Pois é, Gabizinha! Há dois tipos de solidão: aquela que
queremos porque é necessário um reencontro conosco, uma busca por
respostas interiores, resoluções de conflitos particulares; e outra que
provocamos quando afastamos de nós quem nos ama, quando nos isolamos nas
imbecilidades do mundo, quando nos esquecemos de olhar para o mundo com olhos
humanos.
Acredito que no primeiro tipo de solidão, Deus nos acolha
com seus braços seguros e nos sussurre palavras de fé, esperança e força.
Acredito que anjos façam roda em volta de nós e nos cantem deliciosas canções enoquianas para nos trazer
paz e nos inspirar a tal luz interior. Creio seriamente que é nesse momento que
todos nós voltamos a um ventre mágico para renascermos mais consciente de nossa
importância no plano astral. Essa solidão é abençoada e, portanto benigna.
A segunda solidão é dolorida e doentia. Ela começa por
adoecer a alma. Esgotando a luz de nossas auras. Afastando-nos dos seres iluminados
que nos protegem. Quando isso acontece, eu acredito que os espíritos inferiores
se aproximam e aos poucos vão dominando o nosso redor. Eles atingem as nossas
vidas inicialmente com coisas bobas como mau humor sem razão, depois em
explosões de choro, até que se transforme em males físicos como gastrite ou, em
casos mais graves, até o câncer. Destruído o corpo, resta a mente. Eu vejo a
loucura como total dominação desses espíritos ruins. Eles nos cobrem com sua
escuridão e começa a ficar difícil ver o caminho de volta a luz, a fé a
esperança, a uma vida saudável na presença dos protetores, dos mentores espirituais.
Contudo, Gabizinha, Deus não desiste de nós. E haverá sempre
alguém que nos ama. Alguém emanando orações. Para o Ivan foi o empregado. Para você
tem seus amigos – estou no meio deles. Para mim tem meus filhos – e você é um
deles.
É claro que a morte chegará para todos. Porém, para uns será
só uma transição, um momento de libertação desse casulo corpóreo, um momento de
reencontro com os que já se foram. Para outros será um momento de
aprisionamento porque ou não entenderão que se foram ou simplesmente não aceitarão
a ida. De tudo isso, o importante é que não nos esqueçamos de viver, de sermos felizes e de fazermos felizes quem está ao nosso lado.
Fé e luz para ti, anjinho ranzinza!
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