terça-feira, 31 de março de 2015

Quem Nunca... - Leitura do livro "Adultério" de Paulo Coelho (Parte Dois)


Vamos continuar a viajar pelo livro de Paulo Coelho?

“Apenas a noite me apavora. O dia que não me dá nenhum entusiasmo. 
As imagens felizes do passado e as coisas que poderiam ter sido e não foram. 
O desejo de aventura jamais realizado.
 O terror de não saber o que acontecerá com meus filhos.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Tanto para ver, viver e sentir e a gente se afunda na porcaria de ideia de casamento. Malditas mães que nos fazem crer que a felicidade está nessa porcaria de aliança. Quando nos damos conta da realidade perdemos nossas vidas, nosso tempo, perdemo-nos e o pior, acabamos com medo de recomeçar, porque de certa forma o recomeço passa por caminhos já conhecidos. É tudo igual, mas camuflado.

“Imagino que algumas pessoas passam anos deixando a pressão crescer dentro delas,
 sem nem ao menos notarem,
 e um belo dia qualquer bobagem faz com que percam a cabeça. 
Então dizem: “Chega. Não quero mais isso. ””
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Qual foi a última gota que mudou minha vida? Não sei. Mas por muito tempo criei e recriei a cena onde agarraria a minha liberdade e fugiria de encontro a mim. Quando chegou a hora eu tive medo, mas não desisti, saí o mais firme que pude com tudo de são que ainda existia. E foi uma luta diária seguir resistindo a vontade de voltar. Até que a cabeça se livra da dependência do passado e começa a valorizar o presente e idealizar o futuro.

Será que, entre todos os homens do mundo, 
fui me casar com o único absolutamente perfeito? 
Não bebe, não sai à noite, não tem um dia para estar só com os amigos. 
A vida dele se resume à família.
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Talvez eu tenha me casado com um homem perfeito. Talvez isso é que tenha feito tudo ficar chato do fim das contas. A perfeição é cansativa e rotineira. Eu nunca me coloquei como perfeita, Graças a Deus! E tenho uma desconfiança tremenda de que se diz muito correto. Acho que todo mundo que bate no peito se chamando de “justo”, “leal”, etc., tem podres escondidos que escandalizariam o mundo. Gosto do errado, porque ao lado desses sei exatamente o que encontrarei e o risco de frustração torna-se quase zero. 

“A tragédia alheia sempre ajuda a diminuir nosso sofrimento”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Sem comentários.

“Parece que minha alma está lentamente deixando meu corpo 
e indo para um lugar que desconheço, um lugar “seguro”, 
onde não precise aturar a mim e a meus terrores noturnos.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
E foi assim que meus textos, ganharam uma formatação intimista e nostálgica. Criei diversos universos onde eu pudesse me esgotar, me multiplicar, me experimentar. Ouso e viajo dentro de mim e enquanto faço isso ignoro por completo as cobranças e os rótulos com que me presenteiam todos os dias.

“A comida fica sem gosto, o sorriso, em contrapartida, 
alarga-se ainda mais (para que não desconfiem),
 a vontade de chorar é engolida, a luz parece cinza.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Dias e dias cinza. Isso é tudo que eu contemplava quando finalmente a casa silenciava em sono e eu podia ter algum momento comigo. Onde tinha ido passear o sol? Eu sabia, no fundo, que a chuva era em mim. Mas daí a admiti-lo iria uma longa caminhada. Ainda tenho dias cinza, as vezes. Mesmo depois do divórcio, mas aprendi a abrir a porta e dançar na chuva. O que fez tudo ficar mais fácil.

“Eu me engano com muita facilidade”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Isso é preciso, querido. É preciso buscar um, porque para jogarmos na cara dos conceitos enraizados em nós. É preciso tapar a moral com mentiras justificáveis. É preciso não admitir claramente o desejo escondendo-o numa coisa menos nociva aos olhos da sociedade.

“Consegui transgredir as regras 
e o mundo não desabou na minha cabeça! 
Faz tempo que não me sinto tão feliz assim.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)

Será que é tão errado assim “pular a cerca”? Para nós mulheres, a primeira resposta que vem a cabeça é “sim”, mas se querem saber, hoje não vejo assim. Eu deveria ter “pulado” primeiro. Deveria ter vivido as oportunidades da minha juventude. Contudo, ainda acreditava em ser uma esposa fiel e mãe amantíssima. Fazer o que, né?
“As grandes mudanças acontecem com o tempo”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Passava longas horas perdidas em meus pensamentos imaginando o que deveria ser mudado no meu casamento para que ele falisse de vez. Quem deveria mudar ou se adaptar?Levou um longo tempo para eu finalmente entender que ninguém deveria mudar porque num casamento o que se precisa é uma dose generosa de compreensão e outra de aceitação. E adaptar-se também não é o caminho. É preciso encaixar-se  confortavelmente na situação. E nem ele e nem eu estávamos dispostos a isso.

“As almas penadas têm essa incrível habilidade de se reconhecerem 
e se aproximarem, multiplicando suas dores.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Ih, sei bem como são esses encontros! Alguns chamam de dedo podre. Eu não fui diferente encontrei várias almas penadas e fui encontrada, mas depois começamos a nos livrar delas quando vamos encontrando novos propósitos para nossas vidas. Essas pessoas gostam de ficar lamentando-se. São chatas de galocha!  Se você não assumir a mesma postura, elas não agüentam e caem fora rapidinho.  

“A vida está voltando a ter graça, 
porque a apatia de antes é substituída pelo medo. 
Que alegria ter medo de perder uma oportunidade!”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Quando se está à beira do caos qualquer peça que se encaixa é um alívio enorme. Nasce uma ponta de esperança de que algo mudará o estado incomodo em que nos encontramos por algum sentimento intenso e urgente que trará novos sabores as nossas vidinhas insanas. Medo , desejo, paixão qualquer um será melhor que o marasmo.

“Quando crianças, aprendemos que, se choramos, 
recebemos carinho; se mostramos que estamos tristes, recebemos consolo. 
Se não conseguimos convencer com nosso sorriso, 
seguramente convenceremos com nossas lágrimas. 
Mas já não choramos 
– exceto no banheiro, quando ninguém está nos ouvindo – 
nem sorrimos – só para nossos filhos. 
Não demonstramos nossos sentimentos 
porque as pessoas podem nos julgar vulneráveis e se aproveitar disso. 
Dormir é o melhor remédio.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Fechar os olhos para vida e se imaginar em outro lugar, fazendo outras coisas. Chorar não resolve nem convence. Todo mundo vai dizer que é frescura. Só você sabe o  mal, o peso das coisas dentro de você. Então essa coisa de infelicidade , insatisfação, solidão, marasmo, apatia tudo tem que ser resolvido de dentro para fora. Não há palavra mágica que cure isso mergulhe em si, duele consigo e descubra onde está seu câncer.

“Mas faz alguns meses que ando triste.
- Não foi o que achei. Acabo de comentar que está mais alegre.
Claro. Minha tristeza se tornou rotina, ninguém percebe mais.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Quando a crise no meu casamento começou, eu passava tempo olhando meu ex-marido na distância. Queria ver para onde tinha ido aquele garoto que me fazia umedecer só de sentir seu cheiro. Ele tinha envelhecido. Eu também envelheci. Pensava que eu, provavelmente ele também, fazia o mesmo. Como pôde acontecer de na convivência perdermos a “intimidade”, esse contato com a essência do outro? A gente fica superficial para o outro. E de repente está lá um abismo separando o que antes era um bloco uno e sólido.

“Não é apenas uma corrida para se exercitar.
 É saber que existe uma linha de chegada 
e que não se pode desistir no meio.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
“Não desista!” às vezes é preciso repetir centenas de vezes até se convencer de que largar tudo e fugir não diminuirá em nada o problema. Pode ser até que ocasione outros ainda piores e maiores como mágoas e rancores. Enfrentar a situação é sempre o melhor caminho. Romper com a situação se for o caso, mas fazê-lo de forma consciente de modo que os danos sejam os menores possíveis para si e para os outros.

“Você não escolhe sua vida: é ela que o escolhe. 
E se o que lhe foi reservado são alegrias ou tristezas, 
isso está além da sua compreensão. Aceite e siga em frente.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Penso que a coisa de destino como infalível, invariável e fatal, deixa a vida muito monótona e sem propósito. É preciso acreditar em opções, oportunidades e, claro, consequências. Parte do nosso amadurecimento vem dessa experiência de lançarmo-nos em nossos desejos ora colhendo louro da vitória ora superando-nos diante de uma derrota.  

“Meu amor me pertence e sou livre para oferecê-lo 
a quem eu bem entender, mesmo que não seja correspondida.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Amar é sentimento dolorido porque não há garantias de que será perfeito. A culpa da frustração que acompanha algumas histórias de amor é dessa maldita mania de procurar príncipes e princesas por aí. Não existe isso. O(A) seu(sua) parceiro(a) é um ser humano então deixe claro para você que ele(a) pode fazer algo que lhe desagradará. E quando isso acontecer não terá fada que te salve. Logo, sente e converse. Assim vocês se acertarão. Se tudo falhar mude de parceiro(a).

“É interessante lutar por um amor não correspondido.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)

É interessante. Mas pode ficar chato pra caraca. Então, antes de embarcar numa dessa é importante ter certeza de que vale a pena e, principalmente, se você é forte o suficiente caso as coisas não saiam como o planejado. 
(Waleska Zibetti)

[Continua...]



segunda-feira, 30 de março de 2015

Então Crescemos e o Guarda Roupa existe, Nárnia - Parte II

"Acho que, se a gente pudesse correr sem nunca se cansar, nunca mais iria querer parar. Mas às vezes existem razões muito especiais para se parar." 
[...]
“A voz, profunda e generosa, teve o efeito de um calmante. Ficaram alegres e animados, não mais perturbados por estarem ali sem dizer uma palavra.”(pg. 159)
(C.S. Lewis, As Crônicas de Nárnia, Livro II - O Leão, A Feiticeira e o Guarda-Roupa)

Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia são quatro crianças que foram morar na casa de um velho professor porque estava acontecendo uma guerra em Londres. A casa desse professor é muito antiga e cheia de quartos vazios ou quartos que ainda não foram “descobertos” e durante uma expedição nesses quartos, as quatro crianças entram um cômodo onde existe apenas uma guarda roupa velho e apenas Lúcia se interessou por ele e foi verificar essa tal antiguidade.


Lúcia encontra um guarda-roupa que dá passagem a um outro mundo, chamado Nárnia.
Ela resolve entrar no guarda roupa e acaba descobrindo um mundo onde o inverno é para sempre e nunca chega o natal, com faunos, anões, animais falantes, guerreiros, um leão Rei e uma feiticeira. Quando Lúcia volta ela percebe que o tanto de tempo que ela passou nesse novo mundo não durou nem um segundo no mundo dela, seus irmãos acabam não acreditando nela, mas depois durante uma fuga os quatro acabam entrando no guarda roupa e é aí que a história realmente começa.
A princípio os irmãos da menina não acreditam nela e com a ajuda de Edmundo - o irmão mais encrenqueiro e ganancioso de todos -, a descrença fica ainda maior. Somado isso, temos o fato de que o tempo em Nárnia e no nosso mundo são totalmente diferentes. Você pode passar anos ou dias nessa Terra, sendo que aqui tenha-se passado minutos ou mesmo segundos. Como explicar o pequeno lapso de tempo que você ficou fora trazendo tantas aventuras?
Quando todos foram para Nárnia, Lúcia, Susana e Pedro fizeram muitos amigos, já Edmundo não pois, quando chegou a Nárnia foi aprisionado pela feiticeira. Todos os amigos que as duas meninas e o menino fizeram os ajudaram a salvar Edmundo. Agora, os quatro irmãos foram ao encontro de Aslan porque, para salvar Nárnia da ira da feiticeira teriam que matá-la, e Aslan os esperava com um exército.
Com muitas dificuldades e com muita ajuda também conseguiram derrotar a feiticeira! Assim, Lúcia, Edmundo, Susana e Pedro se tornaram reis e rainhas de Nárnia.
Publicado em 1950, mas escrito em meados de 1940, é o primeiro e mais conhecido livro da série. Apesar de ser o primeiro livro a ser publicado, é na verdade o segundo na ordem cronológica dos acontecimentos.

Bem vindos a mais uma aventura!!!
 
Até o próximo texto
Au Revoir
 

domingo, 29 de março de 2015

Quem Nunca... - Leitura do livro "Adultério" de Paulo Coelho (Parte Um)




Já li alguns livros de Paulo Coelho e sempre me encanto com a maneira que ele tem de “falar comigo”.
Com esse romance foi um pouco diferente vivi uma “Relação de Amor e Ódio” com a heroína da trama. Ora me identificando ora a constatando ora deixando-a na mais completa indiferença.
Paulo Coelho tentou tocar em pontos muito delicados em um relacionamento: rotinas e suas conseqüências. De certa forma ele conseguiu. Numa escala de zero a dez, daria oito ao livro.
De qualquer forma fica aí o resultado das reflexões de minha leitura.
Boa Viagem!


“Toda manhã, quando abro os olhos 
para o que chamam “novo dia”, 
tenho vontade de fechá-los outra vez 
e não me levantar da cama. Mas é preciso”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Quantas vezes pedi a Deus que tudo se transformasse em silêncio ou que o tempo parasse para não ter que encarar o dia além do meu quarto. Há dias em que é difícil acreditar em “recomeço”. Em certas fases a vida fica inteiramente vestida de “ontem”.

“- Não tenho o menor interesse em ser feliz. 
Prefiro viver apaixonado, o que é um perigo, 
pois nunca sabemos 
o que vamos encontrar pela frente”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
A minha felicidade passa pela paixão. Preciso estar apaixonada para me sentir impulsionada para o amanhã. E o objeto da minha paixão pode ser um livro ou um homem. Não importa! O que importa é que me tire o sono e alguns suspiros. 

“Não dou nenhum passo em falso, 
porque sei que posso estragar tudo.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
É preciso conhecer-se para não cair em armadilhas. É preciso experimentar a vida, mas não permitir que ela nos experimente, roubando-nos de nós em frustrações e decepções.

“Imagino que paixão seja para os jovens 
e a ausência dela deve ser normal na minha idade. 
Não é isso que me apavora.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Há uma idade para a paixão? Isso me parece sandice! A paixão para mim é um sentimento inspirador e não há idade para inspirações chegarem. Há? O que creio ser diferente é a compreensão desse sentimento. Com o tempo sabemos que a paixão passa e vira cada coisa qualquer. Sabemos que ela é um sentimento livre e não faz questão de ficar por muito tempo. Logo, é preciso vivê-lo intensamente, esquecendo-se do amanhã. Amanhã é um tempo pertinente ao amor. Para a paixão temos o hoje. 

“Algumas pessoas dizem que, 
à medida que o verão se aproxima, 
começamos a ter idéias meio esquisitas, 
nos sentimos menores porque passamos mais tempo ao ar livre 
e isso nos dá a dimensão do mundo. 
O horizonte fica mais distante, 
além das nuvens e das paredes de casa.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Sou verão. Sou amplitude. Sou além dos muros. Sou consciência de um mundo mais amplo.



“Quando chega a noite e ninguém está vendo, 
eu me apavoro por tudo: 
a vida, a morte, o amor e a falta dele, 
o fato de todas as novidades estarem virando hábitos, 
a sensação de que estou perdendo os melhores anos da minha vida 
em uma rotina que irá se repetir até que morrer 
e o pânico de enfrentar o desconhecido, 
por mais excitante e aventureiro que seja.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Absurdamente eu no fim do casamento. E tudo ia parar em anotações, versos e, fatalmente, lágrimas.

“Morro de medo de que meu marido acorde e pergunte: 
‘O que está acontecendo, meu amor?’ 
Porque eu teria que responder que está tudo bem. 
Pior seria – como já aconteceu duas ou três vezes no mês passado – 
se assim que nos deitássemos ele resolve 
pôr a mão na minha coxa, 
subi-la devagar e começar a me tocar. 
Posso fingir orgasmo 
– já fiz isso muitas vezes -, 
mas não posso simplesmente decidir ficar molhada”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Fazer amor me parece a pior nomenclatura que se pode dar ao sexo. É como se amor pudesse ser determinado pela quantidade de intensidade da transa. Transei tantas vezes sem querer no meu casamento que meu ex deve ter pensado que eu o amaria eternamente. Patético!”

“Não posso rejeitá-lo por duas noites seguidas 
ou ele acabará procurando uma amante, 
e não quero  perdê-lo de jeito nenhum.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
A ingenuidade feminina é fantástica. Hoje eu sei disso! Nossas mães nos ensinam que é preciso saciar nossos homens para ter um casamento duradouro. Sacanagem! Homem procura amante porque é parte do ser homem. Graças a Deus hoje está mudando isso e as mulheres sabem que casamento é duradouro o quanto deve ser. E não é determinado pelo sexo. É todo o conjunto que forma uma relação. 

“Manter o mesmo fogo depois de dez anos de casamento
 me parece uma aberração. 
E cada vez que finjo prazer no sexo, 
morro um pouco por dentro. Um pouco?
Acho que estou me esvaziando mais rápido do que pensava.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Sem comentários

“Afirmam que o sexo no casamento só é prazeroso mesmo 
nos primeiros cinco anos e que depois disso, 
é preciso um pouco de “fantasia”. 
Fechar os olhos e imaginar que seu vizinho está em cima de você, 
fazendo coisas que seu marido jamais ousaria. 
Imaginar-se sendo possuída por ele e por seu marido ao mesmo tempo, 
todas as perversões possíveis e todos os jogos proibidos.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Absolutamente Verdade!

“Entretanto, depois de determinada idade, 
é importante fazer coisas irrelevantes para passar o tempo, 
mostrar aos outros que nosso corpo ainda funciona bem.”
(Paulo Coelho, “Adultério”)
Eu tenho medo da velhice inútil que passa o dia vendo TV e fofocando. Tenho medo da limitação que me ataria a um outro pela dependência. Se fosse possível só amadurecer, eu preferiria, mas o corpo vai junto se arrastando. Essa merda de invólucro patético que aprisiona almas libertárias como a minha.

“E de repente, sem nenhuma explicação razoável, 
entro no chuveiro e caio em prantos. 
Choro no banho porque assim ninguém pode escutar 
meus soluços e fazer a pergunta que mais detesto ouvir: 
“Está tudo bem com você?””
(Paulo Coelho, “Adultério”)

Deus, quantas vezes fiz e faço isso! Me escondo no banho para ter um pouco de direito a fragilidade. Há momentos que tudo que peço é o silêncio e um abraço morno onde me desligo de tudo. Mas tudo tem um preço. O abraço não seria me dado de graça. O silêncio não existe quando há jovens em casa. Então, entro no chuveiro e tento apagar o redor com a cabeça embaixo da água. 

sábado, 28 de março de 2015

PUTA QUE PARIU!

O SUMIÇO DA CHAVE
Uma crônica por  Gabriella Gilmore

(Dedico esta crônica a Angélica Farias, Suzana Barbi e a minha chefe querida, sucesso, luxo toda.)








O despertador toca as 7am em ponto. 
Eu acordei 6:58.
Ainda morceguei por dois minutos, antes de escutar a música da Ashley Simpson me animando para mais um dia de trabalho.
“Hoje vou tomar café no trabalho”. Pensei.
Lavei o rosto, liguei The Veronicas no meu palm treo, comecei a recolher meus materiais da faculdade para por tudo na mochila antes de sair, vesti o Jeans e lembrei de checar as chaves do trabalho. Quando fui conferir na mochila, cadê elas?
“Não é possível”. Murmurei.
Olhei em outros lugares aonde costumo deixá-las, e nada.
Respirei fundo e fui tentar refazer a minha noite passada, quando as peguei pela última vez.
“Maldição! Deve ter caído no jardim quando fui destrancar minha bicicleta”.
Peguei a mochila, vesti uma blusa de frio e fui correndo verificar.
Pulei o portão quando alguém me grita:
- O que você está fazendo?
- Estou sem as chaves, preciso ver se as deixei cair aqui na grama ontem a noite.
- Está querendo roubar a escola?
- Oh meu senhor! Eu trabalho aqui.
- E você entra no seu trabalho arrombando o portão?
*&%%#%¨&¨%&&@ 
Bati o portão na cara do velho e sair correndo para a faculdade.
“Só pode ter caído lá no estacionamento. OH CÉUS!!!”
Corri 4 km a fio, mentalizando a chave lá no chão, perto as infinitas folhas do fim de inverno.
Não encontrei.
“Ok Gabriella. Pode pirar.” Arregalei os olhos. “ Ah, vou no achados e perdidos!”
(FF >>>>>>>) Adiantando a fita.
Não encontrei.
“Droga. Agora tenho que falar para minha chefe que as perdi. Meu Deus! Agora vamos ter que trocar as fechaduras e ainda será descontado no meu salário, claro, a culpa é exclusivamente da minha mente mofada.” Meus olhos foram enchendo d’água.
Pedalei novamente sentido colégio Ibituruna e me preparava pelo sermão.
Tive uma LUZ!!!
“Vou pedir as chaves dela emprestada, falando que deixei as minhas na minha gaveta. Pelo menos vou ter mais um tempinho para pensar em algo.”
Cheguei na portaria e pedi para falar com a Adriana urgentemente. 
“Adriana Maria. Favor comparecer à recepção”.
Aquela voz nasal me fez rir. Era a secretária anunciando a chefe no rádio.
Minha chefe desceu branca. Com certeza ela deve ter pensado que alguém deveria ter roubado a escola. Por sorte, não foi isso. “Sorte nada. A chave estava por ai, perdida, ao léu, sentindo frio ou nas mãos de estranho”. Eu pensava e pensava...
- O que aconteceu fina? 
- Então, calma. Não consigo encontrar minhas chaves. Devo ter as deixado na gaveta. Você trouxe a sua?
(FF >>>>>>>>>>>)
Corri léguas e léguas, ansiosa para encontrar as malditas lá na minha gaveta.
E acredita que elas estavam lá??
Aff, como disse a Angélica: a gente só deixa para pensar no óbvio quando acha que já está tudo perdido.

sexta-feira, 27 de março de 2015

A Casa de Carlyle e Outros Esboços (Virginia Woolf)



A Casa de Carlyle e Outros Esboços (Virginia Woolf)

1-     Nota Biográfica

Adeline Virginia Stephen nasceu em Londres em 25 de janeiro de 1882. Estudou e recebeu educação em casa, teve acesso ilimitado à biblioteca do pai; sempre pretendeu ser escritora.

Em 1895, sua mãe morreu inesperadamente, e logo depois Virginia sofreu o primeiro colapso nervoso; a partir de então e pelo resto de sua vida ela passou a ser atormentada por períodos de doença mental. Em seguida à morte de seu pai, ocorrida em 1904, os quatro irmãos Stephen órfãos mudaram-se para Bloomsbury, onde sua casa transformou-se no centro do que veio a ser conhecido como o Grupo de Bloomsbury.

Virginia terminou seu primeiro romance, The Voyage Out, em 1913, mas o grave colapso que sofreu logo em seguida adiou sua publicação até 1915.

Em Richmond, Virginia escreveu seu segundo romance, Noite e dia (1919). Em 1920, Virginia começou seu terceiro romance, O Quarto de Jacob (1922). Em seguida vieram Mrs. Dolloway, Passeio ao Farol e As Ondas, e esses três romances fixaram-na como uma das principais escritoras do movimento modernista. O romance Os Anos veio a público em 1937, e ela havia mais ou menos terminado sua última obra,  Entre os Atos, Quando incapaz de enfrentar mais um ataque de doença mental, afogou-se no rio Ouse em 28 de março de 1941.

2-    Eu e o livro

Esta é uma coletânea de sete esboços de Virginia Woolf e nem por isso torna-se de fácil leitura. A complexidade e intensidade dessa escritora é algo que nos atinge com força ímpar o mais íntimo de nós. É impressionante como ela consegue deixar tudo no campo quase real. Onde cada emoção pode ser quase tocada ou sentida como nossa.

Por que lê, então? Porque Virginia me leva para longe da mesmice de alguns autores. Ela tem poder de observação aguçada, quase brutal. Ler Virginia é se confrontar é encarar preconceitos típicos de uma época ou da própria escritora. Ela é uma escritora sem meio termo. Por isso, não gosto da visão “boa menina sofredora” que construíram para ela no filme “As Horas”.

Tal como eu olho o mundo, penso em Virginia como uma menina cruel gosta de chocar com suas crenças, achismos e verdades. Sempre que é posta em xeque por amigos ou desconhecidos. Se paga um preço? Se paga. Mas quem se importa? É divertido oras!

Ela não é linear, a meu ver. E isso me encanta. O estilo dela faz com que sua escrita seja quase um passeio por ruas “espantosas”. Ela não é para um leitor comum. Acho que para ler Virginia é preciso ser um pouco Virginia. E isso pode ser apaixonante para uns ou simplesmente detestável para outros.

3-    Os Trechos



“A casa é iluminada e espaçosa;
mas é um lugar silencioso,
que demanda muita imaginação
para que se possa vê-lo com vida novamente.”
(Virginia Woolf, in “A Casa de Carlyle e Outros Esboços”)

No primeiro esboço encontramos uma Virginia mergulhada nos próprios pensamentos. O relato é de fevereiro de 1909 quando Virginia ainda solteira  visita os Carlyle. E embora seja a terceira vez ela descreve como se tudo fosse uma grande novidade.


“Quando está em silêncio, pensa –
seus  olhos se fixam em um ponto”
(Virginia Woolf, in “A Casa de Carlyle e Outros Esboços”)


O segundo esboço chama-se “Miss Reeves” e é referência a Amber Reeves figura conhecida politicamente entre os estudantes de Cambridge. Uma mulher sedutora a quem Woolf compara a uma serpente. Mostrando seu lado malicioso com as palavras quando se refere aos seres humanos.

“Eles desejavam a verdade,
e tinham dúvidas se uma podia dizê-la ou encarná-la.
Achei isso corajoso da parte deles; mas insensível.”
(Virginia Woolf, in “A Casa de Carlyle e Outros Esboços”)

O terceiro esboço de título “Cambridge” é uma narrativa um tanto quanto irônica, a meu ver. Quando ela analisa outra ocasião onde se sentira excluída do grupo que agora a cercavam admirados.

“Mulheres que trabalharam, mas não se casaram,
vêm a ter uma aparência peculiar; requinte, sem sexo;
evidente, com uma tendência para a austeridade.”
(Virginia Woolf, in “A Casa de Carlyle e Outros Esboços”)

O quarto esboço fala do encontro entre Virginia e Janet Case – grande amiga de Woolf. O mais suave dos sete esboços do livro.

“Muito se lê e ouve falar a respeito dos grandes salões franceses;
e são sempre declarados extintos como dodôs,
embora o que seja esta coisa que está extinta,
isto não sei.”
(Virginia Woolf, in “A Casa de Carlyle e Outros Esboços)

O quinto esboço é o fechamento da conferência dos “Old Bloomsbury” onde Virginia relembra. Uma Lady Ottaline com quem ela costumava falar sobre sua tristeza. São trechos caprichosa e carinhosamente descritivos sobre a amiga.

4-    Conclusão


Ainda há mais dois esboços antes do livro chegar ao fim tão simples quanto começou. Só que agora estou preenchida de lembranças especiais dessa escritora que, na minha opinião é maravilhosamente elegante, ferina e louca. 
(Waleska Zibetti, in "A Casa de Carlyle e Outros Esboços (Virginia Woolf)"

quinta-feira, 26 de março de 2015

Modus operandis poético


Estou começando a gostar desse lance de luta.
Quando mais porradas, mais vontade tenho de reagir.
Ondas, pedras, mar em fúria, cansaço, lágrimas escorrem do rosto do Poeta.
A fome é mais digna do que alimentar-se de migalhas e meias-coisas.
Aos poucos, descortina-se o mistério, o propósito e o sonho.
Grandes são os desertos, Pessoa, muito embora a vontade de chegar seja mais profunda do que o vermelho que tinge meus sangue e minhas vestes.
Cor que atiça minha Utopia faminta.
Tenho medo das coisas que desejo ou penso: quando a elas agarro-me, vencer, talvez seja, o caminho inevitável.
Teus braços unem-se aos meus numa corrente.
Podemos desatar, eu andaria mais ligeiro, tu chegarias depressa a teu destino, contudo solitária minha vida seria, a tua, menos barulhenta.
O teu ombro alivia as saudades e reverbera desejos de regresso.
Agora, pois, tenho para onde voltar depois da guerra de máquinas, engenhos de camisa branca e Pietros Pietras que alimentam-se da energia vital dos operários.

quarta-feira, 25 de março de 2015

Evolução




Eu entendo que algumas pessoas não creem em Deus. As vezes é difícil diante do que acontece ao nosso lado acreditar que haja um Deus de justiça. Mas eu acredito que há sim. Eu só não entendo porque as pessoas que não acreditam, não me permitam acreditar.

Eu entendo que algumas pessoas amam de forma diferente da minha. Uns amam só a Deus, outros só a si, há os que amam o do mesmo sexo, há quem ama o de sexo diferente, há os que só amem animais, há os que amam a todos. Só não entendo como pode haver quem não ama ninguém.

Eu entendo que haja felicidade e que muitas pessoas no mundo são felizes com menos do que eu tenho. Que há quem sorria mesmo em estágios terminais nos hospitais. O que não entendo é porque as pessoas não respeitem a minha tristeza ser muitas vezes maior que a minha felicidade.

Eu entendo muitas coisas e muitas coisas não entendo, mas fico em silêncio tentando entender, ao invés de ir por aí apontando dedo e falando coisas sem saber o fundo de tudo aquilo. 

É que penso que sou diferente da  maioria porque tento, ao menos tento me pôr no lugar das pessoas. Há tantos pedidos de socorro escondidos na loucura, tanta falta de abraço escondida no amargor, tanta solidão na desesperança, tanto grito na solidão. Se ao menos as pessoas parassem um minuto para sentir o outro... Um único minuto para ser o outro... Uma doação de si por ao menos um minuto. Ah, o mundo poderia ser melhor.

Porque eu entendo que o mundo é um lugar para se ser melhor.Não melhor que o outro, mas melhor para o outro e pelo outro. Então, por que insistem tanto em enfeiar o mundo? Eu queria entender essa gente que enfeia o mundo por puro prazer. Só para dizer para essa gente que pode ser diferente. Porque eu já fui dessa gente que amargamente julga e hoje sou dessas pessoas que docilmente ama.
(Waleska Zibetti, in "Evolução")

terça-feira, 24 de março de 2015

Formigas - UMA MENTE COLETIVA?



Individualmente, uma formiga é uma criatura bastante limitada. Mas, e em grupo as formigas formam uma mente coletiva? Afinal de contas, em termos genéticos, um formigueiro é quase um organismo, no qual a rainha vive com milhões de filhas. E todos esses olhos e bocas estão ligados como células cerebrais em uma rede de interações capaz de reagir ao mundo com uma inteligência afiada.
Observe uma trilha de formigas e verá que elas esbarram o tempo todo umas nas outras, parando para tocar as antenas. A cada vez, trocam informações sobre o que estão fazendo. Então, seus minúsculos cérebros aplicam algumas regras bem simples. Se uma formiga achar que quase não encontra outra que tenha a mesma tarefa que a dela (ou se encontrar muitas fazendo a mesma coisa), mudará seu comportamento. Logo, da manutenção do formigueiro à procura de alimento, as formigas se espalham por seu território, fazendo o que precisa ser feito, como se a colônia, como um todo, fosse consciente.
Deborah Gordon, da Universidade de Stanford, estuda formigas-cortadeiras no deserto do Arizona, e descobriu que as colônias tornam-se mais inteligentes à medida que amadurecem. Mesmo crescendo um número, uma colônia mantém o tamanho de seu território, criando assim uma rede de interações que se torna cada vez mais densa e inteligente. Ao gerar problemas bloqueando as trilhas de busca de alimento ou desarrumando o formigueiro com palitos de dente, Deborah descobriu que colônias maduras reagiram mais rapidamente e com maior segurança. Colônias mais jovens demonstraram um comportamento errático, como se não soubessem bem como reagir. As colônias mais velhas também haviam descoberto uma forma de se relacionar com colônias vizinhas. Se as trilhas de busca de alimento um dia se cruzassem, no dia seguinte as formigas seguiriam no sentido oposto. Porem, colônias adolescentes sempre voltavam ao local em busca de briga.
A evidência sugere que há uma espécie de inteligência coletiva em atividade em uma trilha de formigas. Como uma mente humana, a trilha “conhece” o mundo.


Créditos: Reader’s digest (Maximize o potencial do seu cérebro)