terça-feira, 29 de abril de 2014

Para Cada Tempo Uma Viagem



Você vai ser sempre bem vinda
para ficar um tempo,
ou para sempre se quiser.
 (David Nicholls, in “Um Dia...”)

Gabriella, minha linda, nada que envolva viver é fácil de classificar como isso ou aquilo. E cada um se protege da maneira que dá. Uns mergulham de cabeça em serviço, em estudo, em  relações perigosas, em poesias... Cada um tem seu modo de lidar com as dores e perdas, risos e sucessos. E ninguém deve ser condenado por isso.

Eu tenho medo de esperar uma vida toda por alguém que idealizei. Então, vou experimentando pessoas. [Gargalhada] Não caia da cadeira! Não estou pregando promiscuidade. A promiscuidade é burra, sem qualidade e fria. Estou falando de correr o risco de ser feliz, mesmo que por alguns dias. Acho chato essa coisa de pensar que será “para sempre”, sabe? Já fui assim e não foi “para sempre”. Quer dizer, foi. Mas não esse para sempre de cabeça branquinha dividindo copo de dentadura. [Agora estou em crise de riso visualizando a cena] Foi o “para sempre” de Vinicius, aquele do “enquanto dure”. Durou... E acabou para começar o “Era uma vez” de novo.

Uma vez escutei alguém dizer que as pessoas só fazem conosco o que permitimos que elas façam. Se você se permite parar na vida por alguém é porque quer. E pensando dessa maneira é que não me queixo da minha dedicação ao meu ex-marido. Fiz o que tinha que fazer. Só não faço de novo porque hoje sou outra mulher. Tenho uma visão mais ampla do mundo que a menina patética que casou naquela época. É isso! Eu era uma menina, hoje sou mulher.

Infelizmente, Gabi, algumas mulheres não querem crescer. Envelhecem, mas se mantém Cinderelas a janela sem notar que o sapato de cristal está rachado e não cola mais. Eu não quero mais ser Cinderela! Eu gosto de ser loba má porque me divirto muito com caçadas e posso alternar a presa entre um bonezinho vermelho e um vovô. [Hahahaha...] Experimentar gente é experimentar vida. Experimentar vida é me experimentar. Me experimentar é sempre prazeroso.

A vida tem prazeres para quem não se esconde em alegorias de uma vida perfeita. Todo casal peida a noite, sabia? Ninguém dorme a noite toda de mão dada e conchinha. Ninguém dorme a vida inteira em trajes sensuais.  Então, eu opto hoje por não ouvir ou sentir o peido de ninguém. E ter quatro travesseiros na minha cama que sempre estão dispostos a sentir minha perna por cima dele e meus braços a apertá-los. E a melhor coisa do mundo é dormir nua ou de camisola larga e furada. Quando quero uma noite diferente ligo para aqueles números especiais da agenda. Me preparo para uma noite de degustação.

Aí você virá com o papo de afeto, amor, carinho... Quem disse que não tenho? Quem disse que eles não têm por mim? Temos! Eu os respeito e eles a mim. Por isso alguns estão na minha agenda por anos. Eu sei da vida deles e eles da minha. Somos amigos antes de amantes. Conversamos por e-mail, Facebook, Whatsapp, Celular... O que não temos é o compromisso que cansa, que vira rotina, que aprisiona. Eu sou um pássaro que viveu vinte e um anos na gaiola. Hoje eu quero voar! E voar cada vez mais alto.  Quero ser águia!

Talvez eu sinta necessidade de ter um pouso certo novamente. E dividir copo de dentadura. Mas isso, já uma outra viagem, outra história, para um outro tempo, para uma Waleska que ainda não chegou.


Beijinhos!!! 

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