“Os sonhos
da juventude,
São os
pesadelos da maturidade”
(William Hjortsberg, in “A Lenda”)
Eu fiz promessas
que não cumpri, Bruna! Penso que na mesma proporção que também fizeram a mim. Promessas
de amar para sempre e de nunca esquecer. Mas o Amor é um senhor que, as vezes, esquece
de casa e que troca de nomes. E houve amores que viraram carinho, amizade,
saudade. E o Nunca é uma terra formada de corredores com grandes portas. De
repente abrimos uma e nos perdemos por aí só nos dando conta de que esquecemos
quando não sabemos mais o caminho de volta.
Quando eu
tinha vinte e dois, eu jurei “Até que a morte nos separe”. Acordei numa manhã
de março e um cadáver empestiava a sala com cheiro de traição. A morte
finalmente tinha acabado com a minha jura e eu enterrei dezessete anos de mim
em algumas malas que foram se amontoando na varanda.Eu tive mais tempo que os
protagonistas para o adeus. Mas ter mais ou menos tempo diminui o sofrimento
que há na lágrima que pontua o fim de uma relação?
“O que esperar da vida e suas artes dos
encontros?”, você nos pergunta. Lembrou-me Vinicius: “A vida é arte do encontro,
embora haja tanto desencontro pela vida”. Tudo que podemos fazer é
esperar que haja uma próxima vez, uma próxima chance, uma próxima página... E
se vierem novos desencontros, esquecimentos, partidas... Que não nos falte,
então, caneta, folha e inspiração para abortarmos as dores em poemas e canções.
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