segunda-feira, 31 de março de 2014

Casar ou não casar? Eis a questão!


Lembro-me de meus pais lendo para mim histórias de princesas e seus príncipes antes de eu dormir. Era comum eu sonhar com castelos, bruxas, torres e o tal Encantado. Era pequena ainda, mas a coisa ficava, sabe? Era uma espécie de lavagem cerebral diária onde a informação “O Príncipe é o caminho” repetia-se até que invadisse meu inconsciente e dominasse meus sonhos.

E o tempo passou e eu saí dos contos de fada para conhecer outros autores. Ainda não tinha uma visão literária como tenho hoje e menos ainda senso crítico, então, aos 13 e 14 suspirei apaixonada lendo Sidney Sheldon. O príncipe estava lá, mesmo que sem cavalo e capa e com pequenos defeitinhos.

Graças a Deus cresci! Não conheci o tal príncipe, mas casei com algo que parecia perto de algum tipo de nobreza na época. Também, sejamos francos, eu não era nem de longe uma princesa. Então, tudo estava dentro de um parâmetro confortável. Amor? Bom, naquela época eu achava que sim. Amor era facilmente confundido com calores em certas partes e algumas crises de choro ao som de Bee Gees. Contudo, havia um envolvimento que permitia querências típicas como ficar ao lado, não se ausentar por muito tempo, trocar informações do dia a dia. Hoje vejo mais como “ausência parental”. Explico-me: meus pais separados, minha mãe não tinha diálogo comigo, meu padrasto era um saco. Eu vivia num universo só meu e do tal “semi-príncipe”. E um pensamento inocente alerta: identifico-me com ele, logo o amo. A juventude é inocente, e o pesadelo da maturidade. Mas enfim...

Casei-me aos 22. Foi bom! Foi dentro do esperado. Embora confesse que por algumas vezes pensei nos dragões e lobo maus que conheci ao ver o meu príncipe roncando ao meu lado. Noites insones inspiram pensamentos nem sempre produtivos. Fiquei 17 anos casada oscilando entre “Eterno enquanto dure” e “Acaba logo pelo amor de Deus”. Até que acabou. Bom, não é disso que é para falar. Voltemos ao ponto...

“O casamento é uma necessidade?”, você perguntou. Não! O casamento é um estágio da vida que pode ser perfeitamente ignorado. “E quando se deve casar?” – você deve estar se perguntando. Case-se quando a vida lhe assinalar que é a hora. Ainda que o juízo aponte riscos. Case-se quando você pensar que a vida com aquela pessoa pode ficar melhor, mesmo na incerteza. Case-se e pronto! Só não se case porque está ficando velha, porque as pessoas estão cobrando, porque vai ficar para “titia”, porque quer alguém que a sustente.

Ficar velha é algo natural. Pague uma aposentadoria privada, tenha boa alimentação e prepare-se para uma velhice saudável e segura. Casamento não é INSS para garantir a sua aposentadoria.  As pessoas estão incomodas porque você não tem um namorado? Dê a elas um gato e mande que elas cuidem das sete vidas dele ao invés da sua.  Está ficando para titia? Seja uma tia maneira! Vá ao cinema com os sobrinhos, jogue videogame com eles, curta essa galerinha que é incrível de se conviver quando nos disponibilizamos a entendê-los lembrando que fomos como eles.

Se não esquecer que casamento não é refúgio, é compromisso; não é obrigação, é decisão; tudo dará certo. O importante é agir com consciência para não entrar no arrependimento. E amar, amar, amar... e quando possível, amada ser.

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