terça-feira, 27 de maio de 2014

Vida de Adulto

                                       

“Só se é jovem uma vez...”, já ouviu isso, Gabizinha? Pois, então, saiba que isso é muito verdadeiro. A juventude é um perfume bom que vem em vidro pequeno. E a gente nem se dá conta do quanto é bom até que ele não exale mais do nosso próprio corpo. Contudo, pequena, posso lhe afirmar que o cheirinho especial da vida adulta é do seu modo muito atraente. Tão atraente que por vezes, anula o tal perfume jovial para destacar-se entre os outros. O que quero que você entenda é que cada fase da vida é uma com suas virtudes e seus defeitos.

Agora lá vai o puxão de orelha. Segura aí! Você não está engrenando na leitura porque encasquetou de ser Ivan que nada tem de Gabi. Você é dessas, sabia? Desfaz o bico! Estou te olhando. Senta aí e cale a boca.

Todos nós estamos morrendo. A cada segundo a vida nos rouba um suspiro de vida. Mas não é por isso que vamos chafundar no canto do mundo questionando a que horas será a partida. Você Gabi – Você também leitor! – está VIVA. Então, levanta o buzanfão daí e vá viver! Viver para fora de si. Tira o olho do umbigo e olhe o sol, a lua, a chuva... a vida!

A morte só seduz porque usa vestido longo preto elegantíssimo. Eu tenho certeza que a morte veste Gucci e calça Louise Vuitton. O que seduz na morte é a ideia de um beijo que abre o portal para o desconhecido, o inimaginável, o próximo passo... Somos criaturas curiosas e o slogan “O que vem depois?” vendido pelas crenças de uma existência post mortem faz os lobos jurarem-se de cordeiros no fim da vida na esperança vã de uma “salvação”.

Cansaço faz parte do viver. Tem hora que tudo fica igual. Fica cinza. Fica um saco. Mas sabe o que se tem que fazer? Mudar! Já viu o filme “Curtindo a vida a doidado”? Aquele filme é a chave do viver bem. Aí você me dirá “Fácil dizer, Wal!”. Pois vou lhe confessar que há dias que digo a todos que saí e tranco tudo, desligo o celular e fico quietinha comigo me curtindo o dia inteiro de camiseta e calcinha, comendo porcaria, sem pentear cabelo, sem sapatos... Como já teve dia de eu sair para trabalhar linda no salto e simplesmente descer no meio do caminho e passar o dia olhando loja, andando a toa, curtindo um dia diferente... Descontaram meu dia, mas e daí? Foda-se! Naquele dia eu precisava ser livre!!!

Está aí! O que falta para vocês é o “foda-se” ligado. Essa teclazinha embutida em todos nós, mas que raramente conseguimos acionar porque temos inconscientemente uma origem masoquista. Deixamos as coisas nos atingirem, permitimos que o mundo nos escravize. Não estou aqui apregoando que devamos viver numa realidade cômoda. O que estou dizendo é que de nada também nos adianta tentar atingir coisas que estão muito além do alcance se isso custar nossa saúde, humor, felicidade... Vale a pena lutar tanto pelo “ter” se o fim disso for igual ao de Ivan? Velho, solitário, frustrado, mal-amado... um estorvo. Não teria sido melhor se ele tivesse plantado alguns sorrisos em seu caminho? Alguns abraços sinceros? Se tivesse se entregado de corpo e alma a sua família de vez em quando?

A vida adulta só é chata para quem foi criança chata, adolescente chato e o pior é que esse chato vai se tornar um velhinho chato também. Eu fui uma criança feliz. O pouco que vivi com meu pai, ele aproveitou para semear em mim jardins inteiros de esperança, ilusões, sonhos... E era lá, que na ausência dele, eu me escondia para continuar a conviver com a gente ruim que me cercava sem me permitir ser contaminada por eles. Hoje sou adulta, posso ou não conviver com essa gente, eu escolho. No caso do inevitável, quando o social me obriga estar perto deles, eu me refugio nos mesmos canteiros para não perder o contato com minha luz interior.

Se eles me fazem chorar? Fazem sim! Magoam-me sim! Machucam-me sim! Mas não conseguem me perfurar tanto a ponto de eu dizer que a vida é ruim, que ser adulto é ruim. Porque eles optaram a viver nesse mundo adulto pesado e escuro. Eu não. Eles optaram a se envenenar na ambição, no preconceito, na frivolidade. Eu não. Eles me vampirizam sim. Mas ainda há em mim luz suficiente para me curar deles e desse mundo adulto chato que você diz aí. Sinto muito, Gabi. Sei que você vai ficar triste com o que vou dizer: ser adulto só é chato para quem não soube crescer.

Contudo, ao som de Pitty lhe digo: “Guarde os pulsos pro final... Exercita a consciência...”. Você ainda é jovem. Você ainda tem tanto para fazer. Você só precisa querer. Mude! Liberte-se! Não tenha medo dos sofrimentos que fatalmente você passará. Não se pode fazer uma revolução com luvas de seda, já nos disse tão sabiamente Stalin. Examine-se. Enxergue-se árvore e pode seus galhos ruins para que cresça outros fortes que lhe renderão bons frutos. Depois... Depois... Depois será como tem que ser. Não é isso que chamam de destino. Então, deixe o destino tomar o seu rumo.

Bom, vou nessa de Titãs... “Devia ter arriscado mais e até errado mais, ter feito o que eu queria fazer... O acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído...”.


Até!!!


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