quinta-feira, 6 de março de 2014

Resposta Para o Post: "AOS TRINTA ANOS"



Quando eu fizer 15 anos... - era assim que eu pensava quando descobri que ter quinze anos era uma eca. Todo mundo me cobrava pelo que eu não estava pronta e tirava de mim os direitos de dúvida pertinente a idade com os "Você ainda não tem idade para isso!". Então, solitária em meu quarto eu suspirava entre as folhas de algum livro de Sidney Sheldon (autor muito popular entre as sonhadoras da década de 80) "Quando eu tiver 21..."

E quando os 21 chegou, eu já estava para me casar. Vai me criticar? Eu queria sair de casa e um marido era a chave da porta. Amor? rs... Amor veio com o tempo. E eu amei o meu ex-marido por aproximadamente 15 anos. Aí o casamento virou adolescente... E isso é uma outra história. Bom, cronologicamente fui mais aos 25 e depois aos 30. E aí...

Existe um clique mágico que é acionado na noite que dormimos com 29 para acordar com 30. É muito estranho, mas tudo fica diferente na manha dos 30. Eu me lembro que vesti branco, que teve festa e que em silêncio eu observava as pessoas ali. Era o começo do questionário complexo que viraria meus dias dali em diante. 


Era comum eu parar no espelho e me encarar por horas. "O que você quer?", essa pergunta vinha de uma mulher que habitava o fundo dos meus olhos. Eu não respondia. Eu não sabia ainda. Só sabia que eu precisava ouvir aquela mulher, buscá-la, trazê-la para mais perto de mim. E ela sussurrava convidativa "Você me quer?".

As mudanças de comportamento foram notadas e criticadas. Ridícula, estranha, louca, linda... Adjetivos amontoavam-se nos meus ouvidos. E a mulher cada vez mais sedutora me perguntava no espelho "O que você está esperando?". Noites intermináveis de pensamentos confusos e complexos eram cada vez mais comum. Tão difícil se encarar e descobrir que a vidinha perfeita era só um estado de comodismo. Eu queria mais, eu sabia que podia mais. Meu corpo inteiro pedia por mais. Mais do que? Essa era a grande dúvida.

Aos 35 anos, uma frase vinda de um estranho me fez ganhar coragem de ir atrás de mudanças. "Por que você não vive o que o teu olhar deseja?". Primeiro mudei a forma de encarar o casamento. E comecei a dizer "Não!". Foi bom demais! E do não que dei a sociedade, fiz o sim para mim. Vocês não podem imaginar o leque que se abriu a minha frente.

A mulher do espelho perguntou: "O que você quer?". E eu respondi: "Ser LIVRE!". E ela replicou: "Você me quer?". E eu não hesitei: "Sim!". E, ela sorriu corajosa e vitoriosa: "O que está esperando?". Aos 36 anos de idade, eu estava solteira outra vez. Livre! Assustada com o que faria dali para frente. Mas eu era livre!

Pele primeira vez na vida eu era Waleska Zibetti e não o que a sociedade ou família queria. Cada passo de minha vida seria por minha conta. Certo ou errado. Mas eu estava feliz. Vontade de correr cantando "The hills are alive with the sound of music...". A vida era assustadoramente nova, mas as possibilidades encantadoramente charmosas. E abracei todas que tive.

É possível ser feliz sem uma aliança. É possível se sentir pleno sem estar necessariamente carregando o sobrenome de um outro alguém. É humanamente possível viver sem chamar alguém de "marido".

Ainda fico, as vezes, acordada na madrugada pensando sozinha. Mas hoje as noite de insônia não me incomodam mais. Servem para ouvir uma pouco de boa música, ler, escrever e sentir que estou viva e feliz. Mas foram preciso mais de 30 anos para descobrir que para ser feliz eu precisava de MIM. 

(Waleska Zibetti)

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