sábado, 1 de agosto de 2015

O Príncipe: Nicolau Maquiavel




O livro de Maquiavel O Príncipe é a maior de todas as obras políticas. Maquiavel trata nesse livro de como chegar ao poder e (o mais importante) como manter-se nele.

O Príncipe é escrito para Lorenzo Médici, o Magnífico, que na época era o líder (“governador”) da província de Florença. Maquiavel possuía certo fascínio pela família Médici então, em seu exílio, escreve o livro e dedica a Lorenzo. Contudo, o líder de Florença ignora a obra. Mas a grande motivação do livro era a Unificação da Itália. Maquiavel pretendia ver a Itália como um Estado-Nacional. Ele acreditava que o Estado unificado se torna mais forte e ele estava certo.

O livro segue seus capítulos servindo-se como um manual. Como a Bíblia é para o povo um manual de conduta moral, O Príncipe é um manual da vida política. Maquiavel cria com este livro a Política Realista, que se opõe a Política de Platão.

Platão acreditava num mundo de homens bons onde esses mesmos homens fariam a política sem interesses próprios, visando sempre o interesse coletivo. Maquiavel mostra que os homens (pelo menos no sentido político) têm instintos maus, não só aqueles que governam como também é mau o povo.  A Política Realista vai muito mais à essência humana. Os homens buscam sempre ganhar. Vemos um exemplo nos tempos atuais. Quando um amigo nosso diz, mesmo que brincando, que vai candidatar-se a um cargo político a primeira coisa que dizemos é “não se esqueça de mim”. Maquiavel, então, mostra o quão somos corruptíveis a ponto de nos aliarmos a qualquer um que nos beneficie.

O texto refere-se ao mundo medieval. Refere-se às guerras, às tomadas de poder brutais, às nações e castelos etc. Contudo, mesmo com esses aspectos, o livro continua extremamente atual. Um livro que serve para quem quer subir na vida como um líder ou como um general. Que mostra pontos fortes e fracos em defesas e ataques. Mostra como se manter no poder de uma forma medieval, porém eficaz, inteligente e utilizada até hoje.

Direi aqui sobre algumas ideias que o livro apresenta. O livro é composto além de tudo por exemplos que Maquiavel usa para ilustrar e mostrar como seu ponto de vista é o mais correto (sejam exemplos de sucesso ou de profunda derrota). Com o tempo a leitura do livro nos leva a entender como as coisas funcionam nas “mentes poderosas” e ganhamos uma nova ideia de como agir em nossas vidas mesmo sem pertencer à política.

Uma dessas ideias é a de sempre se manter junto de seus aliados (amigos). Maquiavel diz que devemos defender nossos amigos, pois quando precisarmos eles farão o mesmo por nós. Mesmo ele dizendo isso para sinalizar que um governante deve contar com seus aliados, há também uma forma mais social envolvida.

Outra ideia é que de todos os males que deve ser causado a uma pessoa devem ser causados de uma só vez, e as coisas boas devem ser aos poucos. Assim a pessoas se esquecerá o que foi feito de mal, pois sempre será recompensado com algo bom. É, amigos, algo como “Entregue suas empresas estatais e forneça-os um novo sistema monetário...” ou “Acabe com o PIB nacional e dê-lhes uma esmola mensal”. Lembraram de algo? Contudo, o autor alerta que um líder, caso faça coisas que o povo não concorde. cairá e o povo tem o poder de escolher um novo líder.

Continuando. Maquiavel é bastante claro quando diz que um líder deve ser temido ao invés de amado. A questão é simples. Um líder amado, por mais que tenha o gosto de seu povo, caso ele caia os servos não se verão obrigados a ajudá-lo a se reerguer, pois sempre fora um líder bom e amável, não oferecendo temor ao povo. Já aquele que é temido se cair, seu povo se verá obrigado a ajudá-lo ao retorno ao poder, pois este se sozinho conseguir voltar se vingará do povo com castigos, prisões e torturas. Contudo o líder deve ser sábio e não apenas digno de temor, pois caso chegue algum estrangeiro que queira seu posto e agrade mais o povo, o povo tirará o líder de seu posto.

Darei dois exemplos que vão muito mais para o nosso cotidiano. O primeiro é de uma classe de escola, cuja possui um líder. Caso ele seja um líder omisso, que não se atente para os pedidos dos colegas alguém irá derrubá-lo, usando os outros alunos para se voltarem contra ele. O segundo exemplo é mais relacionado à política. Um partido chega ao poder, prometendo mil vantagens e melhorias ao povo, com o tempo no poder esse partido começa a cair em desgraça e surge então o estrangeiro (outro partido), este começa a levantar a voz do povo começa a infernizar o partido mandante. Com o tempo o estrangeiro consegue apoio o suficiente para tirar o príncipe (primeiro partido) do poder.

Outro aspecto do livro deu ao mundo uma frase que ficou marcante: Os fins justificam os meios. Vale ressaltar que Maquiavel nunca disse essa frase, ela foi atribuída a ele por causa de seu pensamento. De fato para Maquiavel não importa como chegar, tem que chegar. Para chegar ao poder vale tudo (matar, torturar, mentir, roubar etc.) e isso é mais uma verdade. Todos os que querem ter algum tipo de poder na vida utilizam, em algum momento, de algum artifício cruel e terrível, seja pagar para nos elegerem, seja explorar a fé alheia, seja como for, aquele que está interessado em chegar ao poder fará de tudo para chegar nele.

Ele trabalha muito, também, a questão da virtú e fortuna. Explicar-lhes-ei os dois termos. Primeiro o mais simples: fortuna. Neste caso fortuna não se refere a dinheiro, refere-se a sorte em italiano.

Virtú é um termo mais ligado a filosofia. Seria algo como virtude, mas não só isso. A virtú nesse caso é a astúcia, inteligência, percepção do momento, capacidade de domínio dos anseios populares e da nobreza. A virtú é a capacidade suprema de Líder como tal. Além de tudo virtú é a honra do príncipe.

Para Maquiavel o líder nato não deve contar sempre com a fortuna e sim com sua virtú. O motivo é claro e simples: Não se pode domar a sorte, ninguém faz isso, já a virtú pode ser aperfeiçoada. O príncipe (líder) que se apóia firme e somente à fortuna cairá de forma tão forte que não haverá chances de retornar ao poder. Uma dica que o próprio Maquiavel dá aos futuros líderes é de que a base de um príncipe é o seu povo, pois o povo tem a capacidade de ajudá-lo a cair ou a se levantar.

Um líder deve sempre estar atento às confusões. Um bom líder não pode, em hipótese alguma, deixar surgir em seu reino a desordem nem evitar guerras, muito menos deixar surgir desordens para evitar guerras. Porque quanto mais se adia uma guerra mais perdida ela se torna para quem a adiou.

Nem sempre conseguimos aquilo que queremos (principalmente sucessores), por isso Maquiavel dá outra dica. Se não podemos fazer que alguém que queremos entre no poder, então eliminemos quem não queremos. Destruamos aqueles que não achamos dignos de nos dar continuidade. Este é uma das mais importantes e geniais dicas de Maquiavel.

Aliados são bons, mas depende de quem eles são (ou pensam que são). Aliar-se a figurões, magnatas, detentores de capital, pessoas que em algum momento já tiveram poder não é uma boa ideia, pois estes acreditarão que são iguais a você e quererão dividir o poder. A não ser que tenhamos a frieza de nos livrar daqueles que já não nos servem mais, não é bom manter-se com ele. Não é bom nem aliar-se a eles.

A obra se estende de forma divina e magistral ensinando a todos que quiserem como se faz para governar. Ensinando-nos a sermos verdadeiros imperadores. Digo-lhes também que Napoleão foi um dos seguidores de Maquiavel. Como achavam que Napoleão foi o general que foi? Convido a todos para lerem O Príncipe. Convido a todos a se tornarem Líderes perfeitos.

“É necessário ser príncipe para conhecer perfeitamente a natureza do povo, e pertencer ao povo para conhecer a natureza dos príncipes.”

(Nicolau Maquiavel, O Príncipe)