quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Apologia ao racionamento de água



Uma crônica de Gabriella Gilmore


De frente para seu bar, o dono lavava o chão tranquilamente.

- Me desculpe o comentário, mas eu não vejo ‘vida’ ai. Comenta uma jovem encostada numa árvore enquanto descascava sua maçã.
O senhor sem entender, fez um som com a garganta que pareceu um rosnado e perguntou: Do que está falando minha jovem?
- Dessa água toda que o senhor está desperdiçando. Se fosse um jardim, até te entenderia, mas o chão? Ainda mais com essa ameaça em que estamos vivendo sobre não ter mais água potável no futuro…
- E vou deixar o bar sem limpar? Não dá para receber clientes com o ambiente sujo.
- Eu sei, mas amanhã quando o senhor não tiver mais essa água ai nem para beber, serão dois problemas: a sujeira e a sede. Credo. Realmente não quero estar aqui.
- Olha só, eu acho muito bonito uma moça tão jovem com essa mentalidade filosófica, mas deixe-me trabalhar.
- Ok. Como o senhor quiser.

(…)

- Quer saber? Todo mundo lava a calçada, seus carros e coisas assim, por que EU tenho que economizar?
- Rá!! Sabia que iria questionar isso. Mas pensa bem, se todos continuarem pensando assim, com o umbigo, o amanhã vai chegar mais depressa, e ai? CO-MO-FAZ?
- Você tem razão. Disse ele desligando a torneira e pegando uma vassoura para continuar limpando o lugar. E agora que somos dois com esse seu "racionamento", acredita que teremos força para economizar mais?
- Vou te contar um segredinho. Disse ela se aproximando. Só basta você influenciar mais uma pessoa. A corrente faz o resto.
- De onde veio essa garota? Ele se perguntou.

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