domingo, 31 de maio de 2015

Essa não é mais uma carta de amor...



Não é a dor que quero entender (essa dói e pronto), mas esse mistério de duas almas que não se tocam no físico e têm quase uma unidade na imortalidade.
Mas é isso que quero! Quero ser clara o suficiente para que não possa esconder aquilo que sinto, o que vejo e que principalmente leio nas entrelinhas.
Você me ama? Não sei, talvez você se importe, talvez você apenas goste, talvez você sinta algo mais. Mas também sei que nada se compara ao sentimento alheio a minha vontade.
Você quer construir uma vida comigo? Um dia de cada vez tem sido assim, mas, quantas vezes eu fiquei sonhando, imaginando momentos, vendo a leveza das estações do ano.

Tem desejo e sabor?

Será que eu estarei ao nível de suas expectativas?

Eu queria uma certeza, vivo delas e foi com elas que pus meus pés no chão para caminhar todos os dias em busca da vida, dos sonhos, dos desejos...
E quantas vezes vislumbrei o que seria o derradeiro e nem início era. Quantas vezes esperei contar e só senti se afastarem e eu ficar no chão... Engraçado que eu lembro que no início eu senti que o elevador havia parado no mesmo andar, e que a partir dali eu estaria subindo um degrau por vez, tijolo por tijolo num desenho mágico.
Eu quero tanto a certeza não do absoluto, mas, daquela certeza que faz a gente ir em frente como tantas vezes fiz. Quero ter a certeza premonitória que posso mergulhar, que não encontrarei uma pedra.
“Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e dos anjos, se eu não tivesse o amor, seria como sino ruidoso ou como címbalo estridente.
Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência; ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse o amor, eu não seria nada.
Ainda que eu distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse o meu corpo às chamas, se não tivesse o amor, nada disso me adiantaria.”
Poderia achar fórmulas mirabolantes e ler todos os textos dos sites que falam tanto e com tanto entendimento sobre relacionamentos, poderia ouvir conselhos dos mais diversos sobre a fórmula mágico do fazer dar certo. Mas será que isso realmente funciona?
Não bonito!
Tem vezes que acho que estar fazendo o certo e não vejo respostas, recíprocas ou que nomes poderíamos
dar. Sei o quanto preza sua liberdade, sei dos seus diversos sentimentos, apesar de você achar que não os conheço, sei mais do que suficiente para sentir as energias que são emanadas para mim.
Você me pede que eu sinta, você me pede que eu não me pegue nisso ou naquilo, mas quantas vezes eu senti, eu li a verdade nos seus olhos e sempre acreditei que nós podíamos mais do que ter, mas, ser!
Sinto tudo...
Sou visceral!
Sou silêncio, sou o medo das palavras, pois sei o poder que elas têm, tanto para o bem quanto para o mal...
Devo dizer que sentei com a mais bela carta de amor na cabeça, mas, ao sentar para colocar tudo pra fora, eis que você surgiu, tão belo e vistoso, tão perfeito e tão... Que não contive as minhas lágrimas.
Sempre quero dizer que tudo começou muito antes, provavelmente, acredito, pela troca de um olhar casual que, por força de uma energia muito especial, congelou-se no espaço para ganhar a condição de um momento eterno, definitivo.
Aquele olhar trocado há tanto tempo mudou a minha vida, fez com que eu me sentisse cada vez mais feliz, mais humano e mais contente.
Ainda hoje, cada vez que você olha para mim, sinto a possibilidade sincera de felicidade eterna, de alegria permanente.
Tudo por força de um primeiro olhar; uma força tão grande que alimenta o meu coração até hoje, que me dá esperança de um futuro cada vez melhor, que me dá a certeza de que eu serei sempre feliz, pois sinto, a cada novo olhar que trocamos, que você estará sempre ao meu lado...
Tudo por causa daquele primeiro olhar, há tanto tempo...

sexta-feira, 29 de maio de 2015

KURT COBAIN - Documentário 2015.

Crítica por Gabriella Gilmore



Cobain – Montage of the heck.


Eu assisti esses dias uma biografia do cantor/artista Kurt Cobain feito pelo amigo e baixista da banda Krist Novoselic. Fui dormir afundada numa tristeza aparentemente sem noção.
No dia seguinte, ainda fiquei refletindo sobre a vida daquele pobre talentoso garoto que mergulhado numa arte incompreendida, preferiu sair de cena aos 27 anos quando tirou a própria vida.

Kurt acabou sendo uma referencia “ruim” do músico que gosta do rock e quer fazer rock mesmo que numa forma “clean”.
Dos meus 20 aos 25, fiquei na cena musical enquanto participava de algumas bandas, e pude sentir na pele o preconceito. “Todo roqueiro é drogado, doido, sem futuro, e morto.” Uma ova.
Essa imagem de que gostar do bom e velho rock ‘n’ roll te leva ao vício é tão sem criatividade quanto maldoso. E acreditem ou não, durante meu período criativo, nunca me envolvi com drogas, tampouco os amigos que eu tinha vínculos. Tatuagens não te definem, nem mesmo o que você escuta. O que te define é o que você faz e como faz.
Apesar de todos os problemas que tive na adolescência, em lar de pais divorciados, doutrinação um tanto fanática, descobertas de músicas e um mundo lá fora muito maior do que eu imaginava, não foi capaz de tirar a minha caretice do lugar. Apesar de inocente, nunca fui estúpida.
Kurt foi um garoto extraordinário, que visivelmente não nasceu num lar preparado para lidar com uma criança assim. Na sua primeira infância, foi totalmente adorado por sua beleza física e também por ser uma criança amorosa e preocupada com os outros. Infelizmente por alguma razão, na sua adolescência, o tempo fechou. E tudo que era florido e perfumado, assim como numa primavera, seu castelo forte foi transferido para um lugar frio e escuro. Era o inverno que chegava para se instalar até seu último dia.
Acho que minha decepção com sua história foi em ver um garoto tão lindo se degradar aos poucos. Um garoto que poderia ter sido um modelo de um sucesso leve e inspirador, a meu ver, seu exemplo implantou revolta aos seus de sua época, disseminando assim essa ideia torta de que todo roqueiro é drogado e vazio. Porém, precisamos abrir um parêntese aqui, pois Kurt não era uma criança psicologicamente saudável, o que acelerou seu desespero. Na biografia não é citado o transtorno maníaco depressivo, mas outras fontes afirmam o diagnóstico. E todos sabem que uma pessoa naturalmente desequilibrada, é propensa a ficar mais presa a algum vício que uma pessoa “naturalmente” saudável.
Hoje, não vos escrevo no intuito de indicar o filme, na verdade foi mais um desabafo de como me senti ao saber mais sobre a sua história.

Isso me fez lembrar as aulas na Nova Acrópole quando o professor nos orientava a tomarmos cuidado com músicas que escutávamos assim como os filmes. Nosso corpo tanto transfere energia como absorve. E isso é uma verdade que a gente não enxerga, a gente sente.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Direitos e Deveres - DESAFIO do CLUBE


VAMOS BRINCAR DE REFLETIR?
por Gabriella Gilmore

Tenho uma amiga que começou agora a fazer terapias, e achei interessante uma atividade que a doutora dela passou, para que ela ocupasse a mente toda noite antes de dormir.
Aproveitei para repensar sobre o questionamento.
E repasso esse desafio para todos os leitores, lembrando que não terá certo e errado. Por um momento, tenha liberdade de ser realmente livre.
Se você pudesse fazer uma lista de direitos e deveres, como seria?
A tarefa de casa de hoje será essa.
Reflita!





10 Direitos que eu tenho:
1. Tenho direito de de comprar livros e não os lê. O dinheiro é meu e sou obsessiva.
2. Tenho direito de amar e ser amada. Mas sei que talvez não da mesma forma.
3. Tenho direito a liberdade, mas sabendo que certa liberdade também tem suas consequências.
4. Tenho direito de fazer o que quiser do meu tempo livre.
5. Tenho direito de cantar quando estou feliz, e de chorar quando estou triste.
6. Tenho direito em ter acesso à boa educação e alimentação.
7. Tenho direito de questionar coisas que não concordo.
8. Tenho direito de escrever o que penso e apagar tudo depois.
9. Tenho direito de não respeitar as pessoas que não me respeitam.
10. Tenho direito de repensar tudo isso que escrevi daqui a 20 anos.

10 deveres que eu tenho:
1. Tenho o dever de manter limpas as vias públicas.
2. Tenho o dever de auxiliar um idoso na rua e no ônibus.
3. Tenho o dever de respeitar as leis impostas pelos superiores a mim.
4. Tenho o dever de respeitar meus pais e familiares.
5. Tenho o dever de cumprir horários na empresa que trabalho.
6. Tenho o dever de respeitar as leis do trânsito.
7. Tenho o dever de respeitar as leis do condomínio que moro.
8. Tenho o dever de votar, mesmo que seja em branco ou nulo.
9. Tenho o dever de agir com respeito a pessoas desafortunadas.
10. Tenho o dever de ficar calada quando alguém próximo de mim não quer mais me ouvir.

Que tipo de pessoa eu quero ser?

Quero ser uma pessoa que possa transmitir boas experiências as pessoas que convivem comigo, ser um exemplo bom e sempre lembrada.

Que tipo de pessoa, as pessoas querem que você seja?

Acho que todo mundo espera muito da gente. Que sejamos perfeitos. Acontecem que são pouquíssimas as pessoas que buscam a perfeição. E geralmente essas que esperam muito de você, são as que menos buscam melhorar a si mesmo, porque perdem tempo demais se preocupando com a vida alheia.

quarta-feira, 27 de maio de 2015

Eu escrevi um poema triste


Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza…
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel…
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves…
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!

Mario Quintana

terça-feira, 26 de maio de 2015

Amantes Passageiros e Jardim Secreto




Ontem a noite, assisti o filme "Os Amantes Passageiros" de Almodóvar. E terminei o dito filme com uma sensação de "Prêmio Que Porra É Essa?". Eu definitivamente não nasci para entender certos diretores como Woody Allen, Pedro Almodóvar, Godard, Sylvain Chomet... Será que um dia chego lá? Não sei! 

Quero me agarrar na ilusão, quase certeza, de que a maioria também não os entende, mas os aplaudem para não assinar a carteirinha de inculto. 

Bom, se posso dar um conselho, não vejam esse filme. Se virem e gostarem, por favor, me ensinem o caminho. Enfim, depois de ficar procurando um porquê qualquer para o que eu tinha assistido, e não chegar a lugar algum, fui pintar o Jardim Secreto. Outra frustração. Chocados? Não fiquem!

O livro "O Jardim Secreto", foi um desses livros que esperei como uma louca. Depois de vinte visitações as livrarias locais consegui conquistar a meu. Ao chegar em casa notei que são dezenas de desenhos quase iguais com detalhes mínimos. Aquilo é um inferno! Você fica sempre com a sensação de que tem dever de casa para fazer o que gera uma vontade de segurar todos os lápis de cor juntos e riscar o livro todo num ato de rebeldia. É quase incontrolável. Mas aqueles traumas do jardim de infância surgem e você pensa que, se você fizer isso, surgirá de algum recanto de sua sala a "tia" para lhe pôr de castigo. Então, você não suporta mais o verde folhinha, mas fica ali até terminar de pintar a última das miliares que há na página.

Enfim, não nasci para Almodóvar nem para aulas de artes. Concluo, ao guardar no fundo do armario minha caixinha de lápis de cor e giz de cera. Olho "O Jardim Secreto" e penso "deixarei a missão para meus netos", procuro desconfiada se a tal "tia" não me observa e na certeza que nada acontecerá - Viva a vida adulta! - , suspiro e ligo o velho som do Aerosmith, ali estou confortável.

É isso aí! Até a próxima!!!





segunda-feira, 25 de maio de 2015

Do Estranho e do Esquisito



Era uma vez uma menina estranha que certa vez conheceu um homem esquisito. Ela tinha alma azul e ele coração de pedra. O vento soprava pela fresta da janela previsões de mudança. E choveu no fim da semana. 

Era uma vez um homem estranho vestido de vento que conheceu certa vez uma menina esquisita que nunca mudava. E o coração soprava na alma previsões de chuva.  E na janela de pedra azul passava o fim de semana. 

Era uma vez uma chuva que certa vez conheceu o vento. E o coração de uma menina passava o fim de semana nas pedras. Estranha alma! E um homem soprava pela fresta azul previsões esquisitas.
 
Era uma vez uma história estranha de um homem que nunca conheceu a menina. Onde o vento soprava a chuva na janela azul. Onde uma alma buscava um coração num fim de semana. E a previsão era de que tudo seria esquisito. E foi!

(Waleska Zibetti, in "Do Estranho e do Esquisito")

domingo, 24 de maio de 2015

Soneto


Por que me descobriste no abandono
Com que tortura me arrancaste um beijo
Por que me incendiaste de desejo
Quando eu estava bem, morta de sono

Com que mentira abriste meu segredo
De que romance antigo me roubaste
Com que raio de luz me iluminaste
Quando eu estava bem, morta de medo

Por que não me deixaste adormecida
E me indicaste o mar, com que navio
E me deixaste só, com que saída

Por que desceste ao meu porão sombrio
Com que direito me ensinaste a vida
Quando eu estava bem, morta de frio

Chico Buarque

sábado, 23 de maio de 2015

Ponto Final


Era só um espectro de si mesmo. Esconde-se na penumbra. A ponta de seu vestido era a única coisa que alcança a luz vinda da lua que invade a fresta da janela.

__ Olá!

A voz é como um acorde frio que retumba no cômodo cheirando a passado. É difícil imaginar-lhe os traços porque seus cabelos cobrem-lhe o rosto.

__ Entre. Eu o esperava.

É impossível não obedecer a essa voz. Uma banqueta do outro lado, provavelmente de veludo e que em outro tempo fora vermelho, está quase em frente a ela. E diante dela é difícil controlar a respiração, o corpo, a voz, o olhar.

__ Há quanto tempo sinto você se esgueirando por aí a me rondar.

Ela respira pesadamente e sua voz sai como um silvo. Uma mão pálida e cadavérica segura o braço da poltrona acariciando o tecido também aveludado.

__ O que você procura? Melhor... O que você não procura é o que lhe traz aqui.

Seu cabelo é longo e seu cheiro lembra velhas bibliotecas. Não é possível ver mais do que a ponta do vestido e os contornos magérrimos de uma mulher.

__ Eu não sou o caminho, mas vocês insistem em vir sempre por aqui. Vocês insistem em visitar-me pela comodidade que causo em vocês. Gentinha miúda e nojenta. É isso que são! Todos vocês!

A voz agora demonstra desprezo e um cheiro ruim invade o cômodo. Talvez seja a hora de ir. Mas não se consegue. Tem que ter um porquê.

__ E tem!  - sentencia pela primeira vez forte essa coisa sentada adiante – O porquê é o seu medo. O seu medo de não assumir o que quer, de não se lançar nos seus desejos. Fica arrumando pequenas desculpas para tudo: falta de tempo, falta de dinheiro, depressão, loucura, Deus... Até quando será isso em sua vida? Esse vaguear em mentiras, em ilusões, em desculpas...

A respiração acelera. É possível ouvi-la ainda mais nítida.

__ Foram criados para serem superiores e na maioria do tempo agem como vermes. Depois ficam aí... pelas madrugadas... ratos pelos meus corredores. Misericórdia... misericórdia...

Aperta o braço do sofá.  Unhas pontiagudas quase rasgam o tecido roto.

__ Infelizes! Haverá sol amanhã, sabia? E tudo que terá a fazer é ter coragem de admitir seus pesadelos para que ele o cubra inteiro. Se despir dessa sua pele fantasiosa de segurança e admitir o medo, a falha, a culpa. Mas... É mais fácil não chorar, não é? É mais fácil arrumar outra desculpa para enfiar o dedo na garganta e jorrar sua frustração no vaso do banheiro. Dizer sinceramente para si que você é o resto de merda nenhuma e então, sair pela vida para provar a delicia de ser totalmente livre.

Pela primeira vez ela movimenta o corpo para frente. Partes dos cabelos alcançam a luz. São grisalhos e mal cuidados.

__ Ouça um pouco... Há vida lá fora. Gente. Gente de verdade. Gente querendo e sendo gente. E você aí... Rondando-me. Perdendo tempo. Querendo um amanhã perfeito. Ele não virá! Ele não existe! Mas você entenderá isso tarde demais.

Ela se levanta. É completamente possível se sentir o olhar dela pousado em nós.

__ É a sua última chance. VÁ!

A mão cadavérica aponta a porta, a rua iluminada...


__ VÁ AGORA E VIVA!

E agora, amigo? O que você escolhe: continuar aqui ou ir? É você quem decide. Tudo agora é com você. 

(WAleska Zibetti, in "Ponto Final")

sexta-feira, 22 de maio de 2015

A MEMÓRIA DOS ANIMAIS



por Gabriella Gilmore


Os animais têm memória, mas será que a memória deles é como a dos seres humanos? Apesar de serem capazes de reconhecer, associar e usar a memória para entender o mundo, parece que falta aos animais o poder da recordação – para pensar sobre o passado de um modo introspectivo e autobiográfico.




NEM TANTO CÉREBRO DE PASSARINHO
O cérebro de um pombo é 500 vezes menor do que o humano, mas experimentos mostraram que eles têm um grande poder de reconhecimento. Usando sementes como recompensa por respostas corretas, foram treinados a bicar um botão toda vez que lhes fossem mostradas fotos com alguma características previamente escolhida. Os pombos aprenderam a distinguir fotos que continham árvores das que não continham – eles podiam até mesmo diferenciar folhas de carvalho de outros tipos de folhas.
Em seguida, os pombos foram testados com fotos com pessoas e sem pessoas, com uma única pessoa e com multidões, pessoas vestidas ou nuas, e finalmente com fotografias com ou sem uma determinada mulher. Eles aprenderam a reconhecer a mulher de qualquer ângulo e foram capazes de distingui-la de fotos de outras mulheres vestidas com roupas similares. O desempenho dos pombos não decepcionou mesmo em testes envolvendo fotos de peixes e criaturas do mar – elementos que não fazem parte da vida de um pombo comum.

MEMÓRIA DE ELEFANTE
O velho ditado de que um elefante nunca esquece pode não ser tão artificial quanto parece. Randall Moore, um queniano especialista em elefantes, devolveu um elefante de cativeiro para a selva. Quinze anos depois, o mesmo elefante foi encontrado com um ferimento no pé devido ao ataque de um hipopótamo. O elefante resistiu com violência a todas as tentativas de ajuda até que Moore foi lá e chamou por ele. Pelo que parece, o elefante reconheceu sua voz imediatamente.
Um espectador descreveu: “Ele foi à sua direção, rendeu-se e permitiu que o veterinário o examinasse. O elefante levantou o pé e ficou passivo enquanto a equipe de salvamento o vacinou e o operou.”

FATO: Koko, um gorila treinado, conseguia usar e lembrar mais de 400 palavras da língua de sinais.


Créditos: Reader’s digest (Maximize o potencial do seu cérebro)

quinta-feira, 21 de maio de 2015

A Borboleta e A Águia


Era uma vez uma borboleta que avistou um dia uma águia. Ela  a observou por dias e de tanto observá-la quis conhecê-la. Aproximou-se lentamente num dia que viu a águia pousada. E as duas conversaram por horas. A borboleta ingênua pensou que as duas poderiam ser amigas. E quando a águia voou a borboleta tentou acompanhar-lhe no voo. Inocente borboleta ignorou o poder de suas asas pequenas. 
 
As águias são criaturas altivas e desconhecem os seres menores e mais simples. A borboleta ainda tentou fazer com  que a águia a notasse. Mostrou-lhe as suas cores, suas flores, mas a águia era um ser sozinho e acostumado com os céus altos, amplos, grande. Nada naqueles universos miúdos de borboleta  atraíram a águia. 
 
Pior foi que a águia pensou que a borboleta fosse como ela. Forte, implacável, altiva, orgulhosa... “Acho que as águias enxergam o mundo só de cima”, pensou triste a borboleta. A consciência de sua inferioridade e o medo da insensibilidade da águia foi fazendo a borboleta temê-la, mas a águia a atraia e curiosa ela ainda se mantinha por perto esperando que numa distração a águia notasse que pousar numa flor de jardim poderia ser bom também.

Infelizmente para a borboleta algumas coisas não podem mudar. Águias e borboletas não voam no mesmo plano. E num momento de fragilidade da borboleta, seguindo seu instinto natural de sobrevivência solitária a águia atacou com suas garras afiadas a borboleta insistente.

Com as asas feridas a borboleta recuou. A águia rindo-se disse: “Você é covarde diante da vida?”. A borboleta ferida, machucada, chorou baixo e disse-lhe: “Sim, eu sou. Sou uma covarde e quem quiser que me aceite!”. Foi embora e águia ainda continuou bradando suas ilusões altivas, conclusões infundadas de um ser tão cheio de si que em momento algum conseguiu realmente ver ou sentir o que havia naquela borboleta.

De volta ao jardim, sentindo-se menor ainda, mais fragilizada ainda, mais triste ainda, escondida por baixo de suas folhas, a borboleta chorou vendo a águia sumir de sua vida para sempre pelos céus onde tolamente ela borboleta pequenina um dia pensara que poderia desfrutar. 

(Waleska Zibetti, in "A Borboleta e A Águia")

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Para a Tristeza


Companheira, sei que você vai chorar quando ler esta carta, mas quero deixar de ver você por uns tempos. Vai ser difícil para mim, pois me acostumei à sua presença, porém não vejo mais motivos para continuarmos juntas.
Não nego sua importância; em diversos momentos difíceis da minha vida você permaneceu comigo, mesmo quando todos se afastaram. Só que, com você, sinto que não ando para a frente. Esse seu pessimismo me atrapalha. Tenho tentado evitar você de todas as maneiras, e isso não é legal. Ainda mais porque sei que se magoa por qualquer coisinha. Mas basta você chegar e lá se vai minha alegria. Não agüento mais os seus assuntos mórbidos, a sua cara desanimada. Até sexo, com você, ficou sem graça. Nada mais broxante do que gente que chora durante a transa. Perdi anos de minha vida ao seu lado, tristeza, acreditando em tudo que você dizia. Que o amor não existe e o mundo não tem jeito. Você é péssima conselheira para suas parceiras - que o digam a Marilyn e a Sylvia*.
Agora, chegou a hora de dar chance à alegria, que há muito tem mostrado interesse em passar uns tempos comigo. Ela me elogia, sabe? Você? O único elogio que eu lembro de ter ouvido de você foi que eu fico bem de olheiras.
Veja bem: não estou dizendo que quero acabar com você para sempre. Sei que estou presa a você, de uma forma ou de outra, pelo resto da vida. E podemos muito bem ter os nossos momentinhos juntas, aos domingos ou em longas tardes de poesia. Só não posso é continuar à mercê dos seus péssimos humores, dia após dia, sabendo que você nunca irá mudar. Chega de fornecer moradia à sua pesada existência.
Desde pequena, abro mão de muita coisa pela sua companhia. Festas a que não fui porque você não me deixou ir, paisagens lindas nas quais não reparei porque você exigiu de mim total atenção, amigas que perdi porque insisti em levar você comigo a todos os lugares. Ora, tristeza, tente ao menos ser mais leve. Sorria de vez em quando, pare um pouco de se lamentar. Ou vai continuar sendo assim: ninguém querendo ficar com você.
Não vou cobrar o que deixei de ganhar por sua má influência, pois sei que tristezas não pagam dívidas. Mas quero de volta meus discos de dance music, que você tirou da prateleira. E minhas roupas estampadas, que sumiram do meu armário depois que você se instalou aqui. E por favor, não tente entrar em contato comigo com as mesmas velhas razões de sempre. Não é a fria lógica dos seus argumentos que irá guiar meu coração daqui por diante. Quero ver a vida por outros olhos, que não os seus. Quero beber por outros motivos, que não afogar você dentro de mim. Cansei da sua falta de senso de humor, do seu excesso de zelo. Vá resolver as suas carências em outro endereço.
Como me disse o Lulu, hoje de manhã, no carro, a caminho do trabalho: "Não te quero mal, apenas não te quero mais".

Bye-bye.

Fernanda Young

terça-feira, 19 de maio de 2015

UMA VERDADE INCONVENIENTE


 A crise climática

Às vezes precisamos ver ou estar no final para voltarmos ao início, para refletir o motivo de estarmos passando por certas situações.
É assim em todos os sentidos, tanto na área da saúde, emocional, espiritual e também quanto a crise climática que não é de hoje que ela vem gritando por socorro, clamando por ajuda.
A menos de dez anos estamos vendo a olho nu, sentindo na pele, a selvageria com que a natureza tem respondido aos maus tratos que nós, seres humanos, temos feito a ela há séculos.
Eu, particularmente, não tiro sua razão para tamanha revolta, afinal, ela sempre esteve aí, nos proporcionando beleza, alimento e paz.
Uma verdade inconveniente, uma palestra ministrada por Al Gore, nos trás a realidade que a mídia, de certa forma, tem nos escondido, ou por alguma "prudência", tentando não alarmar a civilização. Mas o fato é que se a humanidade não abrir os olhos de verdade e se unirem, não só os animais e plantas estarão em extinção, como os humanos também não estarão por aqui para contar essa história.
Infelizmente a batalha não será breve, levará tempo e precisará de muita paciência.
Temos que nos lembrar que o estágio climático em que entramos, não foi coisa de um ano, nem uma década, portanto o tempo para revertermos isso, se é que posso dizer "reversão", levará anos também e o mais importante é não deixar para amanhã, pois o processo contará com uma união eminente da humanidade.
Primeiramente devemos nos conscientizarmos de que cada um fazendo a sua parte, ajudará grandemente no processo de salvação do planeta terra, e de que não é bobagem evitar certas coisas, como: o uso do carro, trocar as lâmpadas incandescentes para as fluorescentes, reciclar mais, evitar usar água quente, plantar uma árvore, dentre outras coisas, sem contar que divulgar a palestra de Al Gore é um grande passo.
Ajude a salvar o planeta que será de seus netos amanhã.
Uma humanidade unida viverá por muito mais tempo.

Conheça a palestra


segunda-feira, 18 de maio de 2015

A Rosa e o Girassol



Gira teu sol-coração
e nos ilumina,
sempre

(Aline Mariz)

Ela abriu a janela para ver o mundo como faz todos os dias. Ainda despenteada e meio preguiçosa. Da janela ela o viu. Ficou curiosa, mas como tem medo se escondeu na cortina para observar.

A primeira coisa era sempre mostrar que ali não era lugar para gente comum. Todos ali sabem que ela é meio bicho. Borboleta! Assustada, frágil e morre fácil e ele teria que saber disso para poder ficar. Mas ele não riu dela como os outros. Não teve medo dela. Doou-se, também. E não quis que ela fosse para ele o que era para todos. Para ele, ela não era borboleta. Era rosa. 


E ela se lembrou de um principezinho que certa vez conheceu e que também a fizera rosa. E ela gostou de ser a rosa dele. Mesmo tendo medo de ter as pétalas tocadas. Porém, ele também era flor. E flor não machuca flor, ela pensou. Melhor, ela apostou. Fez-se rosa. E foi então, para o jardim.

Por fim começou a se acostumar com o novo amigo. Foi chegando de passinho leve, mas como não é de se acanhar logo estava rindo inteira ao lado dele. Divertindo-se como se já se conhecessem há muito tempo. 


Era bom para rosa frágil sentir de perto o girassol cortês. E a poesia dela entrou nele como perfume de primavera. E transbordou suave em versos de carinho. Os versos de carinho tomaram força e se espalharam por aí.  De ciúmes uma nuvenzinha quase estraga o quadro, mas não foi forte o suficiente. Era amizade ciumenta e tudo ficou no lugar antes mesmo que a rosa lembrasse que era borboleta e tentasse fugir para longe. 

E o dia termina melhor do que começou. Ela fecha a janela para o mundo. Volta para seu mundinho normal. Mas hoje ela dorme contente porque dentro de seu coração a rosa se aninha feliz no abraço de um girassol. 

(Waleska Zibetti, in "A Rosa e o Girassol")

domingo, 17 de maio de 2015

A Partida



Agora que os dedos da Morte à roda da minha garganta

Sensivelmente começam a pressão definitiva...

E que tomo consciência exorbitando os meus olhos,

Olho p'ra trás de mim, reparo pelo passado fora

Vejo quem fui, e sobretudo quem não fui

Considero lucidamente o meu passado misto

E acho que houve um erro

Ou em eu viver ou em eu viver assim.

Será sempre que quando a Morte me entra no quarto

E fecha a porta a chave por dentro,

E a coisa é definitiva, inabalável,

Sem Cour de cassation para o meu destino findo,

Será sempre que, quando a meia-noite soa na vida

Uma exasperação de calma, uma lucidez indesejada

Acorda como uma coisa anterior à infância no meu partir?

Último arranco, extenuante clarão, de chama que a seguir se apaga

Frio esplendor do fogo de artifício antes da cinza completa,

Trovão máximo sobre as nossas cabeças, por onde

Se sabe que a trovoada, por estar [...], decresceu.

Viro-me para o passado.

Sinto-me ferir na carne.

Olho com essa espécie de alegria da lucidez completa

Para a falência instintiva que houve na minha vida

Vão apagar o último candeeiro

Na rua amanhecente de minha Alma!

Sinal de [..]

O último candeeiro que apagam!

Mas antes que eu veja a verdade, pressinto-a

Antes que a conheça, amo-a.

Viro-me para trás, para o passado, não [visiono? ];

Olho e o passado é uma espécie de futuro para mim.

Mestre, Alberto Caeiro, que eu conheci no princípio

E a quem depois abandonei como um espantalho reles,

Hoje reconheço o erro, e choro dentro de mim,

Choro com a alegria de ver a lucidez com que choro

E embandeiro em arco à minha morte e à minha falência sem fim,

Embandeiro em arco a descobri-la, só a saber quem ela é.

Ergo-me em fim das almofadas quase cómodas

E volto ao meu remorso sadio.

Álvaro de Campos - Livro de Versos . Fernando Pessoa. (Edição crítica. Introdução, transcrição, organização e notas de Teresa Rita Lopes.) Lisboa: Estampa, 1993. - 27a.

sábado, 16 de maio de 2015

Estela, Estrela


Ele olhou-se no espelho analisando-se, avaliando-se, encorajando-se. Ajeitou a roupa mais uma vez. Colocou seu melhor perfume. Tirou a máscara e saiu no meio do bloco sendo ela mesma. 
(Waleska Zibetti, in "Estela, Estrela")

sexta-feira, 15 de maio de 2015

INTERNET - Vício bom?



por Gabriella Lima

Até quando a internet interfere em nossas vidas?
Como controlar os vícios e o bloqueio mental que aos poucos ela nos fornece?
São algumas das várias perguntas que fazemos desde que a substituição dela em vários campos de nossas vidas, seja social, literário e emocional aconteceu.
Quem nunca deixou de fazer alguma atividade em casa para ficar vidrado no Skype, que já foi ICQ, MSN, com amigos reais e irreais? (Irreais)?? Amigos virtuais, meus caros.
Quem nunca deixou de assistir na TV algum clip ou um filme espichado no sofá, com os amigos/família desde que o Youtube surgiu? Ou, quem nunca deixou de ir a biblioteca fazer pesquisa da escola/faculdade ou de comprar um livro porque você já consegue ler tudo em iPads e notebooks?
Isso é bom? É ruim? Ou é moderno demais?
Claro que as respostas são claras, pois tudo que é feito com desequilíbrio  nos prejudica em algo.
Num passado não tão distante eu tive problemas com esta ferramenta, a Internet.
Depois que eu conheci várias “Rafaelas” por ai, ela acabou surgindo em forma de livro.
Aprendi com a personagem que viver lá fora é muito mais real e as ansiedade são menores.
Esses dias estava hospedada na casa de uma irmã que tem um filho de 5 anos e por alguns momentos eu quase deixei de sair com ele para andar de bicicleta para ficar sentada em frente ao computador, praticamente sem rumo. Havia algum tempo que eu não tirava férias, e muitas coisas estavam desatualizadas. Num espaço de 3 horas consegui colocar meus textos em ordem e comunicar com os leitores que deixam comentários e e-mails.
O garoto me chamou com impaciência para que saíssemos logo. Por um breve momento eu quase estourei, mas depois pensei nas coisas que aprendi sobre os vícios.
Desliguei o computador e fui sentir o ar lá fora.
Na manhã seguinte houve um quase resquicio.
Estávamos fazendo tarefinhas da escola quando o MSN gritava por meu “nome”.
Desconectei da conta e fui dar atenção ao garotinho, afinal, não quero que ele cresça com a visão de que a máquina vem em primeiro lugar.
Agora deixo essas questões para vocês refletirem.
Comentem, me deixe sua opnião. Debater sobre temas assim fazem com que alguma coisa na “rede” valha a pena.
Os segundos passam voando. Ou você usa isso para seu benefício, ou...

quinta-feira, 14 de maio de 2015

A Espera



Era uma flor que esperou por muito tempo. E o dia se fez noite. E a noite virou dia. E a flor esperou e esperou no jardim. No final do terceiro dia, quando ninguém ressuscitou, sozinha a pobre flor no meio do jardim chorou. 

(Waleska Zibetti, in "A Espera")

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Melancolia



II
Ah o crepúsculo, o cair da noite, o acender das luzes nas grandes cidades
E a mão de mistério que abafa o bulício,
E o cansaço de tudo em nós que nos corrompe
Para uma sensação exacta e precisa e activa da Vida!
Cada rua é um canal de uma Veneza de tédios
E que misterioso o fundo unânime das ruas,
Das ruas ao cair da noite, ó Cesário Verde, ó Mestre,
Ó do «Sentimento de um Ocidental»!
Que inquietação profunda, que desejo de outras coisas.
Que nem são países, nem momentos, nem vidas.
Que desejo talvez de outros modos de estados de alma
Humedece interiormente o instante lento e longínquo!
Um horror sonâmbulo entre luzes que se acendem,
Um pavor terno e líquido, encostado às esquinas
Como um mendigo de sensações impossíveis
Que não sabe quem lhas possa dar...
Quando eu morrer,
Quando me for, ignobilmente, como toda a gente,
Por aquele caminho cuja ideia se não pode encarar de frente,
Por aquela porta a que, se pudéssemos assomar, não assomaríamos
Para aquele porto que o capitão do Navio não conhece,
Seja por esta hora condigna dos tédios que tive,
Por esta hora mística e espiritual e antiquíssima,
Por esta hora em que talvez, há muito mais tempo do que parece,
Platão sonhando viu a ideia de Deus
Esculpir corpo e existência nitidamente plausível.
Dentro do seu pensamento exteriorizado como um campo.
Seja por esta hora que me leveis a enterrar,
Por esta hora que eu não sei como viver,
Em que não sei que sensações ter ou fingir que tenho,
Por esta hora cuja misericórdia é torturada e excessiva,
Cujas sombras vêm de qualquer outra coisa que não as coisas,
Cuja passagem não roça vestes no chão da Vida Sensível
Nem deixa perfume nos caminhos do Olhar.
Cruza as mãos sobre o joelho, ó companheira que eu não tenho nem quero ter.
Cruza as mãos sobre o joelho e olha-me em silêncio
A esta hora em que eu não posso ver que tu me olhas,
Olha-me em silêncio e em segredo e pergunta a ti própria
— Tu que me conheces — quem eu sou...

Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993). - 160.