinha para fazer uma oração. Não eram orações dessas decoradas não. Eram espontâneas, sinceras e únicas. Ali eu dormia me sentindo a pessoa mais segura do mundo. Não tinha pesadelos. Se eu sonhasse, era algo bom.
No domingo cedinho ela me levantava para ir à sua igreja. Por alguma razão eu gostava de acompanhar a rotina do casal, que na garupa da bicicleta, me levavam para a escola dominical. Lembro até hoje dos meus vestidinhos, sapatinho preto envernizado e laços no cabelo. 
A primeira lembrança que tenho de igreja e coisas relacionadas a Jesus Cristo, foi com essa irmã da minha mãe. Até então eu era pagã. Sempre associei Jesus a algo bom, não porque me diziam isso, mas pelo fato de sentir a tal paz. Como o exemplo que dei acima, da oração antes de dormir. Minha fé começou a se desenvolver ai, sem eu mesma saber o que era isso e seu significado.
Estava lendo mais um trecho do livro Meditação da mulher, e li uma experiência de uma senhora que estava conversando com Deus dentro do metrô, morrendo de sede, e ela sabia que iria demorar a chegar a sua casa. Ela imaginava o quão bom seria se ela tivesse um copo de água ali, naquela hora, e ao olhar perto da sua bolsa de compras que estava encostada no chão, ela viu uma garrafinha de água mineral ainda lacrada. Logo ela agradeceu a Deus e notou um detalhe: aquele vagão não era o que ela costumava pegar, porque ficava bem longe do portão da saída.
Isso me fez lembrar de um fato que me ocorreu esses dias. Eu ando de bicicleta aqui no bairro e estamos no mês das chuvas. Clima muito instável. Faltavam algumas horas para eu ir ao culto, e desabou um toró. Eu olhei para o céu e disse: Senhor, você tem até às 19h30min para deixar chover, depois pare porque não posso chegar molhada na igreja.
Acredita que parou de chover? E calma ai que tem mais. Na hora do culto, desabou outro pé d’agua, e eu olhei no relógio e só faltavam 10 minutos para acabar a palavra, e novamente falei: Agora o Senhor só tem 10 minutos. (Eu sou atrevida assim mesmo).
Na saída, uma das irmãs virou pra mim e disse: que bom que parou de chover, né? E eu respondi: Foi à oração!
Jesus cuida da gente até nos pequenos detalhes. Muita gente chamaria isso de sorte ou coincidência, porém eu chamo de oração e fé. 

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Intimidade



Escreva-me
Cubra minha pele com suas ideais
Seus desejos e fúria
Que eu saiba dos seus versos
Dos seus segredos perversos
Teus erros mais que teus acertos
Dedilhe em mim suas canções
Toque suas inspirações
Suas melodias inimagináveis
Use-me
Como o travesseiro pra seus sonhos
Como colchão pro seu cansaço
Como os caminhos pro seu viver
Deixe-me ser a alegria da tua manhã 
E a razão do seu anoitecer
Torna-me a roupa que te protege
A tua rota de fuga do mundo
Teu porto 
Teu farol
Ama-me
Como as flores do jardim
Como o gosto do primeiro beijo
Depois... depois me deixe partir
Como as aves migratórias
Como as pétalas que se lançam ao vento 
E eu prometo que volto
Naquele dia que você menos esperar
Para que você escreva suas novidades
Na minha pele cansada
Pra que você componha outras canções
Pra que você se deite sobre mim
E então, descansemos do mundo da vida da falta 
Da carência do medo da ausência do amor.
(Waleska Zibetti, in "Intimidade")

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

9ª Edição do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival


E lá vem o Rio das Ostras encher-se de boa música outra vez. O coração começa a agitar-se pressentindo os agudos solos de guitarra e os graves solos de baixo. Uma cidade respirando música e exalando a delicia de um grande festival. Não dá para não se emocionar e se envolver com essa produção que hoje é considerada a maior e mais importante da América Latina.

Atrações nacionais e internacionais passaram pelo palco em quatro noites de pura vibração e exaltação a cultura. Esse ano lendas como Dayana Dopsie e Robben Ford estarão privilegiando o festival na noite desse sábado, 22 de agosto e, com certeza, eu estarei lá na turma do gargarejo curtindo o som. Mas o festival ainda conta com vários outros artistas, tais como: Gabriel Silva, Matt Schotfield, Carolyn Wonderland entre outros. E tudo isso, gente, com entrada FRANCA. Você vai ficar de fora desse festival? Espero que não!

O festival acontece em quatro palcos diferentes espalhados pela cidade de Rio das Ostras e tem horários para todo público e para que todos estejam em todos os shows. Na Praça São Pedro os shows acontecem ao meio-dia, na Lagoa do Iriry às 15 horas e no palco principal em Costa Azul o show começa as 20:30. Então, não há desculpas para não se prestigiar os shows.

Na cidade do Jazz ainda há um palco secundário, chamado de “Casa do Jazz”, com shows acontecendo a todo o tempo. Vale a pena se dividir entre os dois palcos até porque a qualidade do pessoal que tocará na Casa do Jazz é simplesmente FAN-TÁS-Ti-CA! E se eu puder destacar minhas preferências... Não perderei Km 50, dia 20, Micha Devellard com um tributo à Cássia Eller, dia 21 e Road 145 Blues Band no dia 22.

Bem, é isso aí! Ainda dá tempo de vir conhecer Rio das Ostras e participar desse momento único da música. A cidade dispõe de muitas pousadas e opções de alimentação para todos os bolsos. Espero ver vocês por aqui para curtimos juntos a nona edição do Jazz & Blues Festival Rio das Ostras.
E eu vou ali dar uma passeada e começar a ver a cidade se transformar em música.

Volto depois do festival!!!

Até!!!


terça-feira, 18 de agosto de 2015

Num Domingo... Um Vagabundo



“Dream On” era a trilha sonora daquele domingo. Não importa se manhã ou tarde. Acho que nem era domingo. Todos os dias eram iguais para ele. E todos parecidos com domingo. De certo mesmo só o som do Aerosmith tocando o mais alto que dava dentro daquele apartamento mínimo de subúrbio do Rio de Janeiro. 

Ele estava sentado em sua velha mesa de dois lugares olhando os carros que passavam pelo viaduto. O sol ofuscava seu olhar fazendo da cena um borrão em movimento. Ele bebia café frio de ontem de manhã. Estava falido, mas ainda tinha três cigarros e um pouco de conhaque no fundo de um armário. Marginalizado como todos os vagabundos que moravam no seu bairro, na sua rua, no seu prédio, no seu andar. A barba por fazer e um livro de Maiakovski nas mãos.

A vida não faz sentido aos domingos. Deus se esquecera dos miseráveis que moravam no seu bairro. 

Um cachorro latiu a direita e uma prostituta xingando seu cafetão a esquerda. Outro cigarro apagado no parapeito da janela. Está fodido! Como todo mundo que caminhava em direção a igreja vizinha. Riu do próprio caos. Meteu o dedo no buraco da camiseta, mas queria mesmo era enfiar o dedo na garganta e vomitar toda aquela miséria que lhe embrulhava o estômago. 

Sempre fora um traste. Um retrato perfeito do pai. Nem Ela o suportou... Foi morar com a mãe no interior do mundo. Ele devia ter ido também ou tê-la feito ficar. Era mais digno quando a tinha ao seu lado. Mas ele era um merda sem disposição para lutar nem mesmo por amor. 

E agora só resta um cigarro e algumas centenas de segundos até que o domingo passe de vez. 

Abre a janela e senta-se com os pés para fora. Décimo primeiro andar de uma rua suja qualquer. Ninguém, como era de se imaginar, o percebe ali fumando seu último cigarro com sua camisa furada e um resto de conhaque barato. 

Quem choraria por ele? A loira do terceiro andar, com certeza. Feia, velha, gorda, fedia a fritura, mas, de vez em quando, gentilmente dava para ele em troca de algum serviço de manutenção. Será que alguém mais? 

Inclina o corpo mais para a frente. Chega a sentir o frio percorrer a espinha. Lança o resto do último cigarro para baixo como se quisesse pegar coragem de fazer o mesmo. O cigarro desce os andares e ele o perde de vista. Merda! Bebe, por fim, o último gole. Tudo é derradeiro nesse momento. Olha para a garrafa, tenta se despedir do viaduto, mas o sol não está mais lá. Olha para o apartamento pela última vez. É pequeno, escuro e estranho. Está no fio, no fundo, no fim. Abre os braços...

... A campainha toca...

Amigos chegando para beber. Domingo é assim: um dia imprevisível. 
(Waleska Zibetti, in "Num Domingo... Um Vagabundo")

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

ECO 4 PLANET - Você sabia...?



Hoje o mundo não fala de outra coisa que não seja o aquecimento global e nas possibilidades que podemos fazer para vivermos um ano a mais, porque sejamos francos, a coisa é mais séria que poderíamos imaginar e mesmo começando a agir agora, ainda estamos atrasados.

Fiz uma resenha super bacana sobre a palestra de Al Gore dirigida por Davis Guggenheim que todos, eu digo, TODOS deveriam assistir.

O link da resenha é:
http://ocheirinhodelivronovo.blogspot.com.br/2015/05/uma-verdade-inconveniente.html

Há 5 anos tem circulado pela internet o site de busca da google, o Eco4planet.

A cada 50.000 consultas uma árvore será plantada, e fica disponível no portal o número de mudas atingido.
O fundo preto da tela que a princípio gera estranhamento, acaba por descansar os olhos e economizar 20% da energia do monitor (as práticas responsáveis quase sempre acumulam vantagens).
A iniciativa começou em 2009 e ainda vale a pena divulgar.

Se você tem site, blogs, facebook, twitter e outros meios de divulgação, ajude-nos com esta novidade a espalhar essa ideia.
O site é: http://www.eco4planet.com
Não há tanta dificuldade em utiliza-lo. 
Se você não conseguir instala-lo como padrão, apenas salve o endereço em seus favoritos, e sempre que for fazer alguma pesquisa, ao invés de abrir o google chrome ou outro browser de busca, abra o site do eco4planet e faça suas pesquisas por lá. Inclusive há sempre bons artigos postados nele.

O C.L.V agradece, a google agradeçe, seus netos também e o planeta mais ainda.
Repassem este artigo a todos seus amigos.
Boa semana para todos nós!!

domingo, 16 de agosto de 2015

Os Mortos de James Joyce



Depois de ler vários autores que usam James Joyce como referência decidi eu mesma lê-lo. E escolhi a obra “Os Mortos” originalmente publicado em 1907. E abri o livro na expectativa de um grande acontecimento e me deparei com um acontecimento banal. Uma soirée anual das Senhoritas Morkan que são tias e prima do personagem principal Gabriel Conroy. Uma festa de fim de ano muito bem organizada, com músicas, danças, e uma ceia, o auge do entretenimento burguês.

Apesar de contada em terceira pessoa, a história possui um ponto de vista principal que é o de Gabriel que nitidamente sente-se superior aos demais participantes da festa por ser um homem mais intelectualizado e mais “continental” do que arraigadamente irlandês, como fica claro na preparação de seu discurso onde ele exalta a “hospitalidade” como uma qualidade nativa dublinense. Vale ressaltar aqui que Gabriel é alvo de várias gafes ao longo da narrativa onde ele parece querer mostrar o melhor da sua natureza. Por exemplo, ele faz uma observação até um pouco paternal à jovem Lily que é a serviçal da festa e acaba levando um carão, dança uma quadrilha com a Srta. Ivors que o espicaça como escritor anglófilo.
E tudo transcorre como deve ser: com os chatos de plantão, parentes bêbados inconvenientes e chatos, a prima que toca uma peça ao piano, os comentários normais, a nostalgia dos velhos, a despreocupação dos jovens, uma velha amiga intrigueira... Enfim, tudo corre conforme o esperado. Conforme vai amanhecendo, uns convidados se vão e outros seguem no salão, cantando árias irlandesas. Gretta, a esposa de Gabriel, os ouve a canção enlevada enquanto Gabriel mal ouve a letra.
Ao chegarem ao hotel onde eles estão hospedados, Gabriel procura pela mulher que parece distante, abstraída, inquieta. Ele insiste em saber o motivo e descobre pela esposa, que a velha ária tocada ao fim da festa a lembra de Michael Furey, já morto que teria sido seu primeiro amor. Chocado com a revelação Gabriel começa a repensar seus últimos e seus próximos passos. Como vencer um amante morto? Que pode Gabriel contra o ímpeto de se impor a essa figura do passado? Pois o passado não é apenas o território das perdas, no sentido de mortes pessoais, mas das perdas, no sentido de possibilidades que não voltarão.
Algumas coincidências não são à toa nessa narrativa e foram construídas para acentuar esse momento de inquietação de Gabriel. Por exemplo, devemos notar a excitação de Gretta quando o casal é convidado para uma viagem a região onde a Gretta pela última vez esse ex-amor,Michael Furey, na neve. Ou seja, todos os elementos da narrativa se ligam e se entrelaçam nos mínimos detalhes da trama.
 “Os Mortos” fala sobre a consciência da mortalidade numa trama onde os protagonistas não são jovens. Gabriel, em especial, está na meia-idade. James Joyce o fez com maestria, mesmo porque a maioria dessas conscientizações de vida decorre de acontecimentos banais, à primeira vista. Em “Os Mortos” o jantar da família Morkan, Joyce deixa bem claro, acontece todos os anos há vários anos com os mesmos pratos servidos, as mesmas pessoas fazendo as mesmas coisas. Ou seja, o tipo da rotina que faz com que esqueçamos que as pessoas podem não estar mais lá no próximo evento.

A descrição dos acontecimentos é feita no mesmo tom ordinário e comum. São pessoas reais, vivendo sua vidinha, sem pensar muito em si e no futuro. Sem mesmo buscar conhecer melhor as pessoas próximas tanto os estereótipos se arraigaram. E o choque de Gabriel é grande quando ele percebe que tudo pode acabar um dia. James Joyce te envolve de tal maneira no cotidiano, que não se espera o impacto do desfecho. O leitor fica sem chão, ciente da própria mortalidade e da mortalidade dos outros. Eu diria que esse é um conto que deve ser relido de tempos em tempos para que não nos esqueçamos de que tudo na vida uma hora chega ao fim.
(Waleska Zibetti, in "Os Mortos de James Joyce")

sábado, 15 de agosto de 2015

O Fantasma de Canterville

O que falar de um Fantasma que ficou preso 300 anos em uma casa? O que falar do primeiro livro que me fez ficar obcecado pela história? Só existe uma palavra para expressar o que senti na primeira vez que o li e todas as outras vezes: Fantástico. É um livro que consegue ser cômico e emocionante ao mesmo tempo. De Oscar Wilde apresento-lhes: O Fantasma de Canterville.




Para começar a história temos a glória de um fantasma que passou 300 anos assombrando uma casa na Inglaterra, até que uma moderna família descrente americana chega para morar. O Fantasma com toda sua fama faz de tudo para expulsar essas pessoas de sua casa, mas todos os seus esforços são inúteis. O grande problema do fantasma são os filhos mais novos, que, além de não temerem o fantasma, humilham o coitado com armadilhas e zombam de seus “poderes”. Contudo, quando o fantasma começa a perder as esperanças conhece a filha da família que é doce e extremamente gentil com ele. Daí o fantasma passa a “sobreviver” com os humanos da casa

A primeira vez que li (aos 8 anos mais ou menos) fiquei encantado com o fantasma atormentado pelos humanos e pela magia infantil que rodeava a história. Depois, já com 17 anos, vi que havia mais, muito mais que só magia. Havia críticas, havia brigas, havia um final poético.

Oscar Wilde, nesse livro, traz a diferença entre Europa e América. O místico e as crendices Europeias, para a época já ultrapassadas, contra a modernidade e descrença dos Americanos, que se viam superiores. Um fantasma incompreendido pelo povo grosseiro que, simplesmente, não acreditava em fantasmas. Enquanto os europeus preocupam-se com seu medo e respeito ao fantasma, os americanos oferecem-lhe “formas de acabar com sofrimento”. Dando-o óleo de máquina quando surge com sua armadura enferrujada, limpando a mancha de sangue que o fantasma cultiva, com muita honra e carinho, no chão da sala de estar. Oscar Wilde ataca os magnatas ingleses que se mostram supersticiosos, mas ao mesmo tempo mostra a falta de educação dos “nobres” americanos.


Há a parte cômica no qual o fantasma fica doente de tanta aporrinhação que teve das crianças ou quando cai da escada após tomar um susto com as crianças.  Não sei se foi intencional, mas Oscar Wilde mostra que as vezes os fantasmas são menos infernais que crianças levadas.Mas o ponto alto do livro é a mensagem final. O que a gentileza de uma menininha fez por ele e isso deu fim ao livro mais belo que já li. 

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Resposta Para o Texto “Mude a sua vida ou você vai ficar aí parado?”


 

Bruneca, seu texto de hoje mexeu comigo. Estou nessas fases da vida onde tudo fica ou chato ou esquisito. Mas a vida tem dessas fases onde nós nos estranhamos ou os outros nos estranham. Acho que é o momento de fechar um ciclo para começar outro.


Então, vamos lá por parte!

Eu por várias vezes tentei mudar. Transformar-me algo mais fácil de se adaptar ao mundo, mas foi inútil e eu vivia me cobrando e sofrendo. Então, um amigo hinduísta me disse que ninguém muda essência. Aprendemos a dominá-la, mas não mudamos. Eu não posso dizer que a partir daí eu sofri menos, mas o sofrimento não doía mais tanto. Algo se acalmou e eu não me preocupava mais em me adaptar ao mundo. Passei a valorizar mais está perfeita em mim. E esse sentimento é confortável e satisfatório para mim.

Você lembrou a letra de Oswaldo Montenegro e essa letra é de se ouvir de tempos em tempos e perceber que a lista nunca será a mesma. Mas isso não é ruim de fato. É sinal que nós não somos mais os mesmos.  Ter a consciência de que acordaremos amanhã moldados pelo hoje é acreditar que o futuro pode ser bem melhor, porque as mudanças são perceptíveis. Acho que a esperança nasce dessa consciência.
Se eu tivesse que responder as perguntas propostas no seu texto, acho que seria assim:

1-
Quantos mistérios que você sondava?  Tudo era mistério para mim. E ainda o é. Pois sou criatura curiosa e com grande necessidade de vivenciar tudo. Mesmo aquilo que sei que não levará a nada. Eu preciso provar.

2- Quantos você conseguiu entender? Eu achei poucas respostas e fatalmente todas me levavam a outra ainda mais complexa. E com o tempo a certeza que tinha é que viver é experimentar todos os dias algo novo mesmo dentro de uma rotina.

3- Quantos segredos que você guardava?
Muito menos do que eu ainda guardo. Acho que vim acumulando segredos ao longo desses 43 anos. Porque sou uma pessoa que se reserva demais por ter medo de gente. Medo do que as pessoas são capazes de fazer as outras por prazer, inveja ou crueldade.

4- Hoje são bobos ninguém quer saber?
São bobos até para mim. Mas ainda querem saber com certeza. Porque saber do íntimo do outro, para alguns, é como ter poder. É como dar uma arma na mão de alguém para ele uma hora ou outra atirar contra você.

Na minha adolescência eu ficava horas olhando no espelho no fundo dos meus olhos. Algo nos meus olhos me incomoda até hoje. Mas hoje eu sei o que é. É de lá que meu eu mais íntimo vem me contar as novidades dos meus mundos interiores. Dizem que dentro de nós há dois lobos, não é? Por mais que eu alimente o meu lobo bom todos os dias, o lobo mau se alimenta junto. E, de vez em quando, a fera se agita impaciente dentro de mim querendo sair. Ainda bem que consigo controlá-lo ainda! Talvez só o faça porque não o nego. As pessoas tendem a negar os seus monstros e ele se aproxima sem que eles os percebam. Eu tenho consciência do meu, então me mantenho vigilante sempre.

Nunca me preocupei com os que me rodeiam. Porque acredito que podemos neutralizar o meio em que vivemos se formos fiéis a nós. Só me machucam os que eu por algum motivo permito que me machuquem. Minha relação com a mulher que me criou é assim: sei que ela não me ama, não tento mais ser amada por ela, embora eu a ame e ela me fere porque eu não mato meu amor por ela. Eu fiz a escolha de amá-la apesar de tudo. Entende?

Dez anos é muito tempo! Eu aprendi a viver vinte e quatro horas de cada vez. E tudo que tenho e realizo deve ser para essas vinte e quatro horas. Então, tenho que viver bem e realizar tudo com zelo. Por isso, digo sempre que sou uma borboleta. Viva e plena por vinte e quatro horas.

Eu li a sua lista. Tive preguiça de fazer uma. Vou usar a sua, está bem?

Queria ser cigana. Não deu! Casei-me com meu primeiro amor e com ele o mais longe que fui foi Vila Velha no Espírito Santo. Mas sozinha fui à Londres, Évora, Avalon, Oz, País das Maravilhas. Ele era estreito. Eu sempre me ampliei. Felicidade é feita de pequenas gotas. São dias, horas... Mas nunca passa disso. É preciso o contrário para se dar valor aos dias bons. Nunca tive muitos amigos. Até hoje, amigos de verdade, conto numa mão. Acho que é esse meu jeitão escorpião que põe as pessoas para longe. Sei lá! Não vou melhorar como pessoa. Não tento mais. Sou mãezona. Mães dos meus e dos filhos dos outros. Eu adoro ser mãe!!! Queria uma casa lotada de amigos, parentes, pessoas indo e vindo sempre. Mas minha casa é vazia. Não fico triste. Se é assim é porque em algum momento eu fiz algo para que seja assim. Tenho meu jardinzinho de vasinhos simples e sou feliz com ele. Algumas pessoas riem comigo outras riem de mim. Mas sou do tipo que inventa as próprias histórias e ri delas sozinha. Então, rir é de menos. Eu quero alguém que me surpreenda. Alguém que se dê a mim pelo seu melhor. O medo faz parte da vida, então, ter medo não me perturba.

Acho que consegui tudo que planejei. De uma forma ou de outra. Estou amadurecendo meu eu. Evoluindo. Mudando. Vivendo. Ficar parada não dá, mas vou conforme a vida me leva. Experimentando tudo pelo caminho. Com certeza de que um dia, em alguma esquina, eu me perderei de todos vocês. Não nos veremos mais, mas tenha certeza que eu, do meu modo, estarei feliz.

Beijos,


Waleska Zibetti.  

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Mude a sua vida ou você vai ficar aí parado?

Permita-se mudar!

É uma frase linda se não sabe o significado dela a longo prazo principalmente para quem sente, passa ou vive uma fase em que parece não estar vivendo.
Tem uma música do Oswaldo Montenegro chamada "A lista" que nos leva a questionar algumas coisas: 

Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?

Na minha adolescência de muitas mudanças e muitas perguntas uma sempre me assombrou: 

- Quem nós somos? 

Outras vieram meio que em forma de autoconhecimento:

- Quem são as pessoas que nos rodeiam?
- Aonde eu estarei em 10 anos?

E confesso que ao ouvir essa música relembrei de algumas coisas, como por exemplo:

Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar?

E resolvi por num papel tudo o que eu tinha de mais bobo e mais honesto que eu tinha em mente... Faça a sua e vejamos.


Muita gente vai perceber que desistiu de alguns (ou vários) sonhos da sua “lista”. Eu desisti de alguns, reformulei outros, acrescentei e repensei, rearrumei e pouco arrisquei (Do pouco que arrisquei 50% de acertos e 50% de erros). 
 

É que o medo nos impede de sonhar!
O medo nos impede de deixar as pessoas chegarem!
O medo nos paralisa outras tantas vezes
porque ele é desconhecido e o desconhecido sempre assusta. Temos o costume, mesmo que involuntariamente, de nos blindarmos de sonhar com medo.
Já disse uma pessoa a quem me quer bem: “Só o que está morto não muda”. 
Mas o medo e os sonhos que residem em mim estão reunidos comigo neste quarto e neste momento travamos um diálogo... O resultado disso?
Algum dia vocês saberão por aí!

Até o próximo texto
Au Revoir 

terça-feira, 11 de agosto de 2015

A Normal Anormalidade das Coisas



Dera agora para manter-se silenciosa
numa postura de despedida
         macambúzia 
         retraída
Olha o mar tão distraída
que nem parece gente
é gota desprendida
Espera o verão despontar 
          no horizonte
          a linha onde
o vento e o arrependimento
lhe mexe a sais e as ideias
As ondas no vai e vem
e ela perde a conta
       dos erros
       dos medos
       que a vida tem
Deu agora para se manter distante
      fala em Deus
      e visita o diabo
Complexo entre o santo e maldito
       paradoxa
       ambígua 
       poliforme
Perdida no canto de si
       está triste
       está só 
       está louca
Diante do mar tão saudosa
        De quem?
        De que?
        Por que?
Por certo de vida
do caos dela
de dentro dela
onde ela não encaixa 
e se debate
na pedra do mar
onde ela se distancia 
na paisagem
como gota solta
num abraço de adeus.
(Waleska Zibetti, in "A Normal Anormalidade das Coisas")