sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Resposta Para o Texto “Mude a sua vida ou você vai ficar aí parado?”


 

Bruneca, seu texto de hoje mexeu comigo. Estou nessas fases da vida onde tudo fica ou chato ou esquisito. Mas a vida tem dessas fases onde nós nos estranhamos ou os outros nos estranham. Acho que é o momento de fechar um ciclo para começar outro.


Então, vamos lá por parte!

Eu por várias vezes tentei mudar. Transformar-me algo mais fácil de se adaptar ao mundo, mas foi inútil e eu vivia me cobrando e sofrendo. Então, um amigo hinduísta me disse que ninguém muda essência. Aprendemos a dominá-la, mas não mudamos. Eu não posso dizer que a partir daí eu sofri menos, mas o sofrimento não doía mais tanto. Algo se acalmou e eu não me preocupava mais em me adaptar ao mundo. Passei a valorizar mais está perfeita em mim. E esse sentimento é confortável e satisfatório para mim.

Você lembrou a letra de Oswaldo Montenegro e essa letra é de se ouvir de tempos em tempos e perceber que a lista nunca será a mesma. Mas isso não é ruim de fato. É sinal que nós não somos mais os mesmos.  Ter a consciência de que acordaremos amanhã moldados pelo hoje é acreditar que o futuro pode ser bem melhor, porque as mudanças são perceptíveis. Acho que a esperança nasce dessa consciência.
Se eu tivesse que responder as perguntas propostas no seu texto, acho que seria assim:

1-
Quantos mistérios que você sondava?  Tudo era mistério para mim. E ainda o é. Pois sou criatura curiosa e com grande necessidade de vivenciar tudo. Mesmo aquilo que sei que não levará a nada. Eu preciso provar.

2- Quantos você conseguiu entender? Eu achei poucas respostas e fatalmente todas me levavam a outra ainda mais complexa. E com o tempo a certeza que tinha é que viver é experimentar todos os dias algo novo mesmo dentro de uma rotina.

3- Quantos segredos que você guardava?
Muito menos do que eu ainda guardo. Acho que vim acumulando segredos ao longo desses 43 anos. Porque sou uma pessoa que se reserva demais por ter medo de gente. Medo do que as pessoas são capazes de fazer as outras por prazer, inveja ou crueldade.

4- Hoje são bobos ninguém quer saber?
São bobos até para mim. Mas ainda querem saber com certeza. Porque saber do íntimo do outro, para alguns, é como ter poder. É como dar uma arma na mão de alguém para ele uma hora ou outra atirar contra você.

Na minha adolescência eu ficava horas olhando no espelho no fundo dos meus olhos. Algo nos meus olhos me incomoda até hoje. Mas hoje eu sei o que é. É de lá que meu eu mais íntimo vem me contar as novidades dos meus mundos interiores. Dizem que dentro de nós há dois lobos, não é? Por mais que eu alimente o meu lobo bom todos os dias, o lobo mau se alimenta junto. E, de vez em quando, a fera se agita impaciente dentro de mim querendo sair. Ainda bem que consigo controlá-lo ainda! Talvez só o faça porque não o nego. As pessoas tendem a negar os seus monstros e ele se aproxima sem que eles os percebam. Eu tenho consciência do meu, então me mantenho vigilante sempre.

Nunca me preocupei com os que me rodeiam. Porque acredito que podemos neutralizar o meio em que vivemos se formos fiéis a nós. Só me machucam os que eu por algum motivo permito que me machuquem. Minha relação com a mulher que me criou é assim: sei que ela não me ama, não tento mais ser amada por ela, embora eu a ame e ela me fere porque eu não mato meu amor por ela. Eu fiz a escolha de amá-la apesar de tudo. Entende?

Dez anos é muito tempo! Eu aprendi a viver vinte e quatro horas de cada vez. E tudo que tenho e realizo deve ser para essas vinte e quatro horas. Então, tenho que viver bem e realizar tudo com zelo. Por isso, digo sempre que sou uma borboleta. Viva e plena por vinte e quatro horas.

Eu li a sua lista. Tive preguiça de fazer uma. Vou usar a sua, está bem?

Queria ser cigana. Não deu! Casei-me com meu primeiro amor e com ele o mais longe que fui foi Vila Velha no Espírito Santo. Mas sozinha fui à Londres, Évora, Avalon, Oz, País das Maravilhas. Ele era estreito. Eu sempre me ampliei. Felicidade é feita de pequenas gotas. São dias, horas... Mas nunca passa disso. É preciso o contrário para se dar valor aos dias bons. Nunca tive muitos amigos. Até hoje, amigos de verdade, conto numa mão. Acho que é esse meu jeitão escorpião que põe as pessoas para longe. Sei lá! Não vou melhorar como pessoa. Não tento mais. Sou mãezona. Mães dos meus e dos filhos dos outros. Eu adoro ser mãe!!! Queria uma casa lotada de amigos, parentes, pessoas indo e vindo sempre. Mas minha casa é vazia. Não fico triste. Se é assim é porque em algum momento eu fiz algo para que seja assim. Tenho meu jardinzinho de vasinhos simples e sou feliz com ele. Algumas pessoas riem comigo outras riem de mim. Mas sou do tipo que inventa as próprias histórias e ri delas sozinha. Então, rir é de menos. Eu quero alguém que me surpreenda. Alguém que se dê a mim pelo seu melhor. O medo faz parte da vida, então, ter medo não me perturba.

Acho que consegui tudo que planejei. De uma forma ou de outra. Estou amadurecendo meu eu. Evoluindo. Mudando. Vivendo. Ficar parada não dá, mas vou conforme a vida me leva. Experimentando tudo pelo caminho. Com certeza de que um dia, em alguma esquina, eu me perderei de todos vocês. Não nos veremos mais, mas tenha certeza que eu, do meu modo, estarei feliz.

Beijos,


Waleska Zibetti.  

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