domingo, 23 de fevereiro de 2014

Resposta Para o Post: O que seria a mulher "Balzaca" moderna?



"É preciso suportar duas ou três lagartas 
se quisermos conhecer as borboletas
(Antoine Saint-Exupéry)

O que se fala da mulher de 30, é um fato. Aos trinta, a mulher dá uma guinada em seu pensamento. Começamos a sentir o corpo reagir diferente, o pensamento questiona-se e questiona o mundo a sua volta, certa coragem vai nos invadindo aos poucos. Hoje, aos 42, eu sinto que aos trinta eu entrava em um processo de “metamorfose” que só ficou totalmente completa aos 40. A mulher de 30 é a crisálida da borboleta que rompe o casulo aos 40. Provavelmente, como a de 40 é um preparo para a loba dos 50. A vida é isso: aprendizado. É preciso passar cada etapa e respeitar o valor de cada uma delas para se chegar preparada a próxima etapa. O q vejo hoje é que há uma vontade enorme de antecipar os acontecimentos. Penso que daqui para frente, nascerão muitas borboletas atrofiadas por conta desse desespero por amadurecer.
(Waleska Zibetti)

O que seria a mulher "Balzaca" moderna?

Bom dia, boa tarde, boa noite!
Estou eu aqui pra opinar, berrar, ou seja lá como queiram interpretar.
Mesmo depois de um fim de semana "óóóóóteemooo" vendo um show da Bee do Elton, eis eu aqui (corisando e sem voz) para relatar a minha primeira impressão do mulheres de 30. E mesmo assim a primeira impressão pré livro que tinha sobre o que é ter 3.0, essa idade famigerada e temida pela maioria de nós mulheres (pelo menos por mim até 10 dias atrás) mas, voltando ao que interessa e sem embromas, vamos lá.

Para começar uma perguntinha bem básica, se Balzac (1799-1850) estivesse vivo em nosso tempo como ele definiria a mulher de 30 anos?
Mulheres de trinta são cobradas, especuladas e misteriosas. 
Ora! Para todos os efeitos a sociedade define uma mulher nessa faixa etária da maneira mais taxativa possível: A que sabe o que quer! Pedro Bial em seu filtro solar foi gênio quando disse:
"As pessoas mais interessantes que eu conheço não sabiam, aos 22, o que queriam fazer da vida. Alguns dos quarentões mais interessantes que conheço ainda não sabem."
Acho sim que muitas mulheres nessa idade ainda não sabem o que querem da vida, sabem sim o que lhe é imposto. O casamento é a maior cobrança para elas. Algumas pensam que só estarão completas quando estiverem com um homem ao seu lado, outras chegam a se apavorar quando percebem que todos os amigos estão casando e passa a se sentir sozinha porque perde as companheiras de balada. Mas a mulher não é só o casar, nessa idade ela tem atrativos bem interessantes, que uma mulher aos vinte e tantos não possui, até porque tem sonhos demais, ilusões demais e inexperiência demais! 
Com a nossa heroína do livro a Julie não é diferente.Um dos melhores trechos é quando o pai da Julia descobre que ela está apaixonada pelo coronel Vitor. Vejam só o conselho dele:

"Pois bem, minha filha, escuta-me. As moças sonham muitas vezes com uns seres nobres e encantadores, criaturas perfeitamente ideais, e assim forjam umas quiméricas fantasias acerca dos homens, dos sentimentos e do mundo. Depois, elas atribuem inocentemente a um caráter as perfeições com que sonharam, e nele confiam. Elas amam no homem da sua escolha este ente imaginário, porém, mais tarde, quando já não podem fugir à desgraça, a aparência enganadora que elas embelezaram, o seu primeiro ídolo, enfim, muda-se num esqueleto odioso. Júlia, eu preferia que amasses um velho a ver-te amar o coronel. Ah! se pudesses adivinhar o que sucederá daqui a dez anos, farias justiça à minha experiência. Conheço Vitor: sua alegria é sem espírito, alegria de caserna, não tem talento e é perdulário. É um desses homens que o céu criou para comer e digerir quatro refeições por dia, dormir, amar a primeira que lhe aparece e bater-se. Não compreende a vida. O seu coração, porque o tem, leva-lo-á talvez a dar a bolsa a um desgraçado, a um camarada. Porém, é um indiferente, e não possui essa delicadeza de coração que nos torna escravos da felicidade de uma mulher." (Pg 20 e 21)
Lindo né?No começo, ele fala sobre algo que acontece com a maioria das adolescentes: elas sonham com um cara perfeito, ai vêem um rostinho bonito e imaginam que ele tenha tudo que elas querem. Antes de conhecer o sujeito direito, elas já imaginam um bebê com a cara dele. Na época da nossa Júlia, elas tinham quase uma obrigração e se casavam muito jovens. Então, só depois de casadas é que viam o que tinham feito da sua vida.
A análise que o pai da Júlia faz sobre o Vitor é muito boa. Eu conheço dúzias de caras como o Vitor, que são figurantes da vida dos outros. Eles não são maus, pelo contrário, são até bonzinhos. 
Mas e dai? A vida passa e eles continuam os mesmos. Não destroem nada, mas também não constroem. São indiferentes.
A frase final é a mais interessante do texto. Pode parecer uma bobagem feminista, mas não é não. O que eu noto é que os homens são, por natureza, bem acomodados. As mulheres tentam agradar, não magoar, imaginam 1000 vezes "o que será que ele tá pensando"... Já eles, bom, nem sempre. Pior ainda: elas precisam lutar, com unhas e dentes, pra ser ouvidas sem levar patadas.

E mesmo 200 anos depois existem situações semelhantes, dentro do mesmo contexto onde (dito no inicio deste texto) as mulheres pelo medo da solidão preferem um mal casamento em face de fazer bem a sociedade, a buscar a própria felicidade pelo simples fato de estar primeiro bem consigo mesmas!


Beijos,
Au Revoir!