quarta-feira, 25 de março de 2015
Evolução
Eu entendo que algumas pessoas não creem em Deus. As vezes é difícil diante do que acontece ao nosso lado acreditar que haja um Deus de justiça. Mas eu acredito que há sim. Eu só não entendo porque as pessoas que não acreditam, não me permitam acreditar.
Eu entendo que algumas pessoas amam de forma diferente da minha. Uns amam só a Deus, outros só a si, há os que amam o do mesmo sexo, há quem ama o de sexo diferente, há os que só amem animais, há os que amam a todos. Só não entendo como pode haver quem não ama ninguém.
Eu entendo que haja felicidade e que muitas pessoas no mundo são felizes com menos do que eu tenho. Que há quem sorria mesmo em estágios terminais nos hospitais. O que não entendo é porque as pessoas não respeitem a minha tristeza ser muitas vezes maior que a minha felicidade.
Eu entendo muitas coisas e muitas coisas não entendo, mas fico em silêncio tentando entender, ao invés de ir por aí apontando dedo e falando coisas sem saber o fundo de tudo aquilo.
É que penso que sou diferente da maioria porque tento, ao menos tento me pôr no lugar das pessoas. Há tantos pedidos de socorro escondidos na loucura, tanta falta de abraço escondida no amargor, tanta solidão na desesperança, tanto grito na solidão. Se ao menos as pessoas parassem um minuto para sentir o outro... Um único minuto para ser o outro... Uma doação de si por ao menos um minuto. Ah, o mundo poderia ser melhor.
Porque eu entendo que o mundo é um lugar para se ser melhor.Não melhor que o outro, mas melhor para o outro e pelo outro. Então, por que insistem tanto em enfeiar o mundo? Eu queria entender essa gente que enfeia o mundo por puro prazer. Só para dizer para essa gente que pode ser diferente. Porque eu já fui dessa gente que amargamente julga e hoje sou dessas pessoas que docilmente ama.
(Waleska Zibetti, in "Evolução")
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