Por Gabriella Gilmore
"O caso não está no ceco, nem no rim, mas na vida e...
na morte. Sim, a vida existiu, mas eis que está indo embora, embora, e eu não
posso detê-la. Sim. Para quê me enganar? Não é evidente para todos, com exceção
de mim, que estou morrendo, e a questão reside apenas no número de semanas, de
dias, talvez seja agora mesmo? Existiu luz, e agora é a treva. Eu estive aqui,
e agora vou para lá! Para onde?"
"Eu não existirei mais, o que existirá então? Não
existirá nada. Onde estarei então, quando não existir mais? Será realmente a
morte? Não, não quero. "
"Para quê? Tanto faz . A morte. Sim, a morte. E nenhum
deles sabe nem quer saber, e nem lamenta isso. Ocupam-se de música. Para eles, tanto faz, mas também eles
hão de morrer. Bobalhões. Eu vou primeiro, eles depois; hão de passar pelo
mesmo que eu. E no entanto, estão alegres. Animais!"
Essas são as palavras de Ivan dialogando consigo mesmo,
quando a realidade finalmente começou a escancarar-se para ele.
Mesmo "merecendo" todo o desprezo familiar e
social, ele sentia conforto em saber que a qualquer momento, as pessoas ao seu
redor também teriam o mesmo destino.
Obviamente cada um terá a morte que merece, e como disse Wal
em uma de nossas conversas, o leito de morte passa a ser menos doloroso quando
temos ao redor pessoas que nos amam, que nos apoiam e que farão de tudo para
aliviar nosso sofrimento.
Ainda não conclui a leitura, mas creio que voltarei com
algum desfecho sobre o que aprendi com a morte de Ivan Ilitch.
Até breve.
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