Os Miseráveis é
uma obra literária de Vitor Hugo de 1862 contando uma história que se passa na
Revolução Francesa. A obra mostra a sociedade francesa sem o glamour e
paparicos como sempre são mostrados. Mas não falarei sobre o livro (até porquê
não o li ainda). Falar-vos-ei (adoro isso) da ópera que saiu do livro. Com
música de Boublil e Schönberg a ópera de “Os Miseráveis” é uma das produções
que entrou para história do teatro e do cinema mundial.
Quero deixar
claro que em alguns momentos citarei partes da ópera e usarei a forma em
inglês, não para aparecer, mas para permitir que procurem na internet e vejam
como se apresenta.
Início
A ópera começa
com vários presos trabalhando num tipo de mina, gritando uns para os outros
para manterem seus olhares baixos e não olhar para os guardas. Em determinado
momento chega o Inspetor Javert (meu personagem favorito) e chama o preso
24601, Jean Valjean. Explico-lhes que na trama Valjean é o protagonista e
Javert é seu arqui-inimigo. Javert dá a Valjean uma carta que o permite uma
condicional. Nessa condicional Valjean conhece um bispo que o dá esperança,
mostrando-lhe as palavras de Deus. Valjean se vê um novo homem e foge,
quebrando sua condicional.
Nesse início
vemos que os presos eram tratados como escravos quando Valjean diz “I know the meaning of those nineteen years
a slave of the law” (Eu sei o significado desses dezenove anos como um escravo
da lei). Outro aspecto é que ele passa os dezenove anos preso porque tentou
fugir algumas vezes. O crime de Valjean foi roubar uma casa, pois sua irmã
passava fome, mas depois de preso ele tentou fugir e de cinco anos ele aumentou
para quase vinte. Depois, quando Valjean vai trabalhar antes de conhecer o
bispo, que os presos são vistos como seres inferiores e “sujos”, pois ele
recebe menos que uma pessoa normal, justo porque ele esteve preso. “You broke the law, it’s there for people to see. Why should you get the
same as honest men like me?” (Você quebrou a lei, está lá para as
pessoas verem. Por que deveria ganhar o mesmo que pessoas honestas como eu?)
Essa é a fala de um comerciante para qual Valjean trabalha, essa condição é
repetida até hoje. Eis que ele conhece o bispo que o abriga, dá-lhe comida,
água e um pouco de dinheiro, mas Valjean tenta passar a perna no bispo e
trazido de volta pelos soldados para poderem prender-lo, mas o Bispo defende o
prisioneiro, mas o adverte que a partir de então Valjean deveria se tornar um
homem honesto, pois Deus o havia tirado das trevas e o bispo havia comprado a
alma dele para Deus (by the witness of
the martyrs, by the Passion and the Blood, God has raised you out the darkness.
I have bought your soul for God). Nesse momento Valjean decide ir
embora e mudar de vida (Valjean’s Soliloquy – “Jean Valjean is nothing now, another story must begin”)
Passam-se dez
anos: Valjean foge e se torna prefeito de uma cidade e dono de uma fábrica,
Javert persegue-o, mas com o tempo esquece e começa, sem saber, a trabalhar na
mesma cidade que ele. Na fábrica de Valjean os trabalhadores aguardam o
pagamento que é mínimo e para piorar, Fantine uma mãe solteira que mandou sua
filha morar com outras pessoas para ser cuidada, precisa de um aumento, pois
sua filha está doente e quase morrendo. Mas Fantine se recusa a deitar com os
capangas da fábrica. Uma das moças da fábrica começa uma briga com Fantine e
Valjean impede a briga, mas toda a fábrica se volta contra ela e, por fim, ela
é demitida da fábrica, neste momento é cantada a ária mais conhecida dessa peça “I Dreamed a Dream”. Sem emprego
e precisando manter a criança ela vira prostituta para poder continuar mantendo
a menina.
Nos dias de
hoje isso acontece, mulheres que se prostituem para salvar suas crianças que
foram abandonadas pelo pai, como Fantine e Cosette foram. Então vem um monte de
gente dizer que ela escolheu a forma de ganhar dinheiro fácil (creio eu que não
é nada fácil) e lhes mostrarei o porquê.
Fantine fica
doente. Mas continua seu trabalho e um homem a chama, mas ela o nega. Os dois
brigam e Javert aparece, o homem diz que Fantine o atacou e que ele, “inocente
pobre coitado”, não teve nada a ver com isso. Javert prepara-se para prendê-la.
Fantine implora a Javert, que é irredutível e cruel, ela conta sobre a filha. “... save your breath and save your tears. Honest work, just reward,
that’s the way to please the Lord” (…poupe seus suspiros e lágrimas. Trabalho
honesto, recompense justa, este é o caminho para os favores do Senhor). Valjean
intercede por Fantine e reconhece seu rosto, mas não sabe de onde e pede a ela uma
forma de ajudá-la, mas ela se sente ferida por Valjean dispensa-o “Monsieur, don’t mock me now, I pray. It’s hard enough, I’ve lost my pride. You let your foreman send me away.
Yes, you were there and turned aside…” (Senhor, não zombe de mim, implore. É
difícil demais eu ter perdido meu orgulho. Você deixou seus capatazes me
mandarem embora. Sim, você estava lá e se virou). Valjean, atordoado pelo o
que tinha feito, tenta mudar a situação e a leva para o hospital, para o
espanto de Javert.
Um acidente
acontece e uma carroça cai em cima de um homem, Valjean por ser novo e forte o
ajuda e tira o rapaz debaixo da carroça. Javert fica impressionado e
desconfiado com a força do “monsieur le
Mayor” (assim se referia ao prefeito). Valjean fica assustado e se lembra
de seu passado (Who Am I).
Valjean perguntasse se ele pode dizer quem é. Valjean perguntasse quem ele é. E
por fim assume: “Who Am I? I’m Jean Valjean. And so, Javert, you see it’s true. This man bears no
more guilt than you. Who am I? 24601” (Quem sou eu? Sou Jean Valjean.
Então, Javert, você vê a verdade disto. Este homem não pode mais suportar mais
culpa do que você. Quem sou eu? 24601)
Já morrendo,
Fantine sonha com sua filha. Valjean, então, chega até ela e promete-a que
cuidará da menina Cosette. Como último pedido Fantine diz “for God’s sake, please stay till I am sleeping and tell Cosette I love
her and I’ll her when I wake” (Pelo amor de Deus, por favor fique (Valjean) até
eu estar dormindo e conte a Cosette que eu a amo e a verei quando acordar). Antes
que Valjean saia do hospital Javert, já consciente da verdadeira personalidade
do Prefeito, vem para prendê-lo. O prisioneiro implora para que Javert o deixe
ir, pois ele precisa cuidar da criança e promete que voltará para cumprir sua
dívida, mas Javert como sempre, se mostra impiedoso. Esse combate é apresentado
pela ária Confrontation.
Valjean, então, empurra Javert e foge atrás de Cosette.
Cosette é uma
doce menina que mora com o Senhor e Senhora Thénardier, dois canalhas de marca
maior, estaleiros de pior qualidade e caráter. Cosette não é muito bem tratada
e vive como uma escravinha do casal. Perdoem-me minha falta de decoro, mas o
casal Thénardier são personagens que podem entrar no hall da fama dos
personagens desprezíveis. De todas as óperas, filmes, séries, livros e desenhos
animados os Thénardier conseguem superar quase todos. São mais covardes que o
Rabicho de Harry Potter, mais falsos
que o Bispo da França dos Três
Mosqueteiros, mais hipócritas que o Padre de O Corcunda de Notre Damme, entre outros adjetivos que eu não posso
dizer.
Voltando a
história. Cosette sonha com um lugar onde ela será amada e onde não tem que
trabalhar como chama seu “Castle on a
Cloud”. Enquanto isso o Sr. Thénardier engana e rouba seus hóspedes,
quando este se diz o “Master of The
House”. Valjean chega à hospedaria e diz que vai levar Cosette embora,
mas que pagará por ela, para ressarcir os gastos que o casal teve com a menina.
O casal tenta convencer Valjean a não levá-la, mas ele já está decidido, até
porque viu a menina sofrendo no frio. Depois que Valjean consegue libertar
Cosette eles vão embora para Paris. Agora acrescente mais dez anos à história.
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